RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (6) que é muito importante que o sistema de pagamentos instantâneos Pix permaneça sob gestão pública. Segundo ele, a tecnologia desenvolvida pelo BC traz segurança, sendo estratégica e crítica para o Brasil.
“A gente ouve muita discussão sobre o que vai acontecer com o Pix. Como já foi dito, é muito importante que o Pix permaneça, e vai permanecer, como infraestrutura pública digital que foi desenvolvida pelo Banco Central”, afirmou Galípolo.
“Se a gente tivesse qualquer tipo de incumbente sendo gestor do Pix, vocês imaginam o conflito de interesse que a gente poderia ter a cada decisão de incluir ou retirar um participante do sistema”, acrescentou.
As declarações ocorreram durante palestra no Rio de Janeiro. O presidente do BC participou do evento de tecnologia Blockchain Rio 2025.
“O fato de o Pix permanecer como infraestrutura pública dentro do Banco Central configura uma rodovia onde todo mundo pode colocar o seu carro, desde que siga as regras”, disse Galípolo.
As afirmações vêm um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), se manifestar sobre o mesmo tema. Haddad declarou na terça (5) que a privatização do Pix está fora de cogitação, ao comentar a ofensiva do governo Donald Trump contra o Brasil por meio de tarifaço e investigação comercial.
Um dos alvos da apuração aberta pelo USTR (escritório do representante de comércio dos EUA) é o Pix.
Na justificativa da investigação, o órgão americano cita o sistema como possível prática desleal em relação a serviços de pagamentos eletrônicos.
O presidente do BC fez as declarações sobre o Pix após afirmar que a sociedade vive um momento no qual as discussões muitas vezes são “capturadas” por versões que tentam se sobrepor aos fatos.
“Nenhuma tecnologia é boa ou ruim por si só. Ela vai ser boa ou ruim em função do emprego que você está dando a ela”, disse Galípolo.
De acordo com o economista, o Pix produziu bancarização ao incluir brasileiros no sistema financeiro. Ele se referiu ao modelo como um “sucesso”.
Segundo dados apresentados pelo presidente do BC, o uso de cartões de débito, crédito e pré-pago acelerou após a entrada em vigor do Pix, em 2020.
“O que elimina qualquer ideia de rivalidade ou que um estaria canibalizando o outro”, afirmou Galípolo.
Conforme a apresentação do economista, o Pix tem 858 milhões de chaves registradas. São 159 milhões de pessoas e 15 milhões de empresas usando o sistema, de acordo com o mesmo documento.
O presidente do BC deixou o evento no Rio sem dar entrevista à imprensa.