SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pelo menos 1.760 palestinos morreram desde o final de maio na Faixa de Gaza, a maioria por disparos do Exército israelense enquanto buscavam ajuda humanitária, afirmou nesta sexta-feira (15) o escritório de direitos humanos da ONU.
De 27 de maio a 13 de agosto, este escritório “registrou ao menos 1.760 palestinos mortos enquanto buscavam ajuda: 994 perto dos locais da Fundação Humanitária de Gaza [FHG, apoiada pelos Estados Unidos e Israel] e 766 ao longo das rotas dos comboios de abastecimento”, indica o comunicado.
“A maioria das mortes foi causada pelo Exército israelense”, diz a agência da ONU, que em 1º de agosto havia contabilizado 1.373 mortos. Especialistas respaldados pelas Nações Unidas advertiram sobre a fome generalizada neste território, onde Israel reduziu drasticamente a quantidade de ajuda humanitária que permite entrar.
O novo balanço foi anunciado ao mesmo tempo em que a Defesa Civil de Gaza afirmou que pelo menos 31 pessoas morreram, também nesta sexta, devido a disparos israelenses entre elas, 12 aguardavam ajuda.
Segundo um comunicado do Exército de Israel, tropas do país realizaram várias operações militares nos arredores da Cidade de Gaza, antes do que se espera ser uma ofensiva para tomar o controle da região.
O anúncio ocorreu uma semana após o Gabinete de Segurança de Israel aprovar a captura da maior cidade do território palestino após 22 meses de guerra. “Nos últimos dias, as tropas das IDF [Forças de Defesa de Israel] têm operado na área de Zeitun, nos arredores da Cidade de Gaza”, disse o Exército em um comunicado.
“As tropas estão operando para localizar explosivos, eliminar terroristas e desmantelar a infraestrutura terrorista tanto na superfície quanto no subsolo”, afirmou. Ao ser questionado sobre as mortes informada pela ONU e pela Defesa Civil, as forças acrescentaram que tomam precauções “para reduzir os danos causados aos civis”.
Os planos do governo israelense de ampliar a guerra tem provocado um protesto internacional, assim como uma oposição interna no governo. O Exército tem a intenção de tomar o controle da Cidade de Gaza e os campos de refugiados próximos, algumas das zonas mais densamente povoadas do território, devastado por quase dois anos de conflito.
Nos últimos dias, os residentes da Cidade de Gaza informaram à agência de notícias AFP sobre bombardeios mais frequentes contra zonas residenciais.
O ataque do Hamas em outubro de 2023, que desencadeou a guerra, causou a morte de 1.219 pessoas, segundo uma contagem da AFP com base em números oficiais. A ofensiva de Israel causou a morte de pelo menos 61.827 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Em paralelo à mais nova investida de Binyamin Netanyahu em Gaza, os governos de Israel e Sudão do Sul discutem um possível acordo para reassentar palestinos no país africano, segundo três pessoas próximas às negociações.
O plano foi rapidamente descartado como inaceitável pelos líderes palestinos. As pessoas, que falaram sob condição de anonimato à agência de notícias Reuters, disseram que nenhum acordo foi alcançado, mas que as negociações estão em andamento.
O plano, se levado adiante, prevê a mudança de pessoas de um território palestino destruído para uma nação no coração da África, devastada por anos de violência política e étnica.