SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O exército de Israel aprovou nesta quarta-feira (13) o plano operacional para a tomada total da Cidade de Gaza, aprovada na semana passada sob protestos internacionais e contrariando conselheiros de Binyamin Netanyahu.
Calendário do plano de incursão não foi divulgado pelo exército, mas plano de tomada deve demorar semanas, segundo autoridades. A agência de notícias AFP afirmou que, segundo fontes israelenses, isso mostra que a negociação de um cessar-fogo ainda é possível, embora negociações estejam fracassando.
Nova fase tem objetivo de “libertar todos os reféns israelenses e derrotar o Hamas”, segundo comunicado militar. A inteligência de Israel estima que 50 reféns estejam no enclave desde 7 de outubro de 2023 e que 20 deles ainda estariam vivos.
Plano foi aprovado ao mesmo tempo em que Cidade de Gaza teve ataques aéreos, presença de tanques nas ruas e um dos dias mais violentos em semanas, com 123 mortos em 24 horas. Entre as vítimas estão oito mortos por fome e 21 pessoas que tentavam recolher ajuda humanitária, segundo o Ministério de Saúde local.
Um ataque aéreo deixou 12 mortos em uma casa do bairro de Zeitoun. Segundo o hospital Al-Ahli, as vítimas foram atingidas durante a noite. Tanques também destruíram casas no leste de Kahn Younis.
Capital é a região mais habitada de Gaza e faz parte dos 25% do enclave que ainda não são dominados por Israel. Após o começo da guerra, operações fizeram o domínio militar israelense em Gaza crescer. Com o anúncio de retomada total, o avanço das forças militares deve dominar os 25% restantes.
Faixa de Gaza não é o único território palestino da região. Além do enclave, com 2,4 milhões de habitantes, a região da Cisjordânia, com 3,4 milhões de pessoas, também é considerada um território palestino.
FOME MATA PALESTINOS E ISRAEL É ACUSADO DE GENOCÍDIO
Desde o início da guerra, 235 pessoas morreram de fome. A maioria das vítimas (106) são crianças, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza.
167 dos 188 mortos foram vitimados pela desnutrição após 20 de julho de 2025, quando a situação no local piorou. O enclave também contabiliza mais de 1.300 pessoas assassinadas tentando coletar ajuda humanitária.
Israel proibiu a entrada de alimentos em Gaza por dois meses e meio. A medida, tomada entre março e maio deste ano, após mais de 40 dias de cessar-fogo, foi uma “ferramenta de pressão” contra o Hamas, segundo o governo israelense.
Retomada da entrega de alimentos não foi feita de forma efetiva, segundo organizações. A ONU e a Unicef denunciaram que o fluxo de alimentos entrando pelas fronteiras do país não era suficiente para a população de mais de 2 milhões de pessoas. Com a pressão internacional, Israel autorizou o envio de ajuda aérea, também considerado insuficiente, e anunciou pausas de 10 horas por dia nos conflitos para distribuição de comida.
Denúncia de genocídio foi reforçada por grupos israelenses na semana passada. Um relatório publicado pela B’Tselem e pela Physicians for Human Rights aponta que Israel fez ataques “claros e intencionais” contra civis em Gaza somente por causa de sua identidade como palestinos, causando “danos graves e irreparáveis”.
Israel nega o genocídio e afirma que suas ações em Gaza são motivadas por autodefesa. Governo de Netanyahu afirma que atua para impedir as ações “terroristas do Hamas”. Em relação à fome em Gaza, o país afirma que a ONU tem dificultado a distribuição de alimentos e que o Hamas tem interceptado as entregas para prejudicar a população, informação que foi refutada por organizações internacionais e fontes militares.
Guerra na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após ataque terrorista. O Hamas matou cerca de 2.000 israelenses em uma ação coordenada. Cerca de 250 reféns também foram levados para dentro do enclave. A estimativa de Israel é de que 50 sequestrados ainda estejam no enclave. Vinte deles estariam vivos, incluindo Evyatar David, 24, que apareceu esquelético em um vídeo divulgado pelo Hamas na última semana.