Motta e Alcolumbre falam em soberania, apoiam Lula e isolam ainda mais Bolsonaro

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), falaram nesta quarta-feira (16) em defender a soberania brasileira em reação ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em reunião com o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), Alcolumbre e Motta colocaram o Congresso Nacional à disposição do governo Lula e disseram que a reação deve ser liderada pelo Executivo.

A declaração da cúpula do Congresso aprofunda o isolamento político de Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos Eduardo e Flávio. Governadores de direita que enalteceram Trump e atacaram Lula em um primeiro momento mudaram o discurso na semana passada, agora admitindo o impacto da sobretaxa e buscando saídas diplomáticas.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta mostra que 72% dos brasileiros afirmam ser um erro de Trump impor tarifas ao Brasil por causa de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, 53% dizem que o presidente Lula está certo ao reagir com reciprocidade.

Em vídeo enviado à imprensa, Alcolumbre disse que houve uma agressão ao Brasil e afirmou que o Legislativo está comprometido em defender a soberania nacional, os empregos e os empresários. O senador também elogiou Lula por ter empoderado Alckmin no processo.

Nem Alcolumbre nem Motta fizeram nenhuma citação à anistia a Bolsonaro e aos golpistas do 8 de Janeiro -cuja aprovação tem sido cobrada pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro para reverter a sobretaxa de Trump aos produtos brasileiros.

“Vejo nesse momento agressão ao Brasil e aos brasileiros, isso não é correto. E temos que ter firmeza, resiliência, e tratar com serenidade essa reação. Buscar estreitar os laços e fazer as coisas acontecerem em defesa dos brasileiros”, disse Alcolumbre.

Na mesma linha, Motta disse que a Câmara está pronta “para estar na retaguarda do Poder Executivo” e aprovar as ações necessárias -citando a Lei de Reciprocidade, em abril, como exemplo. O deputado acrescentou que o Brasil não pode ser levado a “decisões externas” que interfiram na soberania.

“Não tenho a menor dúvida de que hoje a nossa população entende que o Brasil não pode ser levado a situações em que decisões externas venham a interferir na nossa soberania. Brasil hoje tem uma importância muito grande no cenário mundial e nós não temos a menor dúvida que com união, compromisso e muita responsabilidade nós iremos superar esse momento”, disse.

No vídeo divulgado à imprensa, Alckmin reforçou que o governo brasileiro entende haver um “equívoco do poder americano” e uma decisão totalmente inadequada e injusta, dado o superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil.

Segundo o relato de duas pessoas que estavam na reunião, o vice-presidente expôs aos parlamentares qual tem sido a resposta brasileira ao governo americano e disse que era importante o apoio do Congresso.

Participantes também falaram com Alckmin sobre o envio de uma comitiva de senadores a Washington, provavelmente entre os dias 29 e 31 de julho, com o objetivo de conversar pessoalmente com parlamentares estadunidenses.

O grupo deve ser formado por até oito senadores de diferentes partidos, como a ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro Tereza Cristina (MS), líder do PP, o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS), e o líder do PT, senador Rogério Carvalho (SE).

O tarifaço é uma consequência da ação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, para onde se mudou para pressionar o governo americano a tomar medidas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) diante da investigação da trama golpista que mira seu pai e aliados.

A situação política de Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado, foi citada por Trump na carta em que anunciou a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros importados. Segundo o republicano, o Brasil está fazendo “uma coisa horrível” com o ex-presidente.

“Eu tenho assistido, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano. Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, afirmou Trump.

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