Lucro do Banco do Brasil cai 60% e chega a R$ 3,8 bi com alta na inadimplência de pessoa física e do agro

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Banco do Brasil teve um lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre deste ano. O resultado, divulgado nesta quinta-feira (14), é 60% menor que o registrado no mesmo período do ano passado e está abaixo do esperado por analistas consultados pela Bloomberg (R$ 5 bilhões).

O RSPL (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), que mede a rentabilidade do banco, despencou para 8,4%, ante 21,6% registrados há um ano e 16,7% dos três primeiros meses de 2025.

A margem financeira bruta totalizou R$ 25,1 bilhões, um crescimento trimestral de 4,9% e redução de 1,9% no ano.

A carteira de crédito terminou junho em R$ 1,3 trilhão, um crescimento de 11,2% em um ano e 1,3% na comparação com março de 2025.

A queda no lucro se deve a um aumento na provisão de perdas esperadas (PDD), que foi a R$ 15,9 bilhões, 104% maior que há 12 meses. Isso aconteceu por causa da alta na inadimplência e por uma nova resolução do Banco Central, que obriga os bancos a reservarem os valores que eles esperam não receber de volta, e não apenas o que já não receberam.

Nesta conta, o BB considerou um fluxo de perda esperada de R$ 7,9 bilhões do agronegócio, de R$ 4,8 bilhões de pessoas físicas e de R$ 4,3 bilhões de pessoas jurídicas.

Para Evandro Medeiros, analista da Suno Research, os números do Banco do Brasil são “bastante fracos, aquém de nossas expectativas em lucratividade.”

A expectativa de queda no lucro já tinha impactado as ações do banco. No pregão de 1° de agosto, os papéis do Banco do Brasil caíram quase 7%, refletindo um corte nas previsões para o desempenho da instituição feito pelo BTG Pactual, mas se recuperaram ao longo do mês.

Nas negociações pós-mercado nos EUA, os ADRs (certificados de ações emitidas fora dos EUA) do banco caíram 0,82%.

A inadimplência total do banco subiu de 3% da carteira em junho de 2024 para 4,21%. Um dos impulsionadores foi o crédito ao agronegócio (equivalente a 33,8% da carteira total de crédito expandida).

O agro passa por uma onde de recuperações judiciais após revés na safra de grãos passada. Neste segmento, os atrasos acima de 90 dias representam 3,49% do total, um avanço de 0,45 ponto percentual no trimestre e de 2,17 pontos percentuais no ano.

O BB, inclusive, não expandiu a concessão de crédito ao setor entre abril e junho. Em relação a 2024, porém, o saldo de R$ 405 bilhões é 8% maior.

“Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e do elevado percentual de garantias nessa carteira, há um estoque de operações que não foram pagos na safra 2024/2025, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor -que exigem maior provisionamento sob a nova regulação”, diz o balanço do BB.

Durante o período do Plano Safra 24/25 (julho/24 a junho/25), a estatal desembolsou R$ 225,8 bilhões, sendo o principal financiador do agro. Para o Plano Safra 2025/2026 serão até R$ 230 bilhões, dos quais R$ 54 bilhões serão voltados a pequenos e médios produtores, enquanto R$ 106 bilhões atenderão a agricultura empresarial, incluindo grandes produtores, cooperativas e agroindústrias.

Com relação a pessoas físicas, o atraso é maior, indo de 4,81% a 5,59% em um ano. Este segmento corresponde a 26,3% da carteira de crédito total.

Uma das linhas de destaque desta carteira é o crédito consignado CLT, uma das bandeiras do governo federal. Desde o início do Programa, em março deste ano, o BB já desembolsou mais de R$ 7 bilhões, com um market share de cerca de 24% de todo o consignado do trabalhador.

O provisionamento contra perdas de empréstimos de pessoas jurídicas, por sua vez, mais que dobrou entre o primeiro e segundo trimestre deste ano, indo de R$ 1,7 bilhões para R$ 4,26 bilhões. No entanto, a concessão de empréstimos avançou apenas 1,8% no período.

A inadimplência deste segmento foi de 4,06% para 4,18% no mesmo intervalo. Há um ano, era 3,38%.

“O ano de 2025 é de ajuste para aceleração do crescimento. Projetamos lucro entre R$ 21 e 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes para geração de riqueza aos nossos acionistas, oferecendo a melhor experiência e soluções mais adequadas aos nossos clientes”, diz Tarciana Medeiros, presidente do BB.

Com a piora nos números, a diretoria do banco reduziu a estimativa de distribuição de lucro aos acionistas. No início do ano, ela era de 40% a 45% do lucro. Agora, é de 30%.

Considerando a estimativa citada pela CEO, a distribuição ficará entre R$ 6,3 bilhões e R$ 7,5 bilhões.

RAIO-X | BANCO DO BRASIL NO 2º TRI DE 2025

Fundação: 1808

Lucro: R$ 3,8 bilhões

Agências: 3.997

Funcionários: 85.959

Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Nubank e Caixa Econômica Federal

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