SÃO PAULO, SP, E MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Centenas de milhares de manifestantes se reuniram no centro de Roma neste sábado (4), no quarto dia consecutivo de protestos na Itália desde que Israel interceptou e deteve os ativistas da flotilha Global Sumud, que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Mais de 1 milhão de pessoas estavam na marcha no Coliseu, segundo os organizadores, na qual o público carregava cartazes e bandeiras e gritava “Palestina livre” –a polícia, porém, estima cerca de 250 mil manifestantes. O ato foi pacífico, inclusive com a participação de crianças e idosos, mas havia ao menos uma faixa exaltando o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, segundo a agência Reuters.
No fim do protesto, cerca de 200 pessoas entraram em confronto com agentes perto da basílica de Santa Maria Maior, disse a polícia. Os agentes responderam com gás lacrimogêneo e um canhão de água. Testemunhas disseram ter visto a polícia imobilizar, algemar e deter alguns manifestantes. Em seguida, pessoas que participavam do protesto lançaram coquetéis molotov e incendiaram um carro da corporação.
Desde que Israel interceptou a flotilha, na noite de quarta-feira (1º), protestos ganharam fôlego em toda a Europa e em outras partes do mundo. Na Itália, onde os atos têm ocorrido diariamente, o governo é crítico às manifestações. A primeira-ministra Giorgia Meloni culpa os manifestantes por pichações em uma estátua do papa João Paulo 2º, localizada no lado de fora da principal estação ferroviária de Roma, onde grupos pró-palestinos têm realizado um piquete.
“Eles dizem que estão saindo às ruas pela paz, mas depois insultam a memória de um homem que foi um verdadeiro defensor e construtor da paz. Um ato vergonhoso cometido por pessoas cegas pela ideologia”, disse Meloni em comunicado.
Em Londres, a polícia prendeu 442 manifestantes neste sábado por apoio ao grupo Palestine Action (Ação Palestina), proibido no Reino Unido. Atos ocorreram mesmo com os pedidos de cancelamento após um ataque a uma sinagoga em Manchester deixar dois mortos na quinta-feira (2).
Pelo X, o primeiro-ministro Keir Starmer disse: “Peço a qualquer pessoa que esteja pensando em protestar neste fim de semana que reconheça e respeite o luto dos judeus britânicos. Este é um momento de luto. Não é hora de aumentar a tensão e causar mais dor. É hora de permanecermos unidos.”
Atos pró-Palestina também acontecem na Espanha. Em Madri, os organizadores estimam que 200 mil pessoas se reuniram em um ato acompanhado por policiais com viaturas e drones. Os manifestantes pediram o fim do que chamaram de genocídio em Gaza e, em determinado momento, entoaram gritos contra os Estados Unidos e o presidente Donald Trump, chamando-os de apoiadores de Israel.
O fim do comércio de armas a Israel era um dos pedidos do protesto realizado neste sábado em Barcelona, onde aproximadamente 70 mil manifestantes se reuniram, segundo a Guarda Municipal, para percorrer as ruas centrais da cidade.
Em entrevista à TV estatal, o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, disse que cerca de 50 espanhóis estão entre os membros da flotilha detidos em Israel. Junto com a Irlanda, a Espanha é uma das críticas europeias mais ferrenhas da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.
Uma porta-voz do contingente francês da flotilha Global Sumud, Helene Coron, participou dos protestos em Paris, onde 10 mil pessoas se reuniram. “Esta flotilha não chegou a Gaza, mas enviaremos outra, depois outra, até que a Palestina e Gaza estejam livres”, disse ela.