SÉRIE Desafios 2026, Parisi: "O associativismo me ensinou que ninguém cresce sozinho"
“Sempre fui muito inquieto e estou sempre em busca de desafios.”
(Andre Lessa/Agência DC News)
Para Francisco Parisi, o desafio do Brasil hoje é reconstruir o senso de pertencimento entre quem produz e quem empreende
Criado e crescido na Mooca, em São Paulo, ele aprendeu desde cedo a viver o associativismo. "Sem união, o pequeno empreendedor não tem voz"
Por Felipe Nogueira Porto SeibelCompartilhe:
[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS] Na série especial Desafios 2026, iniciativa da AGÊNCIA DC NEWS, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as histórias de quem move a economia real ajudam a traçar um retrato do empreendedorismo brasileiro em um momento de transição profunda. Para abrir a discussão, a reportagem ouviu Roberto Mateus Ordine, presidente da entidade, e segue com entrevistas diárias com seus oito coneselheiros e o presidente do Conselho Superior, Rogerio Amato. Agora é a vez de Francisco Parisi, membro do Conselho Diretor, do Conselho Deliberativo e da Diretoria Institucional da ACSP, apresentar seu olhar sobre o Brasil. Ele, que transformou a vivência do comércio de bairro em experiência de gestão e, dela, extraiu uma convicção essencial, tem uma certeza: sem união, o pequeno empreendedor não tem voz. “Precisamos ter voz ativa e o associativismo garante isso aos empreendedores”, afirmou com a serenidade de quem viveu o tema por dentro. Para ele, o associativismo é mais do que uma ferramenta de representação; é o elo que liga a história individual de cada empresário a um propósito coletivo. Nessa conexão entre o dono da pequena loja, o prestador de serviço, o comerciante de rua e as instituições que os acolhem, que Parisi enxerga a base de um novo ciclo de crescimento — mais inclusivo, participativo e consciente.
O tom é de quem conhece as engrenagens do país de perto e sabe que, por trás de cada CNPJ, há uma biografia. Nascido e criado na Mooca, bairro que sempre foi um retrato vivo do trabalho comunitário e da convivência entre gerações, Parisi leva essa herança afetiva à mesa das decisões econômicas. “O associativismo me ensinou que ninguém cresce sozinho”, afirmou, com o mesmo entusiasmo que o levou, ainda jovem, a organizar encontros de negócios, fomentar redes e articular pequenas vitórias que, somadas, transformam o entorno. Para ele, o desafio do Brasil não é apenas desburocratizar ou simplificar leis, mas reconstruir o senso de pertencimento entre quem produz, empreende e gera oportunidades. Essa visão – que combina pragmatismo e afeto – costura sua trajetória dentro da ACSP e reflete sua crença na força das conexões humanas como motor de um novo desenvolvimento.
Aos 66 anos, Francisco Parisi reúne a serenidade da experiência e a inquietude de quem nunca deixou de aprender. Sua trajetória é feita de trabalho, curiosidade e disciplina, virtudes que moldaram tanto o empresário quanto o articulador que ele se tornou. Começou cedo, ainda adolescente, no Banco do Brasil, onde aprendeu a lógica da responsabilidade e do compromisso. Aos poucos, migrou do universo bancário para as vendas, a publicidade e, por fim, as franquias postais, construindo uma carreira que atravessou crises, transformações tecnológicas e mudanças de mercado. Foi nesse percurso que descobriu o valor de criar redes e fortalecer vínculos: liderou a expansão de agências franqueadas dos Correios, presidiu o sindicato patronal do setor (Sindifranco) e, na Associação Comercial de São Paulo, ajudou a desenhar projetos de integração e desenvolvimento local, como o Ativar os Negócios, iniciativa que conectou milhares de empreendedores durante a pandemia. Com décadas de atuação e trânsito entre o público e o privado, Parisi consolidou-se como uma das vozes mais respeitadas da entidade, defendendo com convicção a livre iniciativa e a responsabilidade coletiva como caminhos para um país mais equilibrado e produtivo. Confira a entrevista.
AGÊNCIA DC NEWS – Para começarmos, que tal voltarmos um pouco no tempo? Você cresceu na Mooca. Pode nos contar um pouco sobre a sua infância lá? FRANCISCO PARISI– Minha infância foi muito boa, graças a Deus. Sou o filho do meio de três irmãos, nasci lá na Mooca, onde morei por 30 anos. Meu pai era da área comercial da Companhia União dos Refinadores, a [empresa] do açúcar União e café Caboclo. Morávamos numa rua bem tranquila na época. Passei minha infância estudando em colégios públicos, mas brincando também com a molecada. Vivia nas ruas, foi uma época muito boa. Eu tinha uns oito anos quando aconteceram as gincanas de bairros da TV Record e Jovem Pan. Eles soltavam as tarefas pelo rádio e a gente formava a Escuderia Pepe Legal, que depois virou uma instituição. Eu me lembro de tudo nessa época: jogávamos futebol na rua – era rua contra rua: pião, bolinha de gude… E os balões, então? O Pepe Legal soltava balões absurdamente grandes! Era uma irresponsabilidade total (os olhos do menino Francisco brilharam nessa hora), não tinha lei contra. Eu saía correndo atrás. Fui nas domingueiras do Juventus, já na adolescência. Posso dizer que minha infância e juventude foram muito boas.
AGÊNCIA DC NEWS– Sua família tem uma forte herança italiana, não é? Suas avós eram da Itália? Como essa origem influenciou você? FRANCISCO PARISI– Sim, minha avó materna era do Vêneto, na Itália, e minha avó paterna, siciliana. Meu avô paterno, que não conheci, também era Parisi, então devia ter origem italiana. Inclusive, estamos buscando a cidadania italiana na família por via judicial. Minha avó materna, quando veio, ficou na imigração, em quarentena. Muitos italianos se instalaram na Mooca. É um bairro de italianos, pessoas conversadoras, gesticuladoras, que faziam amizade e convívio. É diferente… A Mooca descobriu, há cerca de 40 anos, teve sua idade revisada de pouco mais de cem para mais de 400 anos. Ah, e uma curiosidade: a palavra Mooca quer dizer, de origem indígena, “fazer casa.”
AGÊNCIA DC NEWS– Como foi sua primeira experiência profissional? FRANCISCO PARISI– Comecei meu primeiro emprego aos 14 anos no Banco do Brasil, por indicação do meu tio, que era gerente. Eu entrava às 7 da manhã, saía às 13h, almoçava e ia para a escola. Fiquei lá até os 17 anos e 10 meses. Fui menor estagiário do Banco do Brasil. Trabalhei muito, atrás dos caixas, na compensação, mexia em pilhas de cheques [faz movimento com a mão pra indicar o tamanho da pilha]. Eu não gostava de ficar parado, sempre precisei de movimento. Essa experiência me ensinou muita disciplina. Meu pai me disse na época: “só toma muito cuidado que seu tio tem uma carreira lá dentro, garoto.” E eu peguei aquilo e trabalhei direitinho. Eu fui considerado um dos bons funcionários, não porque sou melhor que todo mundo, mas pela instrução e recomendação que tive.
Sem união, o pequeno empreendedor não tem voz
Francisco Parisi
AGÊNCIA DC NEWS – Sua jornada empreendedora é bem diversificada, passando por anúncios, painéis e agências dos Correios. Conte-nos um pouco sobre essa trajetória. FRANCISCO PARISI– Depois do Banco do Brasil, decidi empreender. Algumas coisas deram errado. Tive uma empresa de balcão de anúncios em jornais que anunciava vendas de automóveis e imóveis. Depois, atuei no setor de painéis de publicidade. Lidei com mão de obra de terceiros e muitos desafios, até que percebi que precisava mudar de segmento. Em 1992, surgiu a oportunidade dos Correios. Abri a 60ª agência franqueada em São Paulo e estou até hoje. Tenho uma agência na Mooca, um galpão para logística, e minha esposa cuida de outra agência, na Vila Matilde. Essa experiência me levou a atuar no associativismo dos franqueados. Hoje sou presidente do sindicato patronal das franquias postais em São Paulo – Sindifranco [Sindicato das Agências de Correio Franqueadas do Estado de São Paulo].
AGÊNCIA DC NEWS – Sua atuação na ACSP revela um perfil de gestor e articulador. Como sua jornada profissional te conduziu para esse papel de liderança e engajamento com o comércio e as comunidades? FRANCISCO PARISI– Minha trajetória na ACSP começou por meio do Rotary Club. Em 1991, entrei no Rotary e, por intermédio dele, conheci pessoas que estavam na Associação Comercial, na Distrital Mooca, e me encaminharam para a ACSP. Fui como conselheiro e, logo, me chamaram para fazer parte da diretoria – estavam buscando gente mais jovem. Passei pelos cargos de segundo e primeiro secretário e, após o falecimento do superintendente, outra pessoa assumiu a função. Em 2013, assumi a Distrital como superintendente. Fiquei surpreso, pois não tinha quase ninguém nas reuniões. Eu via uma abordagem de trabalho restrita. Foi então que eu sugeri a mudança na diretoria: um superintendente e cinco vice-superintendentes, cada um cuidando de uma pasta. Essa sugestão foi aprovada e é o modelo que temos até hoje. Atraímos empresários e gestores da região, as lideranças, e começamos a organizar eventos, como o aniversário do bairro dentro da Distrital.
AGÊNCIA DC NEWS–Você foi fundamental na criação de iniciativas como os “Encontros de Negócios” e as rodadas de negócios. Como essas ações impulsionaram o crescimento e a relevância da ACSP? FRANCISCO PARISI – Sempre fui muito inquieto e estou sempre em busca de desafios. Comecei a fazer os “Encontros de Negócios” na Distrital Mooca. Desmontávamos o salão, deixávamos assentos em volta, e eu chamava meus conselheiros para convidar não-associados, potenciais membros, entre outros. Buscava lideranças da Mooca, como o presidente do Juventus, o subprefeito, o comandante do Batalhão… Eram conexões que o pequeno empresário queria, mas não tinha acesso. Convidava parceiros como o Hospital São Cristóvão. Dávamos um minuto para cada empresário expor seu negócio. Essa iniciativa foi um desafio bem-sucedido. Depois, levamos para um lugar maior, no Juventus, com rodadas de negócios como o LEMA (Lideranças Empresariais Maçônicas) e o LER (Lideranças Empresariais Rotárias), que atraíram 700-800 pessoas. Criamos um sistema de mesas, com moderadores, onde cada um tinha um minuto para falar do seu negócio. Foi um sucesso!
AGÊNCIA DC NEWSDurante a pandemia, a ACSP, com sua liderança, desenvolveu o “Ativar os Negócios”, que impulsionou o número de associados. Conte-nos como essa ideia surgiu e qual o impacto hoje? FRANCISCO PARISI– Em 2019, quando assumi como vice-presidente, vimos que a Associação tinha predominância de profissionais liberais e contava com cerca de 2.900 associados. Durante a pandemia, em 2020, quando tudo parou, percebi que o trabalho que havíamos desenvolvido para as distritais poderia acabar. Tive a ideia de montar grupos de WhatsApp – até hoje se chama ‘Ativar os Negócios,’ e onde os empresários interagem para apresentar suas respectivas atividades comerciais. Registramos o nome e compramos smartphones para os coordenadores das distritais. A ideia era que os empresários se ajudassem mutuamente. Eu e o VP Douglas Formaglio, atual coordenador das distritais, meu adjunto, decidimos não participar diretamente dos grupos… Foi um sucesso! O dono da gráfica publicava, o restaurante publicava, e as pessoas iam entrando. A ACSP ficou com todos os leads. Hoje, ‘Ativar os Negócios’ é uma ferramenta com cinco mil participantes e uma grande porta de entrada para novos associados. Crescemos de 2.900 para 13 mil associados (sorri, orgulhoso), também frutos de muitas outras ações na nossa entidade!
AGÊNCIA DC NEWS – Além do trabalho empresarial, você tem uma forte atuação em causas sociais. Conte-nos uma história que ilustre o impacto mais significativo de uma dessas ações. FRANCISCO PARISI – Durante a pandemia, os Correios foram considerados atividade essencial e permaneceram abertos. Em conversa com minha assessora de imprensa, no Sindifranco, surgiu a ideia de elaborarmos uma cartilha com orientações sobre higiene, uso de máscaras e protocolos de atendimento ao público. Tive a oportunidade de apresentar essa proposta em uma reunião virtual com o (então) presidente Alfredo Cotait Neto e a diretoria da ACSP. A partir dela, a Associação Comercial desenvolveu um material semelhante, com as adaptações necessárias, que foi distribuído por meio de suas 15 sedes distritais. Junto às cartilhas, os empresários também receberam kits de máscaras faciais para uso em seus estabelecimentos. Um exemplar da cartilha integrou o protocolo oficial encaminhado pela ACSP à Prefeitura de São Paulo, servindo de referência para a reabertura do comércio naquele período. Foi um momento marcante quando, a pedido do Dr.Ordine (Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP), estive na Santa Casa de São Paulo, acompanhado do vice-presidente Douglas, para a entrega de protetores faciais.
AGÊNCIA DC NEWS – Um passo importante enquanto o Brasil ainda não sabia como agir diante da pandemia… FRANCISCO PARISI– Sim. A ação simbolizou o compromisso da ACSP, que foi pioneira na organização da retomada das atividades e na reabertura do comércio. Após a pandemia, diante do aumento da população em situação de rua no Centro, o então presidente Alfredo Cotait Neto confiou ao Dr.Ordine (vice-presidente na época) e a mim a missão de encontramos alternativas para amenizar a situação dessas pessoas, que se alimentavam nas calçadas. Entramos em contato com a secretária de desenvolvimento social e buscamos uma solução. Surgiu a oportunidade que denominei ‘Projeto Acolher’. Com o subprefeito da Sé, identificamos um terreno. A Associação investiu e construiu o ‘Projeto Acolher’ em 78 dias. Posteriormente, a Prefeitura, rebatizou o espaço com outro nome. Não conduzimos a gestão, doamos para a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo. Atualmente, mais de 600 refeições são servidas por dia, mudando a realidade daquela área no Centro. Missão dada, missão cumprida!
AGÊNCIA DC NEWS– Como enxerga o papel da ACSP na formação das futuras gerações de empreendedores? FRANCISCO PARISI – É essencial, indispensável. Quanto mais cedo começar, mais preparado o jovem estará, mais oportunidades surgirão. Eu sempre falo que o conhecimento é fundamental no âmbito empresarial. Eu sugeri à Associação levar um projeto ao governo para introduzir a matéria de empreendedorismo no último ano do Ensino Médio. As escolas formam para procurar emprego, não para empreender. O CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) tem essa função e o Rotary também forma jovens para o mercado de trabalho. Meu filho mais velho, por exemplo, é programador, trabalha numa fintech americana e agora está na área de Inteligência Artificial. Ele me disse: “pai, você falou que posso estudar o que eu quisesse, que era uma garantia.” Ele é a prova de que a Educação e o conhecimento são cruciais. É o futuro do trabalho, não do emprego!
AGÊNCIA DC NEWS– Que bacana! E o ‘Natal Iluminado,’ da ACSP, é um evento que visa aquecer a economia da cidade. Conte-nos um momento marcante que demonstra o poder de mobilização comunitária para o comércio. FRANCISCO PARISI – Recordo-me de que meu pai me levava para ver a iluminação de Natal quando eu era criança. O presidente Ordine pediu para resgatar isso, e voltamos com o ‘Natal Iluminado.’ Estamos nos preparando para a terceira edição. O prefeito [Ricardo Nunes]faz o lançamento conosco. A ACSP desenvolve palestras com o Sebrae nas distritais, incentivamos a decoração, e temos um concurso de decoração com cinco categorias[empresa, comércio, shoppings, residências e edifícios residenciais]. Há votação popular e premiação. No ano passado, tivemos 150 inscrições. Os ganhadores levam prêmio e o troféu ‘Valor Social.’ É um evento que se consolida, visa incentivar a decoração a fim de tornar o comércio mais atrativo e melhorar o desenvolvimento econômico da região.
AGÊNCIA DC NEWS– Quais são os principais projetos e as grandes bandeiras que você e a coordenação das sedes distritais esperam implementar para fortalecer a presença e a atuação da ACSP nos bairros? FRANCISCO PARISI – Estamos trabalhando dentro do objetivo da nossa organização: apoiar o empreendedorismo e defender a livre iniciativa. Nossas distritais são a representação regional da ACSP. Queremos aumentar expressivamente a representatividade. Eu acredito na diversidade das atividades – pequenos comércios, prestadores de serviço, pequenas indústrias… todos interagindo. A diversidade é o que faz o ‘Ativar os Negócios’ funcionar e atrair novos membros. Se tivermos um grupo empresarial consistente e forte na região, ele será respeitado pelas autoridades. Aquilo que defendemos, que apoiamos e que acreditamos, transmitimos essa mensagem aos empresários.
AGÊNCIA DC NEWS– A digitalização é uma realidade inegável para o comércio de bairro. Como os micro e pequenos estão olhando esse novo cenário e como é a atuação da ACSP nesse sentido? FRANCISCO PARISI – É um caminho sem volta. Para quem deseja se manter ativo e competitivo é indispensável adotar essas ferramentas, caso contrário, poderá ficar para trás. A pandemia deixou bem evidente que os negócios que não contavam com delivery ou presença digital encontraram muitas dificuldades para sobreviver. Nossas distritais realizam esse trabalho, promovendo palestras, workshops e encontros que incentivam o conhecimento e a utilização de novas ferramentas e recursos digitais. O trabalho que acompanhamos tem gerado bons resultados. A ACSP planeja ser uma bússola, oferecendo apoio e ferramentas nessa jornada, para que os micros e pequenos empresários possam se adaptar a essa nova realidade, que é crucial para a sustentabilidade dos seus negócios.
“Precisamos ter voz ativa e o associativismo garante isso aos empreendedores” (Andre Lessa/Agência DC News)
AGÊNCIA DC NEWS – Se pudesse deixar um legado específico para o associativismo de bairro e para as sedes distritais nos próximos 5 a 10 anos, qual seria e por quê? FRANCISCO PARISI–Aquele ditado “unidos somos mais fortes” é extremamente verdadeiro. O legado que gostaria de deixar é o fortalecimento do espírito de união e representatividade empresarial. Precisamos estar juntos, articulados, no mesmo ambiente. O associativismo é que garante voz aos empreendedores, permitindo transformar demandas locais em conquistas concretas. Um exemplo disso é o trabalho que estamos realizando junto à Distrital Mooca, que está criando o ‘Núcleo Distrital Regional Henry Ford,’ unindo empresas para defender seus interesses diante de projetos que poderiam impactar a economia da região. Nos próximos anos, desejo que as distritais estejam cada dia mais próximas dos empresários de bairro, mostrando que juntos somos mais fortes e que muitos núcleos distritais regionais estejam em atividade. É o poder da nossa entidade!
AGÊNCIA DC NEWS – E o Centro de São Paulo, que está passando por um processo de revitalização. Qual o papel do comércio local nesse processo? FRANCISCO PARISI– É preciso mostrar que essa região já apresenta mudanças positivas. As pessoas tinham receio de frequentar o Centro de São Paulo. Estamos trabalhando para mudar essa visão. A partir do momento em que houver um fluxo maior de pessoas circulando, mais investimentos serão atraídos. Uma das iniciativas que sugeri é a realização de um grande feirão de imóveis da região, reunindo imobiliárias e proprietários de imóveis desocupados em um encontro, visando facilitar negócios e estimular a ocupação da região. É um projeto que agradou o presidente, mas precisa de alguém para assumir sua execução. Precisamos comunicar isso de forma ampla, com o apoio da imprensa, para que mais pessoas redescubram e valorizem o Centro. A publicidade dos fatos positivos é essencial.
AGÊNCIA DC NEWS – Olhando para o futuro do Brasil, quais são os grandes desafios que o país precisa superar para garantir um desenvolvimento econômico e social robusto e inclusivo? FRANCISCO PARISI– O grande desafio para o Brasil é investir de forma consciente em educação, especialmente para a juventude. O poder público deve oferecer oportunidades para os talentos, sem se prender ao corporativismo. Além, é claro, de fortalecer a pequena empresa, apresentando oportunidades para seu desenvolvimento.
AGÊNCIA DC NEWS – Qual conselho você daria ao jovem Francisco Parisi, no início da sua jornada? FRANCISCO PARISI–Ao jovem Francisco Parisi, eu diria: tenha disciplina, valorize a família, esteja atento e aproveite as boas oportunidades. Prepare-se por meio da Educação e do conhecimento. Liderança se constrói com formação e dedicação. Eu espero ser lembrado por ter colocado meu tempo e meu conhecimento à disposição a serviço do desenvolvimento da minha região e da cidade.
Saí da entrevista com Francisco Parisi pensando em Vinicius de Moraes. “A vida é a arte do encontro.” A frase ressoava como uma síntese possível de tudo o que ele havia dito – sobre união, propósito e força do coletivo. Talvez o associativismo seja justamente isso: o gesto simples de permanecer, de ouvir e de construir junto. Em um país que tanto se fragmenta, essa persistência em reunir é, por si só, uma forma de resistência. Parisi fala de negócios, mas está sempre, no fundo, falando de pessoas. E o comércio, tão caro à ACSP, é só o ponto de partida: o verdadeiro valor está no encontro – “embora haja tanto desencontro pela vida.”