Lula fala em 4º mandato, mas diz que precisa estar '100%', e pede para PT priorizar Congresso

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) afirmou neste domingo (3) que pretende ser candidato novamente à Presidência desde que não esteja nas mesmas condições de saúde do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, no último pleito que participou.

Ainda sobre as próximas eleições, Lula pediu a aliados que trabalhem para o PT conquistar mais cadeiras no Congresso Nacional, especialmente no Senado.

“Para ser candidato tenho que ser muito honesto comigo. Preciso estar 100% de saúde. Para eu me candidatar e acontecer o que aconteceu com Biden, jamais. Quando falo que tenho 80, energia de 30, vocês podem acreditar”, disse. “Se eu for candidato, vou ser candidato para ganhar.”

Biden chegou a se candidatar no último pleito contra Donald Trump, mas abandonou a chapa após demonstrar aspectos de senilidade em debates e falas públicas durante a campanha.

As declarações foram dadas durante a posse de Edinho Silva como presidente do PT, junto aos demais membros eleitos para o diretório da sigla. O evento ocorreu em Brasília, como parte das cerimônias do último dia do Encontro Nacional do PT, iniciado na sexta-feira (1º).

O tema de sucessão da liderança de Lula foi tratado por Edinho em seu discurso, que afirmou ser responsabilidade do PT manter-se na disputa quando Lula não estiver mais nas urnas.

“O presidente Lula nos deixa um legado, e ele será fundamental para o nosso partido para o resto da nossa existência. Mas sabemos que, com todos os problemas enfrentados pelo PT, o presidente Lula foi para a sociedade, para as eleições, e reconduziu o partido ao seu local de direito. Essas cenas, após 2026, até por direito ao descanso e para viver sua vida pessoal, não vamos mais ter”, declarou o novo presidente do PT.

Lula, por sua vez, reforçou a necessidade de que o partido eleja mais parlamentares e pediu compreensão dos integrantes do partido nos momentos em que o governo precisa ceder diante do Congresso.

“Nessa eleição, nosso partido só elegeu 70 deputados de 513. É muita diferença. Se nós fôssemos os bons como nos pensamos que fôssemos, a gente teria eleito 140, 150. Mas isso não é um defeito só do PT, é de toda a esquerda”, disse.

“Muitas vezes na política vocês acham que é derrota, mas a gente aprovar uma política tributária num Congresso totalmente adverso… nós conseguimos. Com muita conversa, cedendo muitas coisas, senão você não governa”, completou.

“Alguns não queriam que eu vetasse o aumento de deputados na Câmara. Eu vetei porque não é disso que o Brasil tá precisando. Vetei e o Congresso tem direito de derrubar meu veto. Vamos ver o que que vai acontecer.”

Lula celebrou a presença de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Lula e que deixou o cargo nos desdobramentos do escândalo do mensalão.

“Eu queria dizer para vocês que estão felizes que o Zé Dirceu está presente aqui nessa batalha também”, afirmou. “Acho extremamente importante a volta do Zé Dirceu para a direção nacional do PT.”

Dirceu será um dos integrantes do diretório nacional do partido na gestão que agora se inicia e articula candidatura à Câmara dos Deputados no ano que vem.

A ex-presidente do PT e ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, esteve presente no evento, onde foi fortemente aplaudida, com gritos de “a Gleisi foi pra gente uma excelente presidente”.

Outros ministros do governo filiados à sigla também compareceram, entre eles, Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral).

Gleisi discursou contra a interferência dos EUA no Brasil, a qual afirmou estar sendo causada pela família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda em seu discurso, a chefe das Relações Institucionais falou a favor da chamada taxação BBB (bancos, bets e bilionários) e contra a guerra na Faixa de Gaza, puxou gritos contra a anistia e agradeceu nominalmente ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, pelos trabalhos no processo que mira os envolvidos no 8 de Janeiro.

“Temos uma luta maior também, ao lado de lutar contra as injustiças no Brasil, temos que lutar contra a intervenção estrangeira. Acho que ninguém nunca achou que fôssemos viver uma situação dessa no Brasil, desse tipo de interferência na nossa soberania e causada por um ex-presidente e sua família que quer anistia, que articulam contra o Brasil, que se fantasiam com a bandeira brasileira, que falam dos valores do Brasil e entregam o nosso país ao estrangeiro”, declarou.

“Sem anistia para uma gente traidora, que nos vende, que tentou dar um golpe e agora dá um golpe continuado. Nós não vamos negociar nossa soberania, democracia e autonomia dos nossos Poderes. E aqui quero fazer um cumprimento especial ao ministro Alexandre de Moraes, que tem sido fundamental na condução desse processo.”

Ao mesmo tempo, atos espalhados pelo país foram realizados em apoio a Bolsonaro. Em Brasília, o evento aconteceu simultaneamente ao evento do PT.

Na véspera, o partido aprovou a tese —texto que guiará os trabalhos da sigla nos próximos anos— apresentada pela corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), corrente de Lula que ganhou a maioria dos votos na eleição. As correntes são as chapas que disputam poder dentro do partido.

A tese foi aprovada com a inclusão de uma defesa do veto ao projeto de lei que muda as regras do licenciamento ambiental. Foram rejeitadas emendas propostas por alas mais à esquerda do partido, com críticas ao novo arcabouço fiscal e à frente ampla que dá sustentação ao governo em votações no Congresso.

Com 107 itens, o documento do CNB destaca entre as metas e diretrizes do partido para o momento o repúdio ao genocídio na Palestina, a atenção ao tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil e ao mundo, o combate à extrema direita, a isenção do Imposto de Renda para quem tem renda mensal de até R$ 5.000 e a igualdade salarial.

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