Lucro do BNDES fica estável, desembolso cresce, e banco promete 'surpresas' contra tarifaço de Trump

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro líquido de R$ 13,3 bilhões no primeiro semestre de 2025. O desempenho ficou estável ante igual período de 2024, de acordo com balanço divulgado pela instituição nesta quinta (21).

Considerando somente o lucro líquido recorrente, que exclui fatores extraordinários, como venda e dupla listagem de ações da JBS e dividendos da Petrobras, o resultado foi de R$ 7,3 bilhões no primeiro semestre de 2025. Nesse recorte, houve elevação de 2% frente ao mesmo intervalo de 2024.

Os desembolsos do BNDES alcançaram R$ 54,6 bilhões. O volume teve crescimento de 11% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

Os desembolsos são os recursos que o banco libera para financiamentos em diferentes setores da economia. Representam a última etapa do fluxo de crédito da instituição.

Esse movimento começa nas consultas, vai para as aprovações e termina nos desembolsos.

As consultas somaram R$ 133,2 bilhões no primeiro semestre. A alta foi de 7% em relação a igual período de 2024.

Já as aprovações alcançaram R$ 72,8 bilhões de janeiro a junho de 2025. O aumento foi de 9%.

BANCO PROMETE AJUDA E ‘SURPRESAS’ APÓS TARIFAÇO

Durante a apresentação do balanço, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que o banco vai coordenar ações de apoio a setores impactados pelo tarifaço dos Estados Unidos.

Ele prometeu ajuda rápida, afirmou que a instituição está pronta para agir, mas evitou entrar em detalhes sobre as condições de crédito que serão oferecidas.

Mercadante afirmou que a definição cabe ao “centro do governo”. “Acho que vamos ter surpresas importantes. Serão inovações muito importantes nessa linha.”

“O BNDES está pronto para acelerar e fazer [o apoio] da forma mais rápida e mais eficiente, a exemplo do que já fizemos no Rio Grande do Sul”, completou o presidente, em uma referência à atuação do banco após as enchentes históricas que atingiram o estado em abril e maio de 2024.

Na semana passada, o governo Lula (PT) anunciou um pacote que inclui uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para ajudar as empresas com exportações afetadas pelo tarifaço de Donald Trump. Empresários cobram agilidade no plano, além de novas medidas de suporte.

“Para o BNDES, isso vai significar um aumento muito expressivo de crédito. Somos o banco que vai coordenar [as ações], a exemplo do Rio Grande do Sul, que vai agir para o Estado brasileiro ser solidário às empresas, manter o nível de emprego e superar essa adversidade até que se tenha uma mesa de negociação comercial capaz de rever [a sobretaxa]”, disse Mercadante.

BNDES NO 1º SEMESTRE

– Lucro líquido total: R$ 13,3 bi (estável)

– Lucro líquido recorrente: R$ 7,3 bi (+2%)

– Consultas: R$ 133,2 bi (+7%)

– Aprovações: R$ 72,8 bi (+9%)

– Desembolsos: R$ 54,6 bi (+11%)

– Taxa de inadimplência (+90 dias): 0,03%

Lula defende uma atuação fortalecida do BNDES, com medidas de apoio a diferentes setores da economia, mas a posição é vista com ressalvas por uma ala de analistas.

Eles temem um inchaço da instituição e uma volta de políticas adotadas por gestões petistas no passado.

A direção do banco já rebateu as críticas em mais de uma ocasião, dizendo que mira segmentos como inovação e transição energética.

Conforme o BNDES, as aprovações e os desembolsos de crédito estão em níveis equivalentes a 1,8% e 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto), respectivamente.

Em gestões anteriores do PT, esses percentuais chegaram a ficar acima de 5% e 4%, conforme o balanço divulgado nesta quinta.

“São quatro anos para a aprovação virar desembolso. A tendência é de que o desembolso chegue a 1,8% em quatro anos, pegando o momento de hoje”, disse Mercadante.

“Agora, como estão crescendo as consultas e as aprovações, provavelmente vamos chegar acima disso em 2028”, acrescentou.

CRÉDITO POR SETOR

No primeiro semestre de 2025, a infraestrutura foi a atividade que recebeu mais aprovações de crédito (R$ 24,2 bilhões) e desembolsos (R$ 18 bilhões) do BNDES.

A agropecuária veio na sequência dos desembolsos (R$ 13,9 bilhões), acima da indústria (R$ 12,4 bilhões).

Quando a análise considera as aprovações, a ordem se inverte. Nesse caso, a indústria (R$ 18,1 bilhões) superou a agropecuária (R$ 17 bilhões). O estímulo às fábricas via BNDES é uma promessa de Lula.

Considerando apenas o segundo trimestre de 2025, a instituição reportou lucro líquido total de R$ 7,7 bilhões e recorrente de R$ 4,6 bilhões.

O banco anunciou no final do primeiro semestre a retomada da compra de ações de empresas. A primeira operação do tipo desde o retorno da política foi confirmada em julho. Os investimentos diretos estão a cargo da subsidiária BNDESPar.

Em governos anteriores do PT, a compra de ações foi alvo de críticas de economistas por direcionar recursos para grandes companhias conhecidas como campeãs nacionais, que teriam condições de recorrer ao mercado financeiro sem o empurrão do banco.

Agora, a promessa da instituição é investir em empresas com projetos nas áreas de economia verde e inovação. O banco nega haver semelhanças com a estratégia das campeãs nacionais.

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