Hamas aceita proposta de cessar-fogo em Gaza; Israel não se manifesta

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SÃO PAULO, SP E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Hamas concordou nesta segunda-feira (18) com uma proposta de cessar-fogo com Israel que inclui o retorno de metade dos reféns mantidos pelo grupo terrorista na Faixa de Gaza e a libertação de alguns prisioneiros palestinos por Tel Aviv.

Basem Naim, alto funcionário do Hamas, confirmou a aprovação da proposta. Segundo o grupo, outras facções palestinas também comunicaram aos mediadores que estão de acordo. Ainda não houve resposta de Tel Aviv, mas um funcionário do governo israelense confirmou que o posicionamento foi recebido.

“Eu, como vocês, ouço os relatos na mídia, e a partir deles é possível ter um entendimento: o Hamas está sob imensa pressão”, afirmou o premiê Binyamin Netanyahu em vídeo divulgado pelo seu gabinete.

A aceitação pelo Hamas de uma proposta de trégua, por outro lado, também coloca mais pressão sobre o governo Netanyahu, que é criticado dentro e fora do país pela condução do conflito em Gaza.

No domingo (17), dia útil em Israel, centenas de milhares saíram às ruas em um dos maiores protestos no país desde o início da guerra. Os manifestantes exigiram o fim dos combates e o retorno dos 50 reféns ainda em Gaza, 20 dos quais se acredita que estejam vivos.

Uma autoridade egípcia com conhecimento das negociações -Egito, Qatar e Estados Unidos fazem a mediação- afirmou que a proposta aceita pelo Hamas inclui a suspensão das operações militares israelenses por 60 dias no território palestino e esboça a estrutura de um acordo mais abrangente para encerrar o conflito de quase dois anos.

Outra pessoa familiarizada com as negociações disse à agência de notícias Reuters que a proposta se assemelha muito a um plano anterior apresentado pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, que Israel já havia aceitado em outro momento.

A última rodada de negociações terminou em impasse no final de julho, com as partes trocando acusações de que o adversário bloqueava as conversas com exigências inaceitáveis.

Israel disse na ocasião que concordaria em parar com as operações se todos os reféns fossem libertados e se o Hamas depusesse as armas. A facção recusa essa última exigência sob o argumento de que só faria isso após o estabelecimento de um Estado palestino.

Um funcionário do Hamas afirmou à Reuters mais cedo nesta segunda que o grupo rejeitou as exigências israelenses de que a facção se desarme e que seus líderes sejam expulsos de Gaza.

Diferenças acentuadas pareciam permanecer ainda em relação à extensão de uma retirada israelense do território palestino e também sobre como a ajuda humanitária será entregue na área, em que a desnutrição é hoje generalizada e denunciada por organizações internacionais.

Nesta segunda, Israel revogou vistos de diplomatas australianos que trabalham em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, após o anúncio da Austrália de que reconhecerá um Estado palestino. Canberra também cancelou o visto de um político da coalizão de Netanyahu que defende a anexação da Cisjordânia.

Os planos de Israel para assumir o controle da Cidade de Gaza, o maior centro urbano do território conflagrado, provocaram críticas. Milhares de palestinos, temendo uma iminente ofensiva no local, deixaram suas casas em áreas no leste da cidade, atualmente sob constante bombardeio israelense, em direção a pontos a oeste e ao sul no território devastado.

Tanques israelenses avançaram para o subúrbio de Sabra, na Cidade de Gaza, segundo testemunhas que relataram a presença de pelo menos nove blindados e retroescavadeiras.

O chefe do Exército de Israel, Eyal Zamir, afirmou que o país estava em um ponto de inflexão na guerra, “com foco em intensificar os ataques contra o Hamas na Cidade de Gaza”.

Os mediadores se reuniram com representantes do Hamas no Cairo no domingo. Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, primeiro-ministro do Qatar, juntou-se às discussões nesta segunda e se reuniu com o ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, e representantes da facção palestina, segundo uma autoridade com conhecimento das reuniões.

Israel aprovou o plano para assumir o controle da Cidade de Gaza no início deste mês, mas autoridades dizem que poderia levar semanas para que ele fosse colocado em prática, deixando a porta aberta para um eventual cessar-fogo. Netanyahu, no entanto, diz que a ofensiva começaria “bastante rapidamente” e terminaria com a derrota do Hamas.

Netanyahu descreve a Cidade de Gaza como o último grande bastião urbano do Hamas. Israel já controla 75% de Gaza, e o Exército afirma que expandir a ofensiva poderia colocar em perigo os reféns ainda vivos, além de arrastar o conflito para um cenário ainda mais profundo de guerra de guerrilha prolongada.

Dani Miran, cujo filho Omri foi feito refém no 7 de Outubro, afirmou que teme as consequências de uma ofensiva terrestre na Cidade de Gaza. “Estou com medo de que meu filho seja ferido”, disse ele à Reuters, em Tel Aviv, nesta segunda.

Na cidade palestina, muitos também têm convocado protestos para exigir o fim de uma guerra que demoliu grande parte do território. As manifestações pedem ainda que o Hamas intensifique as negociações para evitar a ofensiva terrestre israelense.

Ahmed Mheisen, gerente de abrigo palestino em Beit Lahia, um subúrbio devastado pela guerra adjacente ao leste da Cidade de Gaza, disse que 995 famílias deixaram a área nos últimos dias em direção ao sul.

“Estou indo para o sul porque preciso aliviar meu estado mental”, disse Mousa Obaid, da Cidade de Gaza, à Reuters. “Não quero continuar me movendo para a esquerda e para a direita sem fim. Não há mais vida e, como você pode ver, as condições são difíceis, os preços estão altos e estamos sem trabalho há mais de um ano e meio.”

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