SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O estado do Oregon entrou neste domingo (28) com uma ação judicial contra o governo de Donald Trump depois que o presidente americano autorizou o envio de tropas federais à cidade de Portland, noroeste dos EUA, para conter manifestações contra a atuação do ICE, o serviço de imigração dos Estados Unidos.
O processo argumenta que Trump não tem autoridade para federalizar a Guarda Nacional. “As comunidades do Oregon estão estáveis, e nossas autoridades locais foram claras: temos a capacidade de gerenciar a segurança pública sem interferência federal”, disse neste domingo o procurador-geral do estado, Dan Rayfield.
A medida se inspira em processo movido por outro estado americano. A Califórnia entrou com uma ação semelhante em junho, depois que o governo enviou tropas para Los Angeles, informa reportagem da CBS News.
A Guarda Nacional enviará 200 agentes a Portland, onde devem ficar por 60 dias. A promessa de envio de tropas feita neste sábado (27) (27) por Trump foi detalhada neste domingo, em memorando emitido pela Secretaria de Defesa. Nele, o secretário Pete Hegseth autoriza o envio dos agentes, informando o número de membros e tempo em que devem ficar na cidade, “onde protestos estão ocorrendo ou provavelmente ocorrerão”, disse ele.
O procurador-geral disse que o envio de 200 soldados para proteger um único prédio do ICE “não é normal”. “Se você tivesse alguma preocupação com a segurança da sua casa, tomaria algumas providências e preencheria as lacunas, não chamaria um exército”, disse.
O que estamos vendo não é uma questão de segurança pública, mas sim do presidente exibindo sua força política sob o pretexto da lei e da ordem, buscando um sucesso midiático às custas da nossa comunidade.Dan Rayfield, procurador-geral de Oregon
Trump contra a anfifa
O alvo de Trump é o movimento antifascismo, que protesta contra a extradição de imigrantes. Desde o início do governo Trump, o ICE foi designado para encontrar imigrantes ilegais para extraditá-los. Opositores afirmam que os agentes do serviço de imigração cobrem o rosto durante ações truculentas.
A Cruzada de Trump contra a antifa (abreviação para grupos antifascistas) ocorre desde o primeiro mandato. Em 2020, Trump enviou tropas para a ocupar a cidade pela primeira vez. O objetivo era pôr fim aos protestos contra o assassinato do afro-americano George Floyd, morto asfixiado por um policial branco.
Na segunda (22), Trump assinou uma ordem definindo grupos antifa como organizações terroristas. “Indivíduos associados e agindo em nome da antifa coordenam-se com outras organizações com o propósito de disseminar, fomentar e promover a violência política e suprimir o discurso político legal”, diz trecho da ordem assinada por Trump.
Desde 2017, no entanto, grupos extremistas apoiadores de Trump entram em conflito contra a antifa. Tudo começou quando republicano Joey Gibson fundou o grupo de extrema-direita Patriot Prayer. Embora residisse no estado de Washington, ele decidiu realizar comícios e passeatas para extremistas em Portland, atraindo simpatizantes de todo o país, provocando a ira da antifa da cidade.