New York Times se retrata e inclui contexto de foto de bebê desnutrido em Gaza após críticas

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornal americano The New York Times se pronunciou nesta terça-feira (29) após ter sido alvo de críticas envolvendo a publicação da fotografia de um bebê com cerca de 1 ano e meio de idade na Faixa de Gaza que sofre com problemas de desnutrição severa.

Mohammed Zakaria al-Mutawaq e a sua mãe, Hedaya al-Mutawaq, foram deslocados de sua casa no norte do território devido ao conflito com Israel. A imagem em que ela aparece segurando o filho, que está de costas e aparece com os ossos visivelmente à mostra, virou uma espécie de símbolo da fome em Gaza.

Após a imagem viralizar, a reportagem acrescentou a informação de que o bebê já sofria de uma condição de saúde preexistente que afeta o seu cérebro e o desenvolvimento dos músculos de seu corpo.

Segundo o New York Times, a saúde do bebê vinha se deteriorando nos últimos meses devido às dificuldades no acesso a medicamentos e alimentos diante do bloqueio imposto por Tel Aviv.

“Recentemente, publicamos uma reportagem sobre os civis mais vulneráveis de Gaza, incluindo Mohammed Zakaria al-Mutawaq, que tem cerca de 18 meses de idade e sofre de desnutrição severa. Desde então, obtivemos novas informações, incluindo dados do hospital que o atendeu e seus registros médicos, e atualizamos nossa reportagem para incluir contexto sobre problemas de saúde preexistentes”, afirma a nota divulgada pela assessoria do jornal em um post no X.

O NYT reafirma que as crianças estão “desnutridas e passando fome” e que seus colaboradores “continuam cobrindo os acontecimentos em Gaza com coragem, sensibilidade e enfrentando riscos pessoais, para que os leitores possam ver em primeira mão as consequências da guerra”.

A foto de Mohammed foi reproduzida pela Folha de S.Paulo em um texto da BBC, parceira de publicação do jornal. A rede britânica atualizou seu texto para incluir a informação de que o bebê também sofria de hipotonia (falta de tônus muscular), mas aprendeu a sentar e levantar pois Hedaya lhe dava sessões de fisioterapia. No entanto, a falta de comida deixou Mohammed incapaz de ficar em pé ou sentado. Esse adendo também foi incluído pela Folha de S.Paulo.

Não existe acesso desimpedido de profissionais de imprensa ao território —agências de notícias e a emissora BBC divulgaram um comunicado conjunto no qual afirmam que seus colaboradores palestinos correm risco de vida devido à fome. Os veículos pedem que Israel permita o livre acesso de jornalistas em Gaza.

Imagens que mostram crianças esqueléticas e seus pais desesperados em busca de comida, com panelas vazias nas mãos, têm circulado em todo o mundo, o que vem aumentando a pressão sobre Israel.

Diante da tragédia humanitária, o governo israelense decidiu no último domingo (27) flexibilizar algumas das restrições ao fornecimento e distribuição de mantimentos no território.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou recentemente que a acusação de que Tel Aviv levou o território a uma situação de fome era “uma mentira descarada”. “Não há política de fome em Gaza, e não há fome em Gaza”, afirmou.

Até mesmo os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, rebateram a narrativa. “Com base na televisão, eu diria que não [estou convencido], porque essas crianças parecem estar com muita fome”, afirmou Donald Trump na segunda (28) em seu campo de golfe em Turnberry, na Escócia, ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. “Há muitas pessoas passando fome em Gaza.”

Netanyahu afirma que as forças israelenses possibilitaram a entrada da quantidade exigida pelo direito internacional de ajuda humanitária e voltou a acusar o Hamas de roubar suprimentos.

O grupo terrorista nega a acusação, e um relatório produzido em junho pela Usaid, a agência de ajuda externa americana, concluiu que não há provas de roubo sistemático de comida pela facção.

Israel segue rechaçando essa versão. Em um post compartilhado na terça-feira (29), a conta do governo divulgou a foto de um homem esquelético, afirmando que ele “não morreu de fome”. “Ele sofria de diabetes não tratada e morreu devido a complicações de hipercatabolismo severo”, diz o post.

O número de pessoas mortas por desnutrição é incerto e contestado. A principal fonte para os balanços de óbitos é o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Segundo a pasta, dezenas de habitantes morreram de desnutrição nas últimas semanas. Ainda de acordo com o ministério, no total, desde o começo da guerra, 127 óbitos foram registrados nessas condições, incluindo 85 crianças.

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