Fim de tarifaço só existe com anistia, diz Eduardo logo após Tarcísio falar em diálogo

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vinculou nesta sexta-feira (11) qualquer negociação sobre as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil a uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.

A declaração do parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi feita no X (ex-Twitter) pouco depois de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ter se reunido com o chefe da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar.

Tarcísio é cotado para disputar a Presidência da República em 2026 pelo campo bolsonarista, já que Bolsonaro está inelegível até 2030 e deve ser julgado ainda neste ano pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no processo da trama golpista. Se condenado, Bolsonaro pode pegar até 40 anos de prisão.

Pouco antes, também nesta sexta-feira, Trump disse que não pretende conversar com o presidente Lula (PT) agora sobre as sobretaxas, mas talvez em outro momento.

“Qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu [expressão popular usada quando apenas um dos lados da parceria sai prejudicado], pois isso já foi exaustivamente tentado no passado —e os americanos também já conhecem essas histórias”, disse Eduardo no X.

Ele disse ainda que a suspensão agora das sobretaxas (chamada por ele de Tarifa-Moraes) traria consequências como uma eleição sem oposição em 2026 e a prisão de Bolsonaro “até morrer”.

“O único fato em favor da liberdade nos últimos anos foi a ação forte de Trump, antes disso foi só censura, prisões e regulamentação das redes sociais —e acordos caracu. Não mais”, disse.

“Lamento, mas não dá para pedir ao Presidente Trump —e nenhuma autoridade internacional minimamente decente— para tratar uma ditadura como se fosse uma democracia. Ou há uma anistia ampla, geral e irrestrita para começar ou bem vindos à ‘Brazuela'”.

Eduardo se licenciou do mandato de deputado e se mudou para os Estados Unidos para advogar por sanções contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e contra a gestão Lula.

A publicação nas redes ocorre pouco depois de Tarcísio se encontrar com Escobar e pregar negociação com os americanos.

“Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”, disse o governador.

Aliados de Tarcísio indicam que ele quer se colocar como um possível negociador. Escobar é encarregado de negócios da missão dos EUA no Brasil, que está sem embaixador desde o início da gestão Trump.

O governo Lula tem associado as consequências econômicas do tarifaço à oposição, inclusive a Tarcísio, aliado de Bolsonaro.

O aumento de tarifas ao Brasil imposto por Trump, como mostrou a Folha, expôs o nó político do governador, que publicamente tenta se equilibrar entre fidelidade a Bolsonaro e o respeito à Justiça e à democracia.

Na avaliação de dois presidentes de partidos, de deputados federais e estaduais aliados ao governador e de integrantes de sua equipe, a imagem de Tarcísio entre os bolsonaristas sairá arranhada caso ele não apoie as medidas de Trump nem as trate como reflexo direto de uma suposta perseguição antidemocrática sofrida pelo ex-presidente.

Por outro lado, se endossar as barreiras comerciais impostas pelo governo americano, o desgaste será com o mercado financeiro, o setor agropecuário e com eleitores fora do campo bolsonarista.

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