RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Manifestantes foram às ruas em 22 capitais neste domingo (21) para protestar contra a PEC da Blindagem, em atos que também contaram com críticas à proposta de anistia aos condenados no 8 de Janeiro, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A presença de artistas impulsionou manifestações em alguns locais.
Os atos, realizados em todas as regiões do país, aconteceram logo de manhã em Brasília, Salvador, Maceió, Natal, São Luís, Teresina, João Pessoa, Belo Horizonte, Cuiabá, Campo Grande, Manaus e Belém, e ganharam tração à tarde com as manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza, Recife, Aracaju e Goiânia.
Os protestos foram convocados às pressas no decorrer da semana pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e ao PT e que reúnem movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
A manifestação foi chamada em protesto contra o Congresso Nacional após a votação da PEC da Blindagem e da urgência para o projeto da anistia.
Na capital baiana, o protesto em frente ao Cristo da Barra reuniu milhares de pessoas e foi encorpado com as presenças de artistas como a cantora Daniela Mercury e o ator Wagner Moura, que discursaram enquanto os presentes gritavam frases como “sem anistia”, “fora PEC da impunidade” e “fora PEC da bandidagem”. A atriz Nanda Costa também esteve no ato.
“Sem anistia, sem PEC da Blindagem. A gente está aqui em Salvador dizendo para o mundo inteiro que não aceitamos essa PEC da impunidade para os deputados federais. Não aceitamos para nenhum deputado. Estamos aqui com a frente popular conosco”, disse Daniela em cima do trio, enquanto segurava uma bandeira do Brasil.
Também no Nordeste do país, a proposta de anistia foi rechaçada por participantes do ato em Natal e em João Pessoa, que teve gritos críticos a Hugo Motta, deputado que foi eleito pelo estado.
Em Maceió, o ato ocorreu na orla da Pajuçara e contou com participação da cantora Simone, que discursou aos presentes, que empunhavam cartazes com frases como “Sem anistia, PEC da bandidagem não!”.
“O Brasil é feito por brasileiros, e de brasileiros que o amam. Quem não estiver satisfeito com o Brasil, vá embora. Nós somos um país enorme que dá para todo mundo, agora não pode dar para bandidos”, disse a cantora.
De cima do trio elétrico, ela também cantou com manifestantes a música “Tá na Hora do Jair Já Ir Embora”, do músico Juliano Maderada, que dominou os paredões do Brasil na campanha eleitoral de 2022.
Em Teresina, os manifestantes se reuniram na praça Pedro 2º, na região central, com cartazes e discursos num trio elétrico de sindicatos, movimentos sociais e políticos. Em São Luís, os manifestantes se reuniram no centro histórico e caminharam por ruas do entorno.
Já em Fortaleza, o ato ocorreu na tarde deste domingo na praia de Iracema, em frente à estátua da Iracema Guardiã. Uma via litorânea também foi o cenário do ato em Aracaju, que reuniu o grupo contra a PEC na praia da Cinelândia.
Também houve ato no Recife, no bairro de Santo Amaro, organizado por estudantes e movimentos sociais e que reuniu milhares de manifestantes com faixas com frases como “democracia” e “sem anistia”.
Além dos atos em São Paulo e Rio de Janeiro, o Sudeste contou com manifestações em Belo Horizonte e Vitória. Na capital mineira, ela ocorreu na região central, na praça Raul Soares, também com presença de artistas a cantora Fernanda Takai, da banda Pato Fu.
O grupo, que após a concentração seguiu rumo à praça Sete, também na região central, empunhava faixas e cartazes com frases como “Em defesa da democracia”. Já em Vitória, o ato foi feito em frente à Assembleia Legislativa.
No Sul, manifestantes se reuniram na Boca Maldita, no centro de Curitiba, mesmo com uma chuva intermitente no início da tarde deste domingo.
Gritos de “sem anistia” e camisetas com frases como “Congresso Inimigo do Povo” eram comuns entre os participantes. “Sem anistia, sem perdão, quero ver o Bolsonaro na prisão”, gritaram no protesto.
Em Porto Alegre, o protesto promovido por movimentos de esquerda reuniu manifestantes no viaduto do Brooklyn, que seguiram até o Monumento ao Expedicionário. Já em Florianópolis, o ato ocorreu na região da ponte Hercílio Luz.
No Centro-Oeste, os manifestantes de Brasília se concentraram pela manhã em frente ao Museu da República, na Esplanada dos Ministérios, de onde seguiram em caminhada até a sede do Congresso.
Os participantes ergueram cartazes contra a anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e contra a PEC da Blindagem. Uma das faixas dizia “Câmara da vergonha”.
Também havia um boneco inflável de Bolsonaro, retratado de forma pejorativa, com as mãos manchadas de sangue. Participaram da manifestação na capital federal parlamentares da esquerda, como o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) embora a própria sigla tenha dado 12 votos a favor da PEC da Blindagem.
Em Cuiabá, um pequeno ato foi realizado na praça cultural do CPA 2. No final da tarde, manifestantes se reuniram em Goiânia, na praça universitária, para o protesto.
Já na região Norte do país, manifestantes foram às ruas em Belém e em Manaus. Na capital do Pará, o ato teve início às 9h no Theatro da Paz, na praça da República, e reuniu grupos de esquerda, estudantes, políticos e artistas locais.
Assim como em outras capitais, Jair Bolsonaro, condenado pela trama golpista, também foi criticado por manifestantes, já que a proposta de anistia “ampla, geral e irrestrita” tem como objetivo também livrar o ex-presidente da condenação.
Em Manaus, o ato foi marcado por uma caminhada entre as avenidas Getúlio Vargas, no centro, e Sete de Setembro.
No Rio de Janeiro, o ato começou às 14h no posto 5 de Copacabana e contou com apresentações de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, com expectativa dos organizadores de atrair um público além dos manifestantes alinhados à esquerda.
Já em São Paulo, a manifestação aconteceu em frente ao Masp, na avenida Paulista. Levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap e a ONG More in Common calculou que o público ficou entre 37,3 mil e 47,5 mil participantes. A contagem foi feita a partir de fotos aéreas realizadas em quatro horários diferentes. O mesmo levantamento apontou 42,2 mil pessoas no ato pró-anistia do 7 de Setembro.