Fast Shop fecha 11 lojas e centro de distribuição em meio a reestruturação após escândalo do ICMS

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Fast Shop vai fechar 11 lojas físicas e um centro de distribuição como parte de um amplo processo de reestruturação interna. A decisão ocorre dois meses após a Operação Ícaro ser deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que investiga um esquema bilionário de ressarcimento indevido de créditos de ICMS mediante pagamento de propina a servidores públicos.

À reportagem a Fast Shop afirma que “está sempre em busca de melhorias contínuas de forma a ampliar a eficiência operacional da companhia”.

“Neste sentido, a empresa reavalia constantemente a sua estrutura e operação —inclusive de lojas físicas, com a priorização de pontos de venda que estejam alinhados à sua estratégia. Essa postura diligente é o que tem garantido a sustentabilidade e o desenvolvimento da Fast Shop ao longo de seus quase 40 anos de história na sua missão de encantar os clientes que compram pelas suas lojas físicas e ecommerce”, diz a varejista, em nota.

Atualmente, a Fast Shop tem 80 lojas espalhadas pelo país, englobando as marcas Fast Shop, M1 e cinco lojas A2You, especializadas em produtos Apple. Até meados do primeiro semestre, antes do escândalo, a empresa planejava abrir novas lojas na Bahia e no Paraná, ampliando a presença física junto à operação digital.

Os fechamentos serão de forma escalonada, atingindo unidades em diferentes estados. A primeira etapa, no dia 8 deste mês, inclui a loja A2You no shopping Barigui (Curitiba) e as unidades Fast Shop no Aricanduva, no Boulevard Tatuapé e em Interlagos (zonas leste e sul de São Paulo, respectivamente).

Em seguida, no dia 12, encerram as atividades da unidade Fast Shop no Iguatemi Salvador, da M1 Itaquera, da M1 SP Market, da Fast Shop do SP Market e da Fast Shop do Rio Mar Fortaleza, além do centro de distribuição localizado na capital cearense. No último dia do mês, fecham a Fast Shop do Barra Salvador e a M1 Litoral Plaza, em Praia Grande (SP).

A Fast Shop promove reestruturações desde que a fraude tributária veio à tona. Controlada pela família Kakumoto, a companhia tenta conter os efeitos financeiros e reputacionais da investigação.

De imediato, a companhia contratou um CEO interino na virada do mês, cargo inexistente nos quase 40 anos de atuação da Fast Shop no varejo, e nomeou Rodrigo Ogawa, engenheiro com experiência em gestão de crises, para o comando interino. Ele também dá aulas de compliance e gestão de riscos no Insper. A missão, afirmou a Fast Shop em nota na época, é reforçar controles internos e práticas de compliance e governança.

Em paralelo, o advogado Francisco Petros foi contratado para conduzir uma auditoria independente sobre as práticas da companhia.

A reestruturação também inclui cortes de pessoal. A empresa, no entanto, não informa o total de funcionários demitidos. Em nota, a Fast Shop afirmou apenas que houve “alterações no quadro de profissionais” e que a companhia busca “aumentar a eficiência operacional” diante de um “cenário de juros altos e consumo em desaceleração”.

FAST SHOP RECEBEU R$ 1 BILHÃO EM CRÉDITOS DE ICMS INFLADOS

Deflagrada em 12 de agosto, a Operação Ícaro desmantelou uma suposta rede de propinas organizada pelo auditor fiscal Artur Silva Neto, que atuava para acelerar e inflar o ressarcimento de créditos de ICMS para grandes varejistas. O esquema teria se iniciado em maio de 2021 e durado, pelo menos, até junho deste ano.

Em acordos de não persecução penal firmados com a promotoria para não responder a um processo criminal, os sócios-proprietários daFast Shop, Milton Kazuyuki Kakumoto e Júlio Atsushi Kakumoto, e o diretor da rede, Mario Otávio Gomes, assumiram o envolvimento em um dos maiores esquemas de corrupção tributária ligado a auditores da Sefaz-SP (Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo). Juntos, eles irão restituir R$ 100 milhões aos cofres públicos.

De acordo com depoimento de Gomes ao Gedec (Grupo de Atuação Especial de Recuperação de Ativos e Repressão aos Crimes de Formação de Cartel e Lavagem de Dinheiro), entre 2021 e 2025, a Fast Shop teria recebido mais de R$ 1,5 bilhão em ressarcimentos de ICMS. Deste montante, R$ 1,04 bilhão teria sido inflado de forma indevida pelo auditor Silva Neto. Apenas R$ 553 milhões seriam de créditos aos quais a empresa de fato teria direito.

No comunicado, a Fast Shop “reitera sua colaboração integral com as autoridades” e “reforça seu compromisso com a ética, a legalidade e a conformidade”.

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