Flotilha de ativistas tenta de novo ir a Gaza após voltar a Barcelona por mau tempo

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A nova flotilha com dezenas de barcos de ajuda humanitária partiu novamente de Barcelona em direção à Faixa de Gaza nesta segunda-feira (1º). As embarcações haviam saído no domingo, mas tiveram que dar meia volta e retornar à cidade espanhola na manhã desta segunda, segundo os organizadores, por mau tempo.

“Devido às condições meteorológicas adversas, realizamos um teste no mar e, em seguida, retornamos ao porto para permitir que a tempestade passasse. Isso significou adiar nossa partida para evitar riscos de complicações com as embarcações menores”, afirma o grupo em comunicado divulgado nas redes sociais.

“Tomamos essa decisão para priorizar a segurança e o bem-estar de todos os participantes e para proteger o sucesso da nossa missão”, completa o texto, citando rajadas de vento com velocidades superiores a 55 km/h.

Após algumas horas parada no porto da cidade, a flotilha começou a sair por volta das 20h do horário local (15h de Brasília).

A organização previa chegar a Gaza em 13 de setembro e ainda não informou se o atraso vai modificar o itinerário. O plano é passar por mais três pontos no mar Mediterrâneo, incluindo a Tunísia, e se juntar a outras embarcações no caminho, somando 80 barcos de 44 países com cerca de 700 pessoas.

À Folha de S.Paulo o major Rafael Rozenszajn, um dos porta-vozes das Forças Armadas israelenses, já indicou que novamente não permitirá a entrada: “As Forças Armadas vão estar preparadas para garantir que o bloqueio seja aplicado de uma forma absoluta na Faixa de Gaza”, disse.

A operação foi batizada de Global Sumud —”sumud” pode ser traduzido como “resiliência”. Compõem o grupo a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, que foram presos e deportados por forças israelenses em uma das empreitadas anteriores do grupo, em junho. Ao menos mais 12 brasileiros estão na tripulação.

A saída da flotilha no domingo (31) foi marcada por manifestações. As pessoas que acompanhavam o evento carregavam cartazes com dizeres como “parem o holocausto alimentar em Gaza” e “não são mortes, são assassinatos”. Também puxavam gritos como “não é uma guerra, é um genocídio” e “aguenta, Gaza, que o povo se levanta”.

A saída de Barcelona ocorreu após uma programação de três dias com palestras e shows pró-Palestina no porto da cidade, incluindo uma roda de samba. A capital catalã se tornou um foco de apoio à causa, chegando a romper relações institucionais com Israel simbolicamente em junho.

Nas últimas semanas, moradores e sindicatos organizaram a hospedagem de voluntários e o transporte em ônibus vindos de outras regiões da Espanha para acompanhar a zarpada. Um dos barcos leva inclusive a ex-prefeita Ada Colau, símbolo da esquerda local.

As últimas tentativas de abrir um corredor humanitário simbólico por mar foram frustradas pelas forças militares israelenses. Renderam, porém, ações midiáticas e visibilidade ao movimento contra o bloqueio a Gaza.

Em maio, a embarcação Conscience foi atingida por dois drones em águas internacionais perto da ilha de Malta, às vésperas de levar 80 integrantes e insumos ao território. Na época, funcionários do governo israelense afirmaram que o barco transportava armamentos ao grupo terrorista Hamas, o que foi contestado por uma inspeção maltesa.

Em junho, o veleiro Madleen foi interceptado a 180 km da costa de Gaza com 12 tripulantes, incluindo Greta e Ávila. O brasileiro ficou preso por cinco dias, isolado em solitária e sob maus-tratos, segundo sua família. Após intervenção do Itamaraty, foi expulso do país.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel chamou o protesto de “iate das selfies” e os ativistas de “celebridades”. Após os tripulantes serem expulsos, publicou na rede social X: “Tchau, tchau. E não se esqueçam de tirar uma selfie antes de partirem”.

Esse tipo de iniciativa surgiu em 2008, último ano em que cinco viagens conseguiram efetivamente chegar a Gaza com alimentos e ajuda médica. Em 2010, um grupo de sete barcos foi atacado por Israel, terminando com nove pessoas mortas e 50 feridas.

Agora, a ida da nova flotilha acontece em meio a uma nova ofensiva de Israel à Cidade de Gaza e também a um aumento da pressão da comunidade internacional devido à catástrofe humanitária no território. Na última quarta (27), todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, exceto os Estados Unidos, afirmaram que a fome na região é fruto de “ação humana”.

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