Especialistas afirmam que digitalização do comércio no BRICS deve manter dólar como referência

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São Paulo, 16 de setembro de 2025 -Especialistas em moedas digitais afirmaram nesta terça-feira(16), durante o 2º Fórum BRICS de Valores Tradicionais, que o futuro do comércio entre países dobloco passa pela criação de sistemas de pagamentos integrados que utilizem stablecoins criptomoedas vinculadas a moedas tradicionais, principalmente o dólar. O evento discutiu a adoçãode um sistema de pagamentos do BRICS alternativo ao SWIFT, atualmente usado no comérciointernacional.

O especialista financeiro Paulo Figueiredo destacou que o Brasil e a China podem realizar trocascomerciais usando suas próprias moedas para evitar o dólar, mas isso não substituirá a moeda dereferência global. Segundo ele, tentar tirar o dólar do comércio mundial é uma causa perdida.

Os Estados Unidos disseram em janeiro que não apoiam moedas digitais de bancos centrais, mas simstablecoins, que usam o dólar como base para garantir estabilidade, afirmou Figueiredo, durante odebate sobre moedas locais no comércio bilateral entre países do BRICS.

Para ele, a ideia de stablecoins lastreadas em dólar é uma solução melhor do que moedaspróprias dos bancos centrais do BRICS. Todos os países têm o direito de usar suas moedas digitaise buscar sistemas de pagamento integrados.

Figueiredo disse ainda que não faz sentido o Brasil exportar soja para a China usando o dólar,quando pode fazer a operação diretamente em moeda digital lastreada em dólar. Agora, a moedamundial e o sistema mundial de comércio passarem por uma nova moeda que não seja o dólar, paramim, está longe de acontecer, disse.

No mesmo sentido, o especialista em criptomoedas Theodor Bogorodsky destacou as vantagens do sistemade blockchain espécie de certificador de transações com moedas digitais e citou exemplos deintegração do sistema de pagamentos tradicional de cartões de crédito com o de criptomoedas.

Cada país atualmente tem um projeto sobre a digitalização de sua economia, como China e Rússia,por exemplo. Há muita discussão para criar uma moeda única para todos os membros do grupo. Paramim, é um erro, disse. A melhor opção, no caso da digitalização da economia, não é criar umanova stablecoin, mas fazer vendas cruzadas com as que já existem. Cada país deve ser capaz defazer comércio uns com os outros.

Deixar de ser refém

Por outro lado, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) defendeu a importância do BRICS e a criação deuma moeda própria para os países membros, ressaltando que o Brasil não deve ficar refém dodólar nem da influência dos Estados Unidos, que, segundo ele, desrespeitam a soberania de outrasnações.

Não podemos desistir, principalmente os países mais pobres, em desenvolvimento, pois eu entendoque chegou a hora de dar um grito de socorro, um grito de ‘queremos direitos iguais’. Eles nãopodem tirar nossa capacidade de desenvolvimento, não podem querer dar as cartas se um país ououtro quer investir ou quer fazer negócio conosco, disse o deputado.

O 2º Fórum do BRICS de Valores Tradicionais, com o tema Unindo tradições, fortalecendo nações,é organizado pela Frente Parlamentar do BRICS no Congresso Nacional e pela Aliança de Mulheres doBRICS, com apoio da Associação Mundial de Valores Tradicionais.

O BRICS é um foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e decooperação nas mais diversas áreas. É formado por 11 países membros: Brasil, Rússia, India,China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

O evento, que se encerra na quinta-feira (17), discute temas como desdolarização, turismo semvisto entre países do bloco, preservação da cultura, inovação, saúde e meio ambiente.

Fórum dos BRICS na Câmara analisa temas estratégicos, com foco na cooperação multilateral

Começou nesta terça-feira (16), na Câmara dos Deputados, o 2º Fórum BRICS de ValoresTradicionais encontro de parlamentares, especialistas e líderes sobre temas estratégicos, comocultura, saúde, educação, ética e inteligência artificial, com foco em valores tradicionaiscompartilhados. O evento continua amanhã.

O BRICS é um foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e decooperação nas mais diversas áreas. É formado por 11 países membros: Brasil, Rússia, India,China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

Organizado pela Frente Parlamentar do BRICS no Congresso Nacional e pela Aliança Empresarial deMulheres do BRICS, com apoio da Associação Mundial de Valores Tradicionais, o fórum pretendefortalecer a cooperação multilateral.

O fórum é importantíssimo, porque aproxima pessoas que falam diferente, que pensam diferente,mas, por meio do diálogo, entendem que estão buscando o mesmo propósito, explicou o deputadoRonaldo Nogueira (Republicanos-RS).

Inclusão das mulheres

Em debate sobre a inclusão de mulheres na economia global, a presidente da Aliança Empresarial deMulheres, Mônica Monteiro, defendeu maior participação feminina no comércio internacional. Hoje,16% de mulheres lideram empresas que exportam. Já houve um crescimento, mas precisamos alcançarmais, disse.

No mesmo painel, a deputada Soraya Santos (PL-RJ) destacou a importância de mulheres na política.Ainda é uma luta mundial ter mais mulheres em posições de decisão, em especial na política,porque a política induz a mudanças, disse.

Ao comentar os riscos de substituição de profissionais pela inteligência artificial, SorayaSantos alertou para a situação das mulheres, que hoje no Brasil ocupam a maior parte dos empregosque podem ser ameaçados por novas tecnologias.

Há um registro de que 51% das famílias são comandadas por mulheres. Imaginem esse desemprego,imaginem essa crise social. Daí a grande preocupação quando se fala em responsabilidade social eeconomia de um país, disse a deputada.

Realizado pela primeira vez em 2024, em Moscou (Rússia), neste ano o Fórum BRICS de ValoresTradicionais também deverá abordar temas como:a preservação da identidade cultural e da soberania das naçõesos desafios globais, como desdolarização, turismo sustentável, saúde preventiva e inovaçãotecnológica; epropostas para a 30 Conferência das Partes da Convenção do Clima da ONU (COP30), marcada paranovembro, em Belém (PA), por meio de um documento sobre o papel do BRICS na agenda climática e nodesenvolvimento sustentável.

Até países que não fazem parte do BRICS fizeram questão de estar conosco aqui, destacou adeputada Franciane Bayer (Republicanos-RS), uma das coordenadoras do evento na Câmara. Asdelegações representam América Latina, Ásia e África.

As informações são da Agência Câmara.

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