SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um megaprojeto de US$ 7 bilhões está em construção no norte da Europa e promete se tornar o maior túnel submerso do mundo.
Com 18,1 quilômetros de extensão, a estrutura ligará a Alemanha à Dinamarca pelo fundo do Mar Báltico. Ela servirá de referência para a obra brasileira que conectará Santos a Guarujá, na Baixada Santista.
A obra, chamada de Fehmarnbelt, ligará as ilhas de Fehmarn (Alemanha) e Lolland (Dinamarca). Quando estiver pronto, permitirá a travessia de trens em apenas 7 minutos e de carros em 10, eliminando a necessidade de balsas, que nesta hoje demoram mais de 45 minutos.
Túnel será composto por 89 blocos gigantes, construídos em terra firme e depois submersos a 40 metros de profundidade. Cada seção pesa 73.500 toneladas e tem 217 metros de comprimento, mais do que dois campos de futebol. Os blocos contam com vedação à prova d’água, chamada de bulkhead, para garantir a segurança da estrutura.
Ao contrário dos túneis escavados por perfuradoras, o método usado no Fehmarnbelt permite mais agilidade e menor impacto ambiental. A tecnologia também facilita a montagem e reduz o tempo total da obra.
A construção da estrutura exigiu a criação de uma fábrica própria para produzir os segmentos. Além disso, medidas foram adotadas para minimizar o barulho e proteger habitats marinhos sensíveis.
A previsão é que o túnel seja inaugurado em 2029. No dia 17 de junho, o rei da Dinamarca, Frederik X, inaugurou o primeiro segmento do túnel, com 217 metros de comprimento.
Peça será submersa em uma trincheira no leito marinho do lado dinamarquês ainda em 2025, diz matéria do The Sun. O monarca também depositou uma moeda com sua efígie em uma cápsula do tempo, contendo objetos doados pelos trabalhadores que construíram os blocos de concreto.
A ligação direta entre Hamburgo e Copenhague, encurtada em 160 km, também promete impulsionar o comércio e o turismo entre os dois países. A obra já é vista como um símbolo de integração europeia.
“IRMÃO BRASILEIRO” DO TÚNEL EUROPEU?
A grandiosidade e a engenharia do túnel Fehmarnbelt inspiraram autoridades brasileiras que trabalham no projeto do futuro túnel entre Santos e Guarujá. A tecnologia usada no Báltico poderá ser adaptada à realidade da Baixada Santista, criando a maior estrutura submersa da América Latina.
Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos, o túnel brasileiro promete reduzir o tempo de travessia de mais de uma hora para menos de cinco minutos. A obra também deve gerar 9 mil empregos diretos e beneficiar mais de 2 milhões de pessoas.
“Quero ver, principalmente, as intervenções que foram feitas nas saídas do túnel, para saber o que podemos aprimorar e aplicar no nosso caso. Vamos aproveitar essa experiência internacional para entender todo o processo que está sendo realizado na Alemanha e na Dinamarca, e levar para Santos o que há de melhor”, disse Rogério Santos, prefeito de Santos, em maio, em nota da Prefeitura.
Em maio, uma comitiva com 46 brasileiros, organizada pela Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos (FPPA), visitou as obras túnel submerso Fehmarnbelt. Entre os participantes estiveram autoridades dos setores portuário e de infraestrutura, parlamentares, prefeitos, membros de órgãos de controle e representantes de associações.
Entre os objetivos da visita técnica, chamada Missão Internacional Brasil-Alemanha-Dinamarca, estava a análise do impacto social, ambiental e econômico da obra europeia. Além disso, a missão visou a busca por modelos de financiamento para grandes estruturas de acesso rodoferroviário.
Túnel também deve fortalecer o Porto de Santos, responsável por 30% do comércio exterior brasileiro. “Nossa missão é trazer o que há de mais moderno e eficiente no mundo para o Brasil. Conhecer de perto o maior túnel submerso do planeta é uma oportunidade única para aprimorarmos o projeto do Túnel Santos-Guarujá e garantirmos uma obra à altura dos desafios logísticos e sociais do nosso país”, disse o deputado federal e presidente da FPPA, Paulo Alexandre Barbosa.
Além do ganho logístico, o projeto exige planejamento urbano. Estão em discussão obras complementares, como nova pista na Rodovia dos Imigrantes, expansão da malha ferroviária e construção de moradias na região dos bairros Estuário e Macuco.
“O objetivo é melhorar a qualidade de vida, gerando emprego durante a obra e também os que vêm depois, movimentando a economia. Por exemplo, Hamburgo é o principal porto da Alemanha e um dos principais da Europa, e também é uma cidade turística. Então, olhar como tudo isso funciona, como a modernização do porto e as relações com as empresas internacionais, é importante para que a gente aprenda, entenda o sistema e busque soluções para melhorar a qualidade de vida para todos os santistas”, disse Rogério Santos, prefeito de Santos, em nota.