BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que operações realizadas nesta quinta-feira (28) contra o crime organizado pelo Ministério Público de São Paulo e Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, foram resultado dos esforços do ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) por uma coordenação para o combate ao crime.
A Polícia Federal anunciou nesta manhã a realização de duas operações contra a atuação de facções criminosas, como o PCC, nos combustíveis e no setor financeiro, no mesmo dia em que o Ministério Público de São Paulo deflagrou uma megaoperação sobre o mesmo tema.
Haddad participou de entrevista coletiva na manhã desta quinta, ao lado de Lewandowski e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. O encontro ocorreu ao mesmo tempo em que, na capital paulista, o MP de São Paulo também falava à imprensa sobre a megaoperação encontro que contou com a participação de Guilherme Derrite, secretário da Segurança do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
As entrevistas foram marcadas no mesmo horário, expondo mais um capítulo da disputa pela coordenação das investigações sobre o crime organizado no país.
“Estamos falando hoje de três operações, grandes operações, que ocorrem em dez estados da federação. Portanto é uma ação de âmbito nacional, que contou, como disse Lewandowski, com a colaboração dos ministérios públicos, dos estados, secretarias de Fazenda, de Segurança Pública”, disse.
Haddad disse que o governo federal está dando uma resposta coordenada ao crime organizado, e que a coordenação dentro do governo federal e com a colaboração dos estados subnacionais se intensifique.
“Que a gente deixe de lado as disputas menores para combater o crime em uníssono, de forma coordenada, como política de Estado”.
Haddad e Lewandowski mencionaram a PEC da Segurança, de iniciativa do governo federal, como um medida para melhorar o combate ao crime organizado de forma coordenada. A proposta tem recebido criticas de governadores de oposição ao governo Lula (PT) por, segundo eles, ferir a autonomia dos estados.
Desde as primeiras horas da manhã desta quinta, uma força-tarefa com 1.400 agentes cumpriu mandados em empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro que têm atuação nesse segmento e são utilizadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
A meta é desarticular a infiltração do crime organizado em negócios regulares da economia formal. A Receita Federal apurou que 1.000 estabelecimentos vinculados à facção movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
Batizada de Carbono Oculto, foi classificada como a maior operação contra o crime organizado da história do país em termos de cooperação institucional e amplitude, segundo a Receita Federal.
Também pela manhã, a PF anunciou duas operações de combate ao crime organizado no setor de combustíveis, chamadas de Quasar e Tank. As investigações expõem, segundo a PF, movimentações ilícitas que ultrapassam R$ 23 bilhões em rede criminosa nacional
Haddad ressaltou a atuação da Receita para a amplitude da operação. “A fiscalização da Receita Federal tem de ser colocada à disposição das investigações do crime”, disse.
Em abril, a Folha de S.Paulo mostrou que autoridades federais e estaduais investigam a infiltração do crime organizado em 941 postos de combustíveis localizados em ao menos 22 estados. O mapeamento inédito, obtido pela Folha de S.Paulo, revelou os indícios de domínio em parte desses postos por facções como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte. Milícias também atuariam no setor.