Macron nomeia Sébastien Lecornu, da Defesa, como novo primeiro-ministro

Uma image de notas de 20 reais

Imagem gerada por IA
Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O atual ministro dos Exércitos (equivalente ao ministro da Defesa) da França, Sébastien Lecornu, foi nomeado pelo presidente Emmanuel Macron como o novo primeiro-ministro do país, após a queda do premiê anterior, François Bayrou.

Derrotado em uma moção de confiança no Parlamento na véspera, Bayrou entregou o cargo a Macron no início da tarde (manhã no Brasil) desta terça (9), no Palácio do Eliseu. Cumprida essa formalidade, o presidente francês havia dito que anunciaria rapidamente um novo nome.

Um dos cotados, o político de direita Xavier Bertrand, havia descartado aspirar ao cargo, mas afirmara que Lecornu teria sido encarregado de montar um ministério. O ministro da Defesa do governo Bayrou havia anteriormente desmentido a informação.

Considerado bom negociador, Lecornu só deve anunciar seu ministério depois de conversar com os partidos.

Nas horas que antecederam a indicação de Lecornu, a imprensa francesa enfatizou uma qualidade supostamente decisiva do novo premiê, aos olhos de Emmanuel Macron: não ter ambições presidenciais para a eleição de 2027.

Em 2005, aos 19 anos, Lecornu foi o assistente parlamentar mais jovem da Assembleia Nacional. Em 2014, aos 27, foi eleito prefeito de Vernon, pequena cidade de 25 mil habitantes na Normandia, no norte da França, pela UMP (União por um Movimento Popular), na época o principal partido de direita.

Na eleição presidencial de 2017, abandonou o candidato da UMP, François Fillon, para aderir à campanha centrista de Macron. Tornou-se um dos aliados mais fiéis do atual presidente. Em 2019, ganhou pontos junto a Macron quando propôs um “grande debate nacional”, ajudando a debelar a crise dos “coletes amarelos”, movimento de protesto contra um aumento dos combustíveis que paralisou a França durante meses.

Lecornu também é próximo da primeira-dama francesa. Alguns jornais o chamam de “chouchou” (xodó) de Brigitte Macron.

Em meio à troca do chefe de governo, a França se prepara para o movimento Bloquons Tout (“Vamos bloquear tudo”), uma paralisação nacional nesta quarta (10), que deve atingir parcialmente serviços como transportes, escolas e alguns serviços públicos. O receio de tumultos levou à mobilização excepcional de 80 mil policiais em todo o país.

O Bloquons Tout surgiu de forma descentralizada nas redes sociais e foi encampado pela ultraesquerda. Curiosamente, nasceu como reação à política de austeridade orçamentária proposta por Bayrou, e agora vai acontecer com o novo primeiro-ministro nomeado.

Um incidente de intolerância religiosa contribuiu para aumentar a tensão social na véspera da paralisação nacional. Pelo menos nove cabeças de porco foram encontradas na manhã desta terça (9) em frente a mesquitas de Paris e arredores. Em cinco delas o nome “Macron” estava escrito com tinta azul.

Embora o presidente e o ministro demissionário do Interior, Bruno Retailleau, tenham condenado o aparente ato islamofóbico, o líder da ultraesquerda, Jean-Luc Mélenchon, acusou Retailleau de estimular atos contra a comunidade muçulmana.

O gabinete de Bayrou durou apenas nove meses. Seu antecessor, Michel Barnier, um político de direita, governou por apenas três meses. Nos últimos dois anos, a França teve quatro primeiros-ministros.

Bayrou havia pedido à Assembleia Nacional que aprovasse uma moção de confiança a seu governo. Foi derrotado por 364 votos a 194. Ultraesquerda e ultradireita somaram seus votos para derrubar o premiê, cujo governo minoritário contou apenas com o apoio dos deputados de centro e da direita moderada.

A presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, do partido de Macron (Renascimento), declarou que aceitaria o cargo de premiê. Um dos líderes do Partido Socialista, Olivier Faure, propôs formar uma coalizão da esquerda moderada à direita. Ultraesquerda e ultradireita já descartaram apoiar um gabinete comandado pelos socialistas.

Parte da oposição, tanto à esquerda quanto à direita de Macron, pede a renúncia de Macron, cujo mandato vai até 2027. Ele não pode concorrer à reeleição. Outra possibilidade seria a dissolução da Assembleia Nacional. Porém, as eleições legislativas convocadas por Macron no ano passado terminaram em impasse, com a divisão dos assentos em três blocos —esquerda, centro-direita e ultradireita— incapazes de montar uma maioria absoluta para governar.

MAIS LIDAS

Voltar ao topo