Governo Lula evita embate político com Castro e cobra Congresso após mortes no RJ

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais para afirmar que a operação policial contra o Comando Vermelho realizada nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro, ressalta a necessidade de aprovação da PEC da Segurança Pública no Congresso.

Sem citar nominalmente o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que usou o momento para criticar o governo federal, Gleisi evitou rebater as acusações feitas pelo governador de que as Forças Armadas teriam negado três pedidos de ajuda em operações policiais.

“Os violentos episódios desta terça-feira no Rio, com dezenas de mortes, inclusive de policiais, boqueio de rodovias e ameaças à população, ressaltam a urgência do debate e aprovação da PEC da Segurança Pública no Congresso Nacional. Ficou mais uma vez evidente a necessidade de articulação entre forças de segurança no combate ao crime organizado”, escreveu no X (antigo Twitter).

A ação policial deixou mais de 60 pessoas mortas nesta terça. Do total de vítimas, a vasta maioria são de pessoas apontadas pela polícia como suspeitas de serem criminosas. Dois policiais civis e dois policiais militares também morreram na ação. O número exato de mortos ainda está sendo contabilizado.

Durante entrevista coletiva sobre a operação, o governador criticou a “falta de foco” do governo Lula em relação à segurança pública. “Não temos ajuda das forças de segurança [federais], nem [da] Defesa. É o Rio de Janeiro sozinho”, disse.

Em paralelo, a Casa Civil convocou para a tarde desta terça uma reunião para tratar da situação. Entre os participantes, estão o chefe da pasta, Rui Costa, e a ministra Gleisi, segundo auxiliares do Palácio do Planalto.

O Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que não recebeu nenhum pedido do governador para auxiliar na operação. A cúpula da pasta classificou a megaoperação como “desastrosa e eleitoreira”.

Ele afirmou que, além da PEC da Segurança, também está na Casa Civil o projeto de lei Antifacção, que propõe alterações em diversas normativas para ampliar o enfrentamento às facções criminosas, com foco sobretudo na descapitalização dessas organizações

A PEC da Sergurança é uma das propostas que o governo tenta avançar no Congresso. O texto já foi aprovado pela CCJ (Comissão de constituição e Justiça) da Câmara e aguarda para ir ao plenário. Em sua manifestação, Gleisi disse ser necessário o fortalecimento da Polícia Federal e outras forças federais no planejamento e na execução das ações conjuntas.

“Também ficou demonstrada a necessidade de que as ações sejam precedidas de operações de Inteligência, inclusive inteligência financeira, para que obtenham sucesso, como vimos na Operação Carbono Oculto. É isso que o governo do presidente Lula propõe na PEC da Segurança Pública: uma grande articulação com os governos estaduais, em que somente o crime sairá perdendo”, finaliza ela.

Após a operação, o Ministério da Justiça publicou uma nota afirmando que a pasta e o governo do Rio firmaram acordo de cooperação técnica para a criação de uma Célula Integrada de Localização e Captura de Foragidos, com foco na identificação, localização e prisão de criminosos de outras unidades da federação que se refugiam em comunidades fluminenses.

A nota cita ainda uma reunião realizada em fevereiro deste ano entre o governador e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmando que o chefe da pasta atendeu, na ocasião, a um pedido do Estado, oferecendo dez vagas em presídios federais para alocar lideranças criminosas do Rio de Janeiro.

O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) também se manifestou via rede social, com foco no tom de fomento à aprovação da PEC.

“O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se opôs a PEC que permitiria ao governo federal atuar junto dos governadores na segurança pública, atribuição dos estados. Não solicitou ajuda nem colaboração. Faz uma ação que está gerando mortes e caos, e depois politicamente tenta se eximir de responsabilidades e atacar o governo federal. Não é correto do governador tentar fugir de suas responsabilidades fazendo um jogo pré-eleitoral”, disse.

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