Milhares vão às ruas em Chicago contra batida anti-imigração planejada por governo Trump

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Milhares de pessoas foram às ruas de Chicago nesta segunda-feira (1º), feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, para protestar contra os planos do governo Donald Trump de utilizar a Guarda Nacional e agentes federais em uma batida anti-imigração em larga escala na cidade ainda esta semana. De acordo com os organizadores, cerca de 10 mil pessoas participaram da manifestação.

Chicago, que com quase 10 milhões de habitantes na região metropolitana é a terceira cidade mais populosa dos EUA, é governada pelo Partido Democrata de maneira ininterrupta há 90 anos, uma das regiões mais alinhadas à legenda no país. O atual prefeito, Brandon Johnson, assinou um decreto no sábado (30) ordenando que a polícia, controlada pelo município, “não colabore com agentes federais” em operações anti-imigração.

Talvez vejamos militares nas ruas, talvez vejamos veículos pesados nas nossas ruas. Não pedimos por isso, mas precisamos estar preparados”, disse Johnson ao assinar o decreto. Na manifestação desta segunda, o prefeito também discursou e afirmou que seu governo “defenderá o país”. “Vamos defender nossa democracia na cidade de Chicago, vamos proteger a humanidade de todas as pessoas daqui. Não teremos soldados na nossa cidade!”

Já o governador de Illinois, o também democrata J. B. Pritzker, chamou os planos da Casa Branca de enviar soldados da Guarda Nacional para Chicago de “uma invasão com tropas americanas”. “Ninguém no governo federal, o presidente ou qualquer pessoa abaixo dele, ninguém me ligou. É óbvio que estão planejando isso em segredo”, disse Pritzker no domingo (31).

O governador afirmou ainda enxergar na medida de Trump uma tentativa de interferir no processo eleitoral do ano que vem, quando americanos renovarão toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado. “Ele gostaria de interromper as eleições de 2026 ou, francamente, tomar controle delas. Ele vai dizer que houve algum problema com a eleição, e aí já vai ter soldados nas ruas prontos para tomar controle”, afirmou Pritzker.

Desde que tomou controle da polícia de Washington e mobilizou a Guarda Nacional para combater o crime na capital americana, Trump vem ameaçando fazer o mesmo contra outras cidades governadas por democratas nas quais, segundo o presidente, a criminalidade corre solta.

Trump fez uma série de ataques aos democratas de Chicago nos últimos dias, classificando a cidade de “uma bagunça”, “um lugar infernal” e “um campo de batalha”. Dados apontam que crimes violentos apresentaram forte queda no município esse ano -homicídios caíram 30%, e tiroteios, 40%.

Em 2024, por sua vez, a cidade teve uma taxa de 21,4 homicídios por 100 mil habitantes, considerada alta para o país. Em comparação, a cidade do Rio de Janeiro teve uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes no mesmo ano, segundo o Atlas da Violência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Trump usou uma onda de tiroteios no fim de semana do feriado nos EUA para atacar Pritzker no sábado. “Seis pessoas morreram e 24 foram baleadas em Chicago no fim de semana, e J. B. Pritzker, o patético e fraco governador de Illinois, acha que não precisa de ajuda para acabar com o CRIME. Ele é MALUCO!!! É melhor ele resolver isso RÁPIDO, ou nós vamos entrar!”, escreveu o presidente americano.

A secretária de Segurança Interna do governo Trump, Kristi Noem, confirmou ter enviado agentes federais a Chicago em preparação para a batida anti-imigração, que deve começar na sexta-feira (5), de acordo com autoridades ouvidas sob reserva pela emissora CNN. Ela disse ainda planejar operações para cidades como San Francisco e Boston, outros dois bastiões democratas.

“Já temos atividades do ICE [serviço de imigração americano] em andamento em Chicago e outras cidades de Illinois, e vamos adicionar mais recursos a essas operações para garantir que a lei está sendo cumprida”, disse Noem no domingo em entrevista à CBS.

Em junho, uma batida do ICE em locais onde imigrantes se reuniam para procurar emprego em Los Angeles desencadeou dias de protestos naquela cidade, a segunda maior dos EUA, atrás apenas de Nova York. Na ocasião, manifestantes entraram em confronto com a polícia, e casos de violência foram utilizados por Trump para justificar o envio de soldados da Guarda Nacional à cidade.

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