Governo Trump formaliza pedido de revelação de depoimentos sigilosos do caso Jeffrey Epstein

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A secretária de Justiça dos Estados Unidos, Pam Bondi, oficializou nesta sexta-feira (18) o pedido a um tribunal federal para a divulgação dos depoimentos de testemunhas do caso Jeffrey Epstein, conforme o presidente Donald Trump havia ordenado na véspera.

Sob pressão de apoiadores, Trump escreveu em publicação na Truth Social que, devido ao que chamou de “quantidade ridícula de atenção dada a Jeffrey Epstein”, Bondi deveria publicar “todo e qualquer depoimento [do caso] pertinente ao Grande Júri”.

A ordem do presidente veio como resposta a uma onda de cobranças públicas da base trumpista pela divulgação completa dos arquivos da investigação, dos quais o FBI e o Departamento de Justiça têm posse. Na prática, o que Trump solicita —a divulgação de depoimentos de testemunhas— representa uma fatia de todos os documentos.

Entre os arquivos da investigação está uma carta atribuída a Trump, incluída em um álbum de aniversário organizado por Ghislaine Maxwell, então a namorada de Epstein, para o financista em 2003, que foi revelada na quinta-feira (17) pelo jornal americano Wall Street Journal. O material contém um desenho de uma mulher nua e mensagens sugestivas, além de supostos escritos de outras personalidades famosas. O presidente nega que seja o autor do texto e do desenho, o que diz ser uma invenção do jornal.

Também nesta sexta, Trump processou o Wall Street Journal e o seu dono, Rupert Murdoch, além de dois jornalistas do veículo, acusando-os de difamação e calúnia. O processo foi registrado em um tribunal federal da Flórida, em Miami. Detalhes da ação não foram divulgados.

A base aliada acredita haver nos arquivos uma série de documentos que, além de elucidar o caso, pode identificar possíveis envolvidos que ainda não teriam sido expostos publicamente. No início do mês, o Departamento de Justiça e o FBI publicaram um vídeo a partir do qual afirmam ter concluído que Epstein se suicidou na cadeia, em 2019. Os órgãos disseram que não existem provas de que ele tenha chantageado figuras poderosas nem mantido uma “lista de clientes”, como se acredita há anos.

Na semana seguinte, a revista americana Wired, especializada em tecnologia, afirmou que o vídeo em questão, que tem quase 11 horas, não foi publicado em seu estado bruto, como havia afirmado o FBI.

Os próprios diretores da polícia federal americana, Kash Patel e Dan Bongino, são figuras centrais na controvérsia e reviravolta do caso. Antes de integrarem o governo Trump, ambos eram influenciadores digitais ligados ao movimento Maga —acrônimo para Make America Great Again (faça a América grandiosa novamente)—, e estiveram entre os principais propagadores de teorias conspiratórias sobre a morte de Epstein.

Patel e Bongino chegaram a levantar dúvidas sobre um potencial assassinato e sugeriram, à época, que haveria uma rede de proteção envolvendo políticos, empresários e celebridades. Desde que assumiram cargos de liderança no FBI —Patel como diretor, e Bongino como vice—, no entanto, os dois adotaram um discurso mais institucional e passaram a respaldar a versão oficial de suicídio.

No início de junho, quando o bilionário Elon Musk e o presidente americano protagonizaram um embate público nas redes sociais, Musk insinuou que Trump estaria nos arquivos do caso Epstein. O CEO da Tesla depois apagou a publicação.

Trump nega veementemente qualquer envolvimento com os crimes de Epstein e, em entrevistas anteriores, disse ter rompido com ele nos anos 2000. Ainda assim, sua relação com o financista nos anos 1990 continua a ser alvo de questionamentos por parte de opositores políticos democratas.

Na publicação de quinta, Trump voltou a reafirmar sua acusação de que a atual situação é inflada e fraudada pelo Partido Democrata. “Este golpe, perpetuado pelos democratas, deve acabar agora mesmo!”, escreveu.

O presidente já havia contrariado seus apoiadores na última quarta ao defender que a existência de tais arquivos —uma obsessão da base trumpista há anos— é uma fraude inventada pelos democratas e que quem acredita nela é um ex-apoiador.

“Essas fraudes e farsas são a única coisa na qual os democratas são bons”, escreveu. “Eles não sabem governar, não têm boas políticas, não sabem escolher candidatos que vencem. O novo golpe deles é o que para sempre chamaremos de farsa Jeffrey Epstein, e meus ex-apoiadores mergulharam de cabeça nessa bobagem.”

Em documentos revelados em janeiro de 2024 —quando uma juíza de Nova York derrubou o sigilo sobre eles—, nomes como “Clinton”, “Andrew” e “Trump” foram mencionados. Além do republicano, os demais mostram uma aparente referência ao ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e ao príncipe Andrew, irmão do rei Charles 3º, do Reino Unido.

A presença desses nomes, no entanto, não significa que há acusação contra as pessoas citadas ou associação provada delas com Maxwell, Epstein ou outros envolvidos no processo. As citações, além de não confirmarem sobre quem tratam, podem dizer respeito a acusados de irregularidades, acusadores e potenciais testemunhas, além de funcionários de Epstein e de pessoas que visitaram sua casa ou viajaram em seu avião particular.

O financista foi acusado no início dos anos 2000 de abuso sexual de menores e recrutamento de meninas para prostituição. Em 2008, ele se declarou culpado pelo crime de exploração de menores e, após um acordo, cumpriu 13 meses de prisão e pagou indenização às vítimas.

Anos mais tarde, em 2019, Epstein foi preso novamente, dessa vez acusado de abuso de menores e de operar uma rede ampla de exploração sexual. Dezenas de mulheres acusaram o bilionário de forçá-las a prestar serviços sexuais a ele e a seus convidados em sua ilha particular no Caribe e em casas que ele possuía em Nova York, Flórida e Novo México. O financista se suicidou antes de haver um novo julgamento.

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