Muito além do Papai Noel: conheça a 2a1, empresa que monta natais nos shoppings do Brasil

Uma image de notas de 20 reais
No Shopping Cidade São Paulo, ano passado, a decoração natalina teve a temática do Pokemon
(Divulgação)
  • Empresa paulistana vai montar 40 eventos natalinos em shoppings este ano, e expande o ramo de experiência para estacionamentos e parques
  • 2a1 Cenografia investe R$ 5 milhões todos os anos em licenciamento de personagens, e seus natais temáticos custam até R$ 2 milhões
Por Victor Marques

[AGÊNCIA DC NEWS]. Preparar uma decoração natalina, para as administradoras de shopping center, começa muito antes da chegada do bom velhinho, em dezembro. Ainda no primeiro semestre começam os estudos sobre como garantir aumento na presença do público no último mês do ano. É nesse momento que entra em cena a 2a1 Cenografia, empresa paulistana familiar que realiza a decoração de 40 natais anualmente em shoppings de todo o Brasil. Segundo Danielle Paulino, sócia da empresa, seu negócio envolve transformar o ambiente natalino em espaços com mais que o Papai Noel. Com o uso de personagens licenciados da Disney, Warner e Marvel, ela afirma que o fluxo de clientes dentro dos shoppings cresce – o que, para os centros de compras, pode significar mais vendas. “Quando o shopping percebe isso, ele não quer sair mais do licenciado.”

Na lista de clientes estão Shopping Center Norte, Iguatemi, Tatuapé, entre outros. Segundo Danielle, a empresa se especializou nos natais temáticos, e as abordagens são variadas: Shrek, Pokemón, Patrulha Canina, Looney Tunes, Rei Leão, Bob Esponja e por aí vai. A empresa nasceu há 25 anos, com a proposta de desenvolver ambientes temáticos para todos os tipos de eventos, mas o licenciamento de personagens acabou caindo nas graças do clientes. Todos os anos a empresa investe R$ 5 milhões para garantir o uso de imagens populares do público de distribuídoras como Warner, Disney e Universal. Para os shoppings, ter um natal decorado e temático custa entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões.

Para este ano, a ideia é realizar o mesmo número de eventos do ano passado: 40. E, para isso, é preciso e convencer as marcas de que os personagens trazem retorno. Danielle, que comanda a operação com seu irmão, Nelson Paulino, cita como exemplo uma operação em São Paulo. “Fizemos o Center Norte no ano passado e eles tiveram um acréscimo de 25% de visitantes em comparação com 2023”, disse. “O apelo de personagens é uma forma de atrair mais público e gerar diferenciação.” Apesar dos resultados, a empresa decidiu colocar o pé no freio e não aumentar o número de projetos do tipo pelos próximos anos. “A gente não quer sair disso [40 eventos], porque conseguimos controlar a qualidade dos projetos com o time atual.”

Escolhas do Editor
A 2a1 Cenografia identifica oportunidades de licenciamento durante a Licensing Expo, em Las Vegas
(Divulgação)

SHOWROOM – A empresa realiza também ações para outras datas comemorativas, como Páscoa, Dia das Crianças, Halloween e eventos de férias, mas o Natal representa, de longe, o principal momento do calendário. São de 20 a 25 contratos mensais, em média, de acordo com ela, atendidos pelos 230 funcionários da empresa. No começo de todo ano, a 2a1 também investe R$ 1 milhão em seu galpão industrial de 14 mil metros quadrados, localizado na Zona Norte da capital paulista, para mostrar aos clientes as possíveis decorações com os projetos licenciados para o ano.

Para garantir os personagens queridinhos da criançada, no mês de maio a empresa marca presença no evento anual Licensing Expo, em Las Vegas, nos Estados Unidos. É lá que a diretora escolhe as apostas da empresa em licenciamentos para o ano. São R$ 5 milhões por ano investidos em mais de 30 grandes marcas, como Cartoon Network, DreamWorks, Paramount, Marvel e Sony. Entre os destaques deste ano estão Mickey Colors, Mickey Clássico, Cocomelon, Bluey e Wonka.

Dos projetos, 90% são proativos, ou seja, são apostas de Danielle para o ano. E cabe a ela fazer valer o investimento antes mesmo de saber se os personagens escolhidos serão contratados. Nos contratos para os shoppings, em média, 10% do valor total são pagos em royalties e licenciamento. Em um contrato de R$ 2 milhões, seriam R$ 200 mil só para garantir o Pernalonga para as crianças. Mas nem sempre o investimento dá retorno. Ela conta que um projeto feito com a Nickelodeon, canal de televisão para o público infantojuvenil, não obteve o interesse que ela pensou que teria. “Essa grana eu perdi, não foi para frente”, afirmou. Atualmente, a equipe faz curadoria constante para manter o portfólio atrativo e relevante. “A gente tem um time olhando para isso o tempo inteiro.”

Danielle, sócia e diretora comercial, administra a empresa há 25 anos junto ao irmão, Nelson
(Divulgação)

RECEITA ALTERNATIVA – Com o número de projetos de Natal em pausa, a empresa tem a ambição de crescer 10%, mas com outra fonte de receita: a expansão de contratos de eventos de bilheteria, área da empresa que começou há cinco anos. “Tivemos um crescimento de 40% em relação a 2024”, disse. Os eventos de bilheteria são atrações culturais dos personagens licenciados presentes não somente nos shoppings, mas também em outros locais, como parques e estacionamentos.

A atuação no segmento começou em 2019, com a Casa Warner, atração cultural com personagens da gigante do cinema e da televisão. “Após o primeiro projeto, os contratos foram crescendo naturalmente”, afirmou. Segundo a sócia da 2a1 Cenografia, é exclusivamente nessa área que se baseará o crescimento da empresa nos próximos anos, enquanto continua a entregar, com qualidade, as decorações temáticas de Natal nos shoppings brasileiros.

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