'Lula, sem mim [na disputa], ganha a eleição de qualquer um', diz Bolsonaro

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (18) que, sem sua participação na eleição de 2026, o presidente Lula (PT) ganha “de qualquer um”.

Segundo o político, a intenção do processo ao qual responde, sob a acusação de liderar uma trama golpista, é tirá-lo da disputa.

“O Lula, sem mim [na disputa], ganha a eleição de qualquer um. Ganha a eleição. Ele tem a máquina na mão, usa a máquina. Não interessa as consequências”, declarou Bolsonaro.

O ex-presidente da República está inelegível e não pode disputar a eleição de 2026, independentemente do processo sobre a trama golpista.

Não ficou claro neste trecho se Bolsonaro se referia a um cenário em que não é ele próprio o candidato de seu grupo político ou a um cenário em que ele não pode atuar nem como cabo eleitoral para outro postulante de direita.

Em outros momentos de sua fala, o político indicou que gostaria ele mesmo de ser o representante de seu grupo na próxima eleição presidencial.

“Eu por enquanto sou candidato, não passa pela minha cabeça indicar outro nome”, declarou. “Que injustiça eu não poder concorrer. Que injustiça me chamar de golpista”, disse ele.

A operação da Polícia Federal contra Bolsonaro nesta sexta foi relacionada a um inquérito contra seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele está nos Estados Unidos, onde tenta jogar a opinião pública e o governo do país contra as autoridades brasileiras que investigam seu grupo político.

Bolsonaro disse achar que será preso no próximo mês. “Isso aí o sentimento é que vai acontecer [a prisão]. Até o mês que vem, que é o julgamento [da trama golpista]. Mais ou menos 20 de agosto é o julgamento. Nunca se viu um processo tão rápido quanto o meu”, declarou.

Questionado se está preparado para uma eventual prisão, respondeu: “Tenho 70 anos de idade, vasta experiência de vida. Tudo pode acontecer”.

“O sistema não me quer preso, o sistema me quer morto”, disse Jair Bolsonaro. Segundo ele, sua prisão causará problemas políticos. “Eu estou no cadafalso. Na hora que o soberano Alexandre de Moraes achar que tem que chutar o banquinho, ele chuta”, afirmou.

As declarações foram dadas em entrevista para a agência de notícias Reuters. A empresa distribui reportagens para diversos veículos de comunicação do mundo. A possibilidade de as falas repercutirem em jornais, redes de televisão e sites estrangeiros é interessante para o grupo político de Bolsonaro por causa de seus movimentos internacionais.

A principal peça dessa frente de ação bolsonarista é Eduardo Bolsonaro. Eduardo está nos Estados Unidos, onde busca influenciar o governo de Donald Trump e outros setores da política americana.

Jair Bolsonaro disse que Eduardo poderá ser preso se voltar ao Brasil. A atuação do deputado licenciado também é alvo de investigação. “Acredito que ele vá buscar a alternativa de se tornar um cidadão americano e não volta mais para cá”, disse o ex-presidente da República.

Bolsonaro também protestou contra a determinação de que não use mais redes sociais. “É uma covardia, isso não é democracia. Tirar a voz de uma pessoa não é democracia. Eu não estou condenado ainda. Respondo a um processo sem pé nem cabeça”, disse Bolsonaro.

A entrevista à Reuters foi a terceira declaração pública de Bolsonaro nesta sexta-feira. Ele falou primeiro em frente à Polícia Federal e, depois, ao chegar à sede do PL, em Brasília.

Mais cedo, a Polícia Federal realizou uma operação contra Bolsonaro. Moraes determinou que ele use uma tornozeleira eletrônica para que seus movimentos sejam monitorados.

O ex-presidente responde a processo, acusado de liderar uma trama golpista. O ministro apontou a movimentação de Eduardo Bolsonaro nos EUA e retaliações do presidente dos EUA, Donald Trump, como motivações para a decisão.

O ex-presidente é alvo de buscas realizadas pela PF nesta sexta-feira. Além de enfrentar um processo por acusação de liderar uma trama golpista, ele também é foco de outras investigações conduzidas pelo órgão.

Com a tornozeleira, o ex-presidente passará a ser monitorado pelas autoridades às vésperas do julgamento da trama golpista, que poderá levá-lo à prisão.

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