SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveram ações nesta quarta-feira (23) em sedes regionais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário responsável pelas políticas de distribuição de terras no país.
Segundo balanço do MST, ocupações e outros atos acontecem em 21 estados e no Distrito Federal. Nas outras unidades federativas, há atos em prédios de secretarias estaduais e do Banco do Brasil. Desde a segunda-feira (21), foram 26 mobilizações ao todo, com participação de cerca de 17 mil pessoas.
Lideranças se reuniram com o presidente Lula e com a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), na manhã desta quarta (23) e levaram diretamente as demandas. À tarde, deve acontecer um outro encontro entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a SPU (Secretaria do Patrimônio da União).
Ceres Hadich, da direção nacional do MST, afirma que na reunião com o presidente foram abordados temas como soberania nacional, os Brics e as tarifas impostas pelo governo Donald Trump ao Brasil.
“Dentro disso, a gente também foi tratando temas que dialogam com a pauta da reforma agrária, que obviamente é uma pauta que não está desconectada desse contexto geral de luta por soberania”, disse em nota.
Os atos fazem parte da Semana Camponesa que, neste ano, faz cobranças aos governos federal e estaduais em quatro eixos: criação de novos assentamentos e efetivação dos já existentes, aumento na concessão de crédito rural, aumento de políticas de educação no campo e a inclusão da reforma agrária como parte da defesa por soberania nacional. Na sexta-feira (25), é comemorado o Dia Internacional da Agricultura Familiar.
Em São Paulo, membros do movimento chegaram à sede o instituto na manhã de quarta-feira (23). Delwek Matheus, membro da direção estadual do MST em São Paulo, afirma que, apesar da boa relação com o governo Lula, “não há reforma agrária acontecendo efetivamente no país”.
Marcio José, também membro da direção estadual do MST em São Paulo, diz que além da baixa efetividade na distribuição de terras nos primeiros anos três anos do terceiro mandato de Lula, a mobilização também cobra o governo por outras medidas, como condições de financiamento rural e infraestrutura, por exemplo.
Em Belém, segundo o MST, cerca de 400 manifestantes estiveram no prédio do Banco do Brasil para pressionar por aumento na concessão de crédito e liberação de terras para famílias acampadas. Sedes do Incra também foram alvo de ações em Vila Velha (ES), Belo Horizonte, João Pessoa (PB), Recife e Goiânia.
A Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária) já havia feito coro às cobranças ao governo no último dia 17. Em nota, a associação afirma que “há um ano e meio do fim do mandato, o governo tem pouco tempo para acelerar o ritmo das políticas públicas que fortalecerão a Reforma Agrária no Brasil”.
Elvio Aparecido Motta, superintendente federal do ministério em São Paulo, afirmou que a ação na sede paulista do Incra já era esperada desde o início da semana. Ele afirma que o Ministério do Desenvolvimento Agrário “nunca fechou as portas” para os movimentos sociais, “com ou sem ocupação”.