Foragida, deputada Carla Zambelli é presa em Roma, na Itália

Uma image de notas de 20 reais

Imagem gerada por IA
Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29), segundo o Ministério da Justiça. Ela foi condenada a dez anos de prisão por invadir os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Zambelli foi detida na Itália. O STF decretou no dia 5 de junho a prisão da deputada, e desde então, ela estava foragida da Justiça brasileira e na lista de procurados da Interpol.

Deputado italiano avisou polícia de Roma sobre o paradeiro de Zambelli. Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, publicou no X às 16h45 que a deputada estava em um apartamento na capital da Itália e que havia passado essa informação à polícia. “Eu informei a policia nacional italiana sobre o endereço e depois eu informei a chefia da policia italiana. “Eu fiz uma interpelação, porque quando escutei a Carla Zambelli dizendo que tem cidadania italiana e que estava intocável, eu disse “não é possível que uma pessoa pode falar assim”, disse ele, em entrevista à GloboNews.

Segundo a versão da assessoria de Zambelli, no entanto, ela teria se entregado. Contudo, segundo fontes da Polícia Federal, a deputada foi presa em seu apartamento, em Roma.

Deputada pode ser extraditada e trazida ao Brasil, onde começará a cumprir a pena em regime fechado. A prisão não será mais preventiva, mas já a definitiva: quando ela deixou o país, no final de maio, o relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, considerou que ela tentava fugir da lei e decretou sua prisão preventiva.

Prisão da deputada pegou a cúpula do PL de surpresa. Lideranças do partido de Zambelli foram informadas pela reportagem do UOL sobre a detenção.

O UOL está em contato com o advogado de Carla Zambelli, representado pelo advogado Fábio Pagnozzi. O espaço segue aberto para manifestação.

RELEMBRE O CASO

Zambelli contratou um hacker para invadir os sistemas do CNJ e inserir um mandado de prisão falso contra Moraes, assinado por ele mesmo. Ela foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF a dez anos de prisão e à perda do mandato.

Após a condenação, deputada anunciou nas redes sociais que havia saído do país. Segundo apurou o UOL, ela deixou o Brasil no fim de maio pela fronteira com a Argentina, foi aos Estados Unidos e depois à Itália, país onde tem cidadania.

Governo italiano disse que não sabia o paradeiro da deputada. No dia 13 de junho, a administração da premiê de extrema direita Giorgia Meloni declarou que Zambelli desembarcou nos arredores de Roma no dia 5 de junho, às 11h40, vinda de Miami, mas que o alerta vermelho da Interpol só foi publicado horas depois, às 16h24 do mesmo dia.

No início de junho, a deputada chamou de “ilegal” e “autoritária” a ordem de Moraes para prendê-la. “Nossa Constituição é clara: um deputado federal só pode ser preso em flagrante e por crime inafiançável. Nada disso ocorreu”, disse, em nota enviada à imprensa.

Moraes também determinou o bloqueio de passaportes, contas bancárias, salário e verbas de gabinete pagos pela Câmara. Ele também mandou que as redes sociais bloqueassem os perfis de Zambelli em território nacional, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. As plataformas cumpriram a ordem, mas o X questionou a decisão.

LICENÇA NA CÂMARA

A parlamentar está afastada desde 29 de maio, quando pediu a primeira licença para tratamento de saúde. Depois, Zambelli solicitou mais 120 dias para “tratar de interesse particular”.

Deputada terá que pagar multa por atraso em devolução do apartamento funcional. Ela devolveu o apartamento funcional em que morava em Brasília no último dia 15, com 11 dias de atraso. Segundo a presidência da Casa, a multa diária é R$ 283,53, equivalente a 2/30 de R$ 4.253, o valor mensal do auxílio moradia.

EXTRADIÇÃO É QUESTÃO DE TEMPO

Dupla cidadania de Zambelli não servirá para protegê-la de extradição, explicou Walter Maierovitch, colunista do UOL. “[Ela] Não estudou nem residiu em nenhuma parte do território italiano. Nunca trabalhou em solo italiano.” Segundo o jurista e professor, a Itália permite a extradição de italianos e de pessoas com dupla cidadania.

“A deputada federal Carla Zambelli tem chance zero de não ser extraditada”, escreveu em 4 de junho. “O Brasil, desde o governo FHC, mantem um tratado bilateral de cooperação judiciária com a Itália. Uma não entrega de Zambelli comprometeria esse tratado”, explicou Maierovitch.

MAIS LIDAS

Voltar ao topo