Irã condiciona diálogo nuclear a EUA assumirem responsabilidade por ataques a suas instalações

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Irã quer que os Estados Unidos assumam responsabilidade pelos ataques de junho contra as instalações nucleares do país como condição para futuras negociações, ao mesmo tempo em que descartou conversações diretas com Washington.

Os EUA atacaram várias instalações nucleares iranianas em 22 de junho, no âmbito da guerra iniciada por Israel e que interrompeu os incipientes contatos sobre o programa nuclear do país persa.

“Em qualquer possível negociação (…) a questão de responsabilizar os Estados Unidos e exigir uma compensação por terem cometido uma agressão militar contra as instalações nucleares pacíficas do Irã será um dos pontos na agenda”, declarou nesta segunda-feira (4) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baqai.

Ao ser questionado se o Irã participaria de conversações diretas com os Estados Unidos, respondeu: Não.

Em junho, Israel lançou um ataque sem precedentes contra instalações nucleares e militares iranianas e também atingiu áreas residenciais durante 12 dias de guerra. No nono dia da ofensiva, as forças americanas se uniram diretamente ao conflito com ataques a instalações nucleares em Fordow, Isfahan e Natanz.

Esta foi a primeira ação de grande porte dos EUA contra seu maior rival no Oriente Médio, desde a Revolução Iraniana em 1979. Antes disso, haviam ocorrido apenas entrechoques pontuais.

Os combates interromperam as negociações iniciadas em abril entre Teerã e Washington — o diálogo mais importante desde 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump, quando os EUA abandonaram o acordo de 2015 que suspendia sanções contra o Irã em troca de restrições ao seu programa nuclear.

Segundo Trump, os ataques aniquilaram o programa que Washington e seu aliado Israel afirmam ter como objetivo o desenvolvimento de uma bomba nuclear.

No entanto, a NBC News citou autoridades americanas, dizendo que uma avaliação posterior dos EUA concluiu que, embora os ataques tenham destruído a maior parte de um dos três locais nucleares visados, os outros dois não foram tão danificados

Teerã nega que esteja buscando uma arma nuclear e afirma que seu programa tem apenas fins civis.

Alemanha, França e Reino Unido (o chamado E3), junto com China e Rússia, são os remanescentes do acordo assinado em 2015.

A resolução que rege o pacto expira em 18 de outubro. A partir dessa data, todas as sanções da ONU contra o Irã serão suspensas, a menos que o “mecanismo de retorno automático” (snapback) seja acionado pelo menos 30 dias antes. Isso restabeleceria as sanções, atingindo setores como hidrocarbonetos, sistema bancário e defesa.

Para viabilizar esse processo, o E3 estabeleceu o fim de agosto como prazo para retomar a diplomacia.

Em 25 de julho, representantes do Irã e da Alemanha, França e Reino Unido se reuniram em Istambul, no primeiro encontro desde os ataques de Israel e dos EUA. As negociações podem abrir espaço para a retomada de inspeções nas instalações nucleares iranianas.

Na ocasião, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, descreveu como encorajador o fato de o Irã ter dado sinal verde para uma visita da agência da ONU nas próximas semanas. Ele disse estar otimista quanto à possibilidade de retomar as inspeções nucleares ainda este ano.

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