Chico Lowndes, do bar Âmago: "Escolhemos o Centro para militar na sua revitalização"
Para empresário, a discotecagem é uma forma mais democrática de apresentar música
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Chico Lowndes, dono do Âmago, também é responsável pela reforma e reabertura de um edifício histórico na esquina da Praça da Bandeira
Bar é um projeto pop-up, e deve mudar de lugar a cada seis meses. Ideia é continuar no Centro da cidade
Por Anna Scudeller
[AGÊNCIA DC NEWS]. O Edifício Misericórdia, no Centro Histórico de São Paulo, abriga desde agosto do ano passado o bar Âmago, cujo dono é o empresário Chico Lowndes. O Âmago não é simplesmente um bar. Com conceito e curadoria do DJ Reizko, foi pensado e concebido com a ideia de espaço multicultural, áreas para exposições outras ativações. Além disso, é itinerante. O negócio deu certo, segundo Lowndes, que investe há 25 anos em negócios que fomentam a cena cultural paulistana. E a escolha do Centro não é por acaso. Ele fala como um entusiasta da região. “A escolha pelo Centro se dá pela necessidade de militar na sua revitalização”, disse em entrevista à Agência DC NEWS.
O empresário também diz que o objetivo é trazer bons olhares novamente para a região central e “retomar a nossa rica história e valorização da arquitetura da região.” Este empreendimento, em específico, busca atrair a geração Z. A música eletrônica é a estrela da casa. “A música eletrônica, os eventos underground, praticamente todos eles nasceram no Centro”, afirmou.
O Âmago, no Edifício Misericórdia, construído em 1977, ocupa dois andares. O prédio é gerido pela incorporadora e construtora SomaUma, que vai transformar o local em área totalmente residencial. Com isso, o próximo destino do bar deve ser o Largo do Arouche, também no Centro.
Lowndes tem experiência com prédios antigos associado a espaços culturais. A Revitaliza Centro Ltda., empresa que é dele, foi a responsável pela reforma de R$ 6 milhões de um edifício histórico na esquina da Praça da Bandeira, rebatizado de Central Embaixada Cultural, reaberto em junho com programação musical, como o festival de rock Balaclava. Confira a entrevista.
Bar Âmago deve se mudar para Largo do Arouche Divulgação
AGÊNCIA DC NEWS — Como surgiu a ideia do Âmago? Chico Lowndes — A ideia surgiu para dar uso a um espaço ocioso em processo de transição de uso e aprovação de projeto de retrofit.
AGÊNCIA DC NEWS — Por que o nome? Chico Lowndes — Âmago é o que se encontra no centro. Como nosso local escolhido foi o Largo da Misericórdia, que fica no eixo central de São Paulo, trouxemos a ideia com uma identidade. Somos um pop-up, uma espécie de ocupação. Temos prazo de validade, ficando seis meses no local atual.
AGÊNCIA DC NEWS — Então vocês vão se mudar? Chico Lowndes — Queremos continuar o projeto, pois vimos que temos um potencial gigante em seguir com o mesmo, levando nossa qualidade de curadoria de eventos e música, investir mais em nossa coquetelaria e encontrar novos espaços que mantenham a essência de como ele se iniciou como um projeto pop-up.
AGÊNCIA DC NEWS —Já sabem qual será a próxima parada? Chico Lowndes — Ainda não, mas continuaremos no Centro, provavelmente Largo do Arouche.
AGÊNCIA DC NEWS — Qual a relação de vocês com a SomaUma? Chico Lowndes — Trata-se de uma parceria com a ocupação de andares do edifício Misericórdia, que futuramente será um edifício residencial viabilizado através do processo de retrofit. Nossa missão é movimentar um calendário cultural e dar visibilidade ao endereço e ao empreendimento, simultaneamente caminhando com iniciativas da economia criativa, com uma plataforma aberta e colaborativa, um laboratório de experimentação sonora.
AGÊNCIA DC NEWS — E por que o Centro? Chico Lowndes — A escolha pelo Centro se dá pela necessidade de militar na sua revitalização, pela retomada da nossa rica história e valorização da arquitetura da região, assim como a possibilidade de novos espaços e custos mais acessíveis.
AGÊNCIA DC NEWS — Qual seria a relação do Centro com a música eletrônica? Chico Lowndes — A música eletrônica, os eventos undergrounds, praticamente todos eles nasceram no Centro. Assim, unimos uma experiência de coquetelaria que você encontra em locais, uma curadoria que abrange públicos das mais diversas localidades que temos na cidade. Isso é importante, pois nosso projeto também tem como objetivo, revitalizar a região central da cidade, conseguindo trazer bons olhares novamente para o que temos de mais precioso no coração de São Paulo.
AGÊNCIA DC NEWS — Por que um bar de discotecagem? Chico Lowndes — A discotecagem é uma forma mais democrática e tecnicamente viável de apresentar música, está relacionada à evolução da produção musical contemporânea, a profissão de DJ e a popularização da música eletrônica, trabalhar uma grande diversidade de gêneros, produzindo a cada data de abertura, uma expansão e imersão sonora para quem frequenta.
AGÊNCIA DC NEWS — O que toca no Âmago? Chico Lowndes — No Âmago, você encontra um leque grande musical. Dentre eles, temos House, Techno, Dancehall, Breaks, Disco e muitos outros subgêneros que se enquadram nesses estilos.
AGÊNCIA DC NEWS — O que seria um “laboratório artístico”, já que é assim que consideram o espaço. Chico Lowndes — Um espaço de experimentação, aberto e colaborativo, sem restrições e limites comerciais. Todo espaço que traz consigo uma diversidade de artistas, estilos sonoros, cenografias e intervenções de artes visuais, técnicas mistas, causando um impacto audiovisual, torna tudo o que fazemos um laboratório artístico.
AGÊNCIA DC NEWS — Quais são os números do Âmago atualmente? Chico Lowndes — Não consigo falar sobre valores, mas estamos bem. Após quatro meses de trabalho intenso, hoje temos 18 colaboradores e recebemos 12 mil visitantes no último trimestre.
AGÊNCIA DC NEWS —Quais são as dificuldades? Chico Lowndes — Nossas maiores dificuldades são a zeladoria da cidade, segurança e o déficit de moradia popular.