Eduardo Bolsonaro retoma críticas a Tarcísio por evitar falar de anistia às vésperas do tarifaço

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após um dias de trégua, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a criticar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por tentar encontrar uma solução para o tarifaço de Donald Trump sem envolver a pauta da anistia a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“É hora dos homens tirarem os adultos da sala”, escreveu Eduardo nas redes sociais neste domingo (27), a cinco dias do início da aplicação de tarifas de 50% dos Estados Unidos a produtos brasileiros.

A frase, embora não cite Tarcísio nominalmente, é uma referência à fala do governador durante o evento Expert XP 2025, no sábado (26), no qual Tarcísio disse que sua gestão tem articulado, junto a parlamentares e empresários nos EUA, “de forma profissional, silenciosa, para ver se conseguimos atenuar esses efeitos”.

“Quando a gente fala em soberania, a pior agressão à soberania é a divisão interna. A divisão interna é o que enfraquece o país. Então, se a gente não botar a bola no chão, não agir como adulto e não resolver o problema, quem vai perder é o Brasil”, disse o governador na ocasião.

A fala de Tarcísio surgiu num contexto de críticas indiretas ao governo Lula (PT). O governador disse que, hoje, há uma tendência de “tirar proveito político de tudo” e que “nunca vamos fortalecer o assalariado prejudicando o empregador” –uma resposta ao “nós contra eles” usado pela gestão petista.

Eduardo observou que a carta de Trump anunciando as tarifas citava suposta perseguição política contra Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Para o filho do ex-presidente, não há como negociar o tarifaço sem tratar do aspecto político envolvendo seu pai e outros réus investigados pela trama golpista.

“Desconfie de quem se mostra preocupado com a Tarifa-Moraes e não fala dos presos políticos ou crise institucional, ignorando a carta do Trump que é expressa na solução do problema”, escreveu ele neste domingo. “Estão te enganando, jogando para a plateia e prolongando o sofrimento de quem dizem defender”, acrescentou.

“Na União Europeia ninguém fingiu nos termos ditos por Trump. No Brasil, até hoje, certas autoridades propositalmente dizem não entender as premissas originais das sanções”, disse em outra postagem sobre o acordo firmado entre os EUA e o bloco europeu, neste domingo, para reduzir as tarifas de 30% para 15%.

Também neste domingo, ele atacou de forma direta o governador do Paraná, Ratinho Junior, por ter dito que Trump “não pegou o Brasil para discutir esse assunto por causa de Bolsonaro.”

“O Bolsonaro não é mais importante que a relação entre Brasil e Estados Unidos”, disse o governador paranaense também neste sábado, no mesmo debate que Tarcísio na Expert XP.

“Trump postou diversas vezes citando Bolsonaro, fez uma carta onde falou de Bolsonaro, fez declarações para a imprensa defendendo nominalmente o fim da perseguição a Bolsonaro e seus apoiadores. Desculpe-me governador Ratinho Jr., mas ignorar estes fatos não vai solucionar o problema, vai apenas prolongá-lo ao custo do sofrimento de vários brasileiros”, disse Eduardo.

“Imagino os americanos olhando para este tipo de reação e pensando: o que mais podemos fazer para estas pessoas entenderem que é sobre ‘Jair Bolsonaro, seus familiares e apoiadores’ como expresso na carta, posts e entrevistas de Trump?”, continuou o deputado licenciado.

Tarcísio e Ratinho Junior são apontados como possíveis presidenciáveis para 2026, em especial diante de um vácuo aberto no campo da direita com a inelegibilidade de Bolsonaro. Segundo aliados, isso tem levado Eduardo, que também mira o Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem, a desferir ataques aos governadores, vistos como adversários e possíveis entraves dentro de seu próprio campo político.

Por intermédio do pai e de aliados, como o ex-apresentador Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo, Eduardo havia levantado a bandeira branca e decretado as pazes com o governador.

O deputado passou a criticar Tarcísio após uma série de restrições impostas a ele e a Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica pelo pai, a proibição de contato entre os dois e o bloqueio de contas do parlamentar, que está em autoexílio nos EUA desde março em busca de sanções contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

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