Porto Alegre, 20 de agosto de 2025 – A região do Arco Amazônico, que compreende os terminaisportuários ao longo do rio Amazonas e seus afluentes incluindo os localizados abaixo da Baía deMarajó , vem ganhando cada vez mais relevância no cenário logístico nacional. Com umamovimentação de 87,8 milhões de toneladas em 2024, considerando operações de longo curso ecabotagem, a região registrou um crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior, consolidando-secomo uma das principais rotas de escoamento de mercadorias no Brasil, em especial das commoditiesagrícolas, relevantes para o comércio exterior brasileiro. Ressalta-se que, deste montante,aproximadamente 64% foram movimentados por Terminais de Uso Privado (TUPs), o que reforça oprotagonismo da iniciativa privada na dinâmica logística da região.
As informações são de levantamento da Coordenação de Pesquisas e Desenvolvimento daAssociação de Terminais Portuários Privados (ATP), que reúne empresas de grande porte e congrega70 terminais privados do país. De acordo com a ATP, em 2024, a movimentação portuária do ArcoAmazônico, que inclui todos os estados da Região Norte do país, foi liderada por cargas de granelsólido, com destaque para a bauxita 23,9 milhões de toneladas (mi t), soja (17,1 mi t) e milho(13,7 mi t). A carga conteinerizada também apresentou volume expressivo, com 9,9 milhões detoneladas movimentadas. Também passaram pelos terminais portuários da região produtos químicosinorgânicos (5,7 mi t), petróleo e derivados sem óleo bruto (5,2 mi t), adubos e fertilizantes(3,9 mi t) e soda cáustica (1,2 mi t), entre outros. Esses números refletem o perfil diversificadoda matriz de cargas transportadas pelos terminais portuários brasileiros, com predominância dascommodities minerais e agrícolas.
Nesse cenário, destaca-se o crescimento expressivo da movimentação de soja e milho, que, nosúltimos dez anos, acumulou alta de 288,1%, percentual significativamente superior ao observado nasprincipais rotas tradicionais de exportação. No mesmo período, a movimentação das duascommodities no complexo portuário de Santos (SP) apresentou crescimento de 55,3%, enquanto nocomplexo de Paranaguá (PR) avançou 17,2%. Em 2024, a movimentação de soja e milho no ArcoAmazônico alcançou 30,9 milhões de toneladas, o que corresponde a 22,8% do total nacional demilho e soja movimentado no longo curso e na cabotagem, estimado em 135,3 milhões de toneladas.Esse volume, por si só, reforça o papel estratégico do Arco Amazônico como rota alternativa aoscorredores tradicionais.
Para fins de comparação, Santos movimentou aproximadamente 43,9 milhões de toneladas de soja emilho em 2024, equivalente a 32,4% do total nacional, enquanto Paranaguá respondeu por 14,3milhões de toneladas, ou 10,6%. Juntos, os dois principais portos concentraram 43% damovimentação dessas commodities. Ainda que a soma dos volumes seja superior, o crescimentoproporcional e a consolidação do Arco Amazônico como corredor logístico revelam uma mudançasignificativa na geografia da exportação de grãos no país.
ATP busca ampliar calado autorizado para navegação
Apesar dos avanços, os anos de 2024 e 2025 têm se mostrado desafiadores para o escoamento decargas pela região. A estiagem prolongada, com significativa redução nos níveis dos rios, aliadaà demora na execução de dragagens de manutenção, resultou em restrições à capacidade decarregamento das embarcações.
Como reflexo direto, a movimentação de soja e milho para longo curso e cabotagem no ArcoAmazônico apresentou uma queda de 8,7% apenas nos primeiros cinco meses de 2025, comparando com omesmo período de 2024, apresentando um volume de 13,3 milhões de toneladas.
Diante desse cenário, a ATP tem intensificado seus esforços para o fortalecimento da navegaçãona Região Norte. Uma das iniciativas de destaque é o projeto da Barra Norte, que busca ampliar ocalado autorizado e, com isso, aumentar a eficiência logística da região. Paralelamente, oComitê de Infraestrutura da ATP tem atuado junto a instituições como o Departamento Nacional deInfraestrutura de Transportes (DNIT) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama), visando viabilizar dragagens estratégicas, como a no rio Tapajós.
Além disso, a ATP defende ativamente a implementação do modelo de concessões hidroviárias, queprevê a transferência ao concessionário de responsabilidades como os levantamentoshidrográficos, a gestão de tráfego, a manutenção e a sinalização náutica. Essa modelagembusca conferir maior previsibilidade e regularidade à navegação interior, reduzindo adependência de ações emergenciais e garantindo maior estabilidade ao transporte hidroviário.
Para o presidente da ATP, Murillo Barbosa, a consolidação do Arco Amazônico como rota logísticaestratégica depende de políticas públicas estruturantes, de parcerias institucionais e de umambiente regulatório que favoreça investimentos de longo prazo.
Com sua vocação natural para a navegação interior e sua posição geográfica privilegiada, aregião tem todas as condições para seguir ampliando sua participação no escoamento daprodução nacional, desde que superados os atuais gargalos operacionais, afirma Barbosa.
Sobre a ATP
A Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) representa os interesses e atua em defesa dosegmento privado e na modernização dos portos brasileiros, relevantes para a infraestruturaeconômica e o desenvolvimento do país. Atualmente, a associação reúne 36 empresas de grandeporte e congrega 70 Terminais Privados do país. Juntas, as empresas movimentam 60% da cargaportuária brasileira e respondem pela geração de 47 mil empregos diretos e indiretos.
A ATP reúne associadas que atuam em áreas como mineração, siderurgia, petróleo e gás,agronegócio, contêineres e complexos logísticos, relevantes para o comércio exterior e aeconomia brasileira.
As informações partem de assessoria de imprensa.
Fabio Rubenich – fabio@safras.com.br (Safras News)
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