BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Eleito presidente do PT, o ex-prefeito Edinho Silva defende o lançamento da candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas eleições de 2026, em São Paulo, seja para o Governo ou para o Senado.
Edinho, que assumirá o PT em agosto, diz que o presidente Lula precisa de um palanque “muito” forte no estado de olho na reeleição, frisando o advérbio. Na avaliação de Edinho, “nenhum quadro pode se abster de cumprir missão partidária” diante da perspectiva de um embate duro nas eleições do ano que vem.
“Não sei a que Haddad tem que concorrer, mas vou defender que ele concorra. Penso que os melhores quadros têm que estar na disputa eleitoral de 2026”, afirmou.
Edinho foi prefeito de Araraquara (SP), vereador, deputado estadual e ministro da Secretaria de Comunicação no governo da petista Dilma Rousseff (PT). Também foi coordenador financeiro da campanha de Dilma em 2014.
Ele classifica como um erro o PT ter definido a política econômica do governo de “austericida”, durante a gestão de sua antecessora e hoje ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Afirma que não existe governo vitorioso com o ministro da Fazenda derrotado.
“Isso foi um erro, é um erro e é um equívoco”, disse ele, ao ser questionado sobre o tema.
“O governo do presidente Lula será forte, será vitorioso, se o ministro da Fazenda for forte e for vitorioso. E nós temos muito espaço para conversar. Então prefiro que a gente trate as divergências internamente”, disse Edinho, embora descrevendo Gleisi como a maior dirigente da história do PT.
Ao responder sobre disputas dentro da equipe de Lula, apelidadas de “fogo amigo”, Edinho prega que todos os ministros, inclusive do centrão, defendam o projeto liderado pelo presidente. Segundo ele, é um equívoco quando interesses pessoais se sobrepõem à agenda do país.
“Quando é fogo, não é amigo, né? A gente tem que pacificar. O governo do presidente Lula não é um juntado de projetos pessoais, é um projeto para o Brasil. Os ministérios têm que estar submetidos a esse projeto nacional liderado pelo presidente”.
Edinho afirma que ministros não podem ser responsabilizados pela infidelidade nas bancadas em um cenário de poder do Legislativo sobre a execução orçamentária, herdado dos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Na opinião dele, “o presidencialismo de coalizão ruiu” e só Lula teria condições de liderar uma concertação para seu restabelecimento no país.
Questionado sobre a proposta do líder governista no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para a realização de um plebiscito sobre sistema de governo, Edinho diz que não de pode banalizar esse instrumento de consulta e recomenda um debate entre lideranças nacionais.
Mas admite: “Se a gente não conseguir superar esse impasse que nós estamos vivendo, talvez a melhor saída seja a organização de um plebiscito e a sociedade dizer se ela quer um país presidencialista ou parlamentarista”.
Declarando-se defensor do diálogo como instrumento de construção da política, Edinho defendeu, no entanto, os vídeos que o PT levou ao ar com críticas à derrubada do aumento de alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), decretado pelo governo para viabilizar isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000.
Segundo o dirigente partidário, o Congresso errou ao menosprezar a força do presidente e a sua capacidade de liderança. E uma derrota daquele tamanho exigiria uma reação.
O futuro presidente do PT ressalta que “o maior patrimônio do PT é o governo presidente Lula” e vai ser protegido. “E eu, na presidência do PT, não há um milímetro de chance disso mudar. O governo presidente Lula vai ser defendido e protegido todas as vezes que ele for atacado”, afirmou.
O ex-prefeito aponta como necessária uma discussão sobre o fim de privilégios no Brasil. De acordo com ele, o que o governo e o PT fizeram foi debater com a sociedade a concepção de justiça tributária.
No momento em que o governo Trump anuncia a adoção de sanções tributárias contra o Brasil, Edinho qualifica a medida como uma das maiores violências diplomáticas que o Brasil já sofreu.
Por isso, acha que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), errou ao não criticar a decisão inicialmente, pois deveria ter colocado os interesses de São Paulo e do Brasil em primeiro plano.
Segundo ele, Donald Trump “é hoje o maior construtor da Terceira Guerra Mundial”, que será econômica, e o mundo democrático tem que se organizar para detê-lo.
Sobre a missão que assumirá em agosto, Edinho afirma que o maior desafio do PT é ser forte para o pós-Lula, além da reunificação do partido após a disputa.
“Não serei presidente de uma parte do PT. Eu vou trabalhar para unificar o PT. Essa será a minha saga cotidianamente. Eu acredito que o PT só será forte se ele estiver unificado.”
Apesar de uma derrota imposta à esquerda do partido em sua eleição, Edinho rejeita a ideia de um PT ser qualificado como uma sigla ao centro do espectro político. ” É impossível o PT ser um partido de centro.”