SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A família de Barbara Marques, cineasta brasileira detida por agentes da imigração dos EUA em Los Angeles, há cerca de duas semanas, aguarda uma decisão da Justiça que pode influenciar no destino do caso.
Segundo uma postagem de sua tia, a atriz Elisa Lucinda, um juiz está por se manifestar sobre uma petição a favor do retorno de Marques para Los Angeles, onde a capixaba vive e trabalha desde 2018. Ela está em um centro de detenção no estado da Louisiana.
O advogado de Marques, Marcelo Gondim, de uma firma sediada em Los Angeles que lida com a cidadania de estrangeiros nos EUA, afirmou à TV CBS local que entrou com um pedido na Justiça para que a cineasta não seja levada da Louisina para um outro estado nem deportada.
A reportagem tentou contato com Lucinda, mas não obteve retorno. Também tenta falar com o advogado de Marques.
O Itamaraty afirma que, por intermédio do consultado brasileiro em Los Angeles, tem conhecimento do caso e presta assistência consular à cineasta, mas diz não poder informar detalhes.
Marques foi levada por agentes do ICE, o serviço de imigração dos Estados Unidos, após uma entrevista relativa ao seu green card numa repartição pública da cidade, de acordo com Tucker May, seu marido.
May passou a relatar o caso no último domingo (28), nas redes sociais. Segundo ele, ao final da entrevista do green card, que teria corrido bem, um dos funcionários do governo disse que uma impressora estava quebrada e, com isso, teria conseguiu fazer Marques se afastar de seu advogado.
Neste momento, de acordo com o marido, ela foi presa. O motivo oficial da detenção foi uma audiência de regularização de visto à qual ela faltou em 2019, mas de acordo com o relato de seu marido ela não havia nem sido notificada do compromisso.
Num primeiro momento, Marques foi levada para um centro de detenção de imigrantes em Adelanto, no estado da Califórnia. Depois, segundo May, foi transferida para o estado do Arizona e agora está detida no estado da Louisiana, que seria o último ponto antes de uma possível deportação.
Desde domingo (28), a reportagem envia mensagens para o ICE, mas até agora não obteve retorno.
Natural de Vitória, Marques tem 38 anos e é formada em cinema por uma universidade do Rio de Janeiro. Ela depois estudou atuação na Amda, uma escola de artes cênicas em Los Angeles, segundo relato seu ao jornal capixaba A Gazeta.
Ela dirigiu um curta-metragem, “Cartaxo”, lançado em 2020, sobre o dia em que a atriz Marcélia Cartaxo foi homenageada no Los Angeles Brazilian Film Festival do ano anterior. Na ocasião, Cartaxo apresentou o filme “Pacarrete”, que venceu o Festival de Cinema de Gramado.
Marques também fez outros curtas, como “Amor”, de 2018, sobre quando seu avô recebeu diagnóstico de Alzheimer, e “Basement”, de 2021, um terror com elenco americano.
Um financiamento coletivo para angariar verba para cobrir as despesas legais da defesa da cineasta levantou até agora cerca de US$ 43 mil (R$ 228 mil) de uma meta de US$ 55 mil, segundo a página da petição.