Filha de desafeto de Trump, promotora do caso Epstein é demitida

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A promotora federal de Manhattan que atuou no caso Epstein, Maurene Comey, foi demitida nesta quarta-feira (16) pelo governo dos EUA. A informação foi revelada pelo jornal New York Times, com base no relato de pessoas próximas.

Motivo da demissão é incerto. Segundo a imprensa local, Maurene foi informada da demissão por carta. O documento cita um artigo da Constituição dos EUA que garante ao presidente o poder de tomar decisões do tipo.

Não está claro, portanto, se a demissão se deu por causa da atuação da promotora no caso Epstein. Maurene Comey também atuou como promotora no julgamento do magnata da música Sean Combs, conhecido como Diddy, que foi absolvido das acusações mais graves no início deste mês.

Julgamento do criminoso sexual Jeffrey Epstein está envolto em teorias da conspiração. Durante a campanha eleitoral, o presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu divulgar os registros da investigação se fosse eleito.

Departamento de Justiça dos EUA e o FBI, no entanto, negaram a existência da “lista de Epstein” e confirmaram que a causa da morte do criminoso sexual foi suicídio. A suposta lista reuniria o nome de pessoas públicas relacionadas ao empresário e o próprio Trump estaria nela. Apoiadores do presidente ainda questionam se o empresário teria sido assassinado na prisão.

Enquanto pessoas alinhadas a Trump questionam revés, ele tenta se afastar do caso. Anteontem, o presidente rebateu críticas ao governo por não divulgar os arquivos relacionados ao caso: “Ele está morto há muito tempo. (…) Eu realmente não entendo qual é o interesse ou a fascinação”, disse.

PROMOTORA SERIA BODE EXPIATÓRIO

Maurene se posicionou contra a divulgação dos arquivos. A postura é considerada comum em casos sensíveis, como os que envolvem vítimas de violência sexual. O Departamento de Justiça dos EUA, inclusive, poderia tornar os registros da investigação públicos.

Promotora estaria sendo usada como bode expiatório, enquanto governo tenta superar o escândalo, segundo o New York Times. A demissão de procuradores não é comum, apesar de não ser novidade no governo Trump.

EX-DIRETOR DO FBI, PAI DE MAURENE FOI DEMITIDO NO 1º GOVERNO TRUMP

James Comey e Donald Trump são desafetos de longa data. O então diretor do FBI foi desligado do órgão em maio de 2017, quando liderava uma investigação criminal para apurar se os assessores de Trump conspiraram com o governo russo para influenciar o resultado da eleição presidencial de 2016.

Trump nega. Na época, o presidente dos EUA justificou a demissão pela atuação de Comey na investigação sobre o uso de um servidor de e-mail privado por Hillary Clinton durante sua gestão como secretária de Estado, de 2009 a 2013. O caso veio à tona em 2015, em meio à campanha presidencial em que Clinton e Trump eram rivais.

Post enigmático do pai de Maurene levou governo a investigá-lo. Comey publicou uma foto no Instagram, em maio deste ano, de conchas em uma praia com a inscrição “86 47”. Segundo Trump, a publicação era um pedido de assassinato. Apoiadores do presidente afirmam que “86” é uma gíria antiga para demitir ou remover, enquanto Trump é o 47º presidente dos EUA.

Mais recentemente, presidente afirmou, sem provas, que arquivos relacionados a Epstein foram forjados pelo ex-diretor do FBI. De acordo com a CNN, uma pessoa familiarizada com a demissão da promotora disse que o fato de ela ser uma Comey teria levado à sua demissão, já que seu pai está “constantemente atacando a administração”.

ENTENDA O CASO EPSTEIN

Epstein foi preso pela primeira vez em 2008, quando foi sentenciado a 13 meses de prisão. Na época, os pais de uma menina de 14 anos denunciaram à polícia que o empresário havia abusado sexualmente da garota em sua mansão. Outras possíveis vítimas foram descobertas e foram encontradas fotos de meninas na casa dele.

Empresário se livrou de pegar prisão perpétua. O bilionário fechou um polêmico acordo que o livrou de ficar encarcerado pelo resto da vida e fez com que ele fosse registrado na lista federal de criminosos sexuais. Enquanto preso, podia sair para trabalhar seis dias por semana.

Acusado de tráfico sexual, Epstein voltou a ser preso em 2019. Ele foi acusado de traficar dezenas de meninas, de explorá-las e abusá-las sexualmente. Desse caso, o bilionário se declarou inocente e sempre negou as acusações. Após um mês na cadeia, aos 66 anos, ele foi encontrado morto na cela.

Muitas dessas jovens foram aliciadas pela socialite Ghislaine Maxwell, ex-noiva e amiga de Epstein. Ela foi presa em 2020 e sentenciada a passar 20 anos na prisão.

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