São Paulo, 21 de julho de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista àrádio CBN hoje mais cedo, fez duras críticas às recentes decisões do governo dos Estados Unidosde elevar tarifas sobre produtos brasileiros e atribuiu parte da responsabilidade à extrema-direitabrasileira, em especial à família Bolsonaro. “Estamos com problemas específicos no Brasil, umafamília aqui está concorrendo contra os interesses nacionais”, afirmou. Segundo ele, os reflexosdessa postura já são sentidos na política externa. “Nós sabíamos que algo seria anunciado pelainsistência da família Bolsonaro em prejudicar o país em benefício de Jair Bolsonaro”.
Haddad classificou como “muito grave” o aumento de tarifas norte-americanas sobre produtosbrasileiros, especialmente no contexto da relação construída durante o governo de Donald Trump eo alinhamento com Bolsonaro. “É decisão difícil de compreender do ponto de vista da racionalidadeeconômica. Está encarecendo o café da manhã do americano e inviabilizando importaçõesbrasileiras de produtos americanos”, disse. O ministro reforçou que “não existe déficit nocomércio dos EUA com o Brasil” e que “não prejudicamos a economia dos EUA em nada”.
O ministro descartou retaliações automáticas, mas disse que o governo está se preparandopara diferentes cenários. “Temos planos de contingência para qualquer decisão que venha a sertomada pelo presidente Lula. Planos de contingência somos obrigados a fazer, é uma situaçãoemergencial que não se imaginava há 15 dias.” Segundo ele, as ações não visam retaliação, massim coerência: “Nosso objetivo não é retaliar, e sim chamar a atenção porque essas ações sãocontraproducentes”.
Haddad também criticou a desinformação em torno do Pix, sistema de pagamentos instantâneosbrasileiro, que estaria gerando incômodo nos EUA. “Desconforto dos EUA com o Pix é maissurpreendente ainda. É a mesma coisa que defender o telefone fixo em detrimento do celular”,ironizou. Ele acrescentou: “Como o Pix pode representar uma ameaça ao Império? Se entrarmos nessaviagem, não vamos sair do outro lado”.
O ministro afirmou que o Brasil segue comprometido com a negociação. “Brasil não vai sair damesa de negociação; não demos nenhuma razão para este tipo de sanção”, garantiu. Ele disse queItamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio estão mobilizados, e que opaís está “trabalhando em níveis de empresas para ter uma radiografia completa destes eventos”. Oobjetivo, segundo Haddad, é minimizar “essa agressão que estamos sofrendo”.
Sobre a dimensão política do impasse, Haddad afirmou que “tem uma força política dentro doBrasil que luta contra os interesses nacionais” e que “a extrema-direita está concorrendo contra osinteresses nacionais”. Mesmo assim, ele garantiu que o governo não entrará “na guerra denarrativas” e continuará buscando racionalidade nas relações bilaterais. “Orientação de Lula énão sair da mesa de negociação porque Brasil se dá bem com todos os países”.
Ao ser perguntado sobre se os planos de contingência de auxílio a setores podem impactar ameta fiscal de 2026, Haddad disse que isso não deve acontecer. “Não prevemos revisão de metafiscal para 2026, vamos entregar o melhor resultado fiscal do Brasil dos últimos 12 anos. Vamosperseguir as metas de emprego, renda, crescimento até o final do mandato”, afirmou.
Vanessa Zampronho / Safras News
Copyright 2025 – Grupo CMA