Nova Lima (MG) tem a maior renda do Brasil, e Uiramutã (RR), a menor

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A população residente no município mineiro de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, teve a maior renda domiciliar per capita (por pessoa) do Brasil em 2022: R$ 4.300 por mês.

É o que apontam novos dados do Censo Demográfico divulgado nesta quinta (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O outro extremo da lista é ocupado pela cidade de Uiramutã, em Roraima (a 314 km de Boa Vista). No município, a renda domiciliar per capita foi de R$ 289 por mês em 2022. Trata-se do menor patamar do país.

O Censo levantou os dados a partir de valores nominais -ou seja, de 2022, sem ajuste pela inflação. As estatísticas sobre o rendimento se baseiam em informações relativas a julho daquele ano.

A renda per capita é calculada a partir dos recursos obtidos com o trabalho e outras fontes, que podem incluir benefícios sociais, aposentadorias e pensões, por exemplo. A soma de cada domicílio é dividida pelo número de pessoas que residem nele.

No caso de Nova Lima, os pesquisadores do IBGE destacaram que o município fica ao lado de Belo Horizonte e, assim, serve de residência para famílias de renda mais alta que desejam viver perto da capital mineira, mas com uma agitação urbana menor. A população total da cidade era de 111,7 mil habitantes no Censo 2022.

Nova Lima é conhecida pela presença de condomínios de luxo, e a economia local tem laços históricos com a mineração. O município já havia liderado um ranking de rendimento da FGV Social com base em declarações do Imposto de Renda no período da pandemia.

“Nova Lima é muito próxima de Belo Horizonte. Tem uma classe média ou mais alta que recebe remunerações maiores e que vive muito em condomínios”, disse André Simões, analista do IBGE.

A cidade já havia chamado a atenção em dados do Censo divulgados anteriormente. Segundo o levantamento, 24,9% da população local vivia em domicílios maiores, com dez cômodos ou mais, em 2022. Trata-se da maior proporção do país.

Uiramutã, por sua vez, é o município com o percentual mais elevado de indígenas do Brasil. Em 2022, 96,6% da população da cidade foi classificada dessa forma no Censo, enquanto a proporção no país ficou em 0,8%.

“A principal característica é essa”, disse Bruno Perez, analista do IBGE.

Os indígenas têm o menor rendimento per capita domiciliar do país. O valor foi de R$ 669 em 2022, abaixo da média nacional (R$ 1.638). Uiramutã contava com um total de 13,8 mil habitantes no Censo de três anos atrás.

SUDESTE E SUL CONCENTRAM CIDADES MAIS RICAS

De acordo com o instituto, as dez cidades com os maiores rendimentos per capita ficam nas regiões Sudeste e Sul. São Caetano do Sul (R$ 3.885), na Grande São Paulo, aparece na segunda colocação, atrás apenas de Nova Lima (R$ 4.300).

Florianópolis (R$ 3.636) e Balneário Camboriú (R$ 3.584), ambas em Santa Catarina, aparecem na terceira e na quarta posições.

Niterói (R$ 3.577), na região metropolitana do Rio de Janeiro, e Santana de Parnaíba (R$ 3.465), na Grande São Paulo, vêm depois. Marema (SC), Vitória (ES), Petrolândia (SC) e Tunápolis (SC) fecham a lista das dez primeiras.

A relação tem cinco municípios catarinenses e duas capitais (Florianópolis e Vitória).

“Nova Lima, São Caetano do Sul e Santana de Parnaíba são cidades de porte médio dentro de regiões metropolitanas. Acabam funcionando como local de residência das pessoas com rendimento mais alto em cada região metropolitana”, disse Bruno Perez, do IBGE.

“São Caetano do Sul e Balneário Camboriú estão entre os municípios mais verticalizados do país, com maior proporção de apartamentos”, acrescentou o pesquisador, em referência a dados do Censo divulgados anteriormente.

MUNICÍPIOS MAIS POBRES FICAM NO NORTE E NO NORDESTE

Por outro lado, as dez cidades com os menores rendimentos domiciliares do país pertencem às regiões Norte e Nordeste. Cinco ficam no Maranhão.

Bagre (PA) e Manari (PE) apareceram na sequência de Uiramutã, com renda per capita de R$ 359 por mês em 2022.

Belágua (MA), Cachoeira Grande (MA), São Paulo de Olivença (AM), Primeira Cruz (MA), Humberto de Campos (MA), Marajá do Sena (MA) e Tonantins (AM) completaram a lista dos menores rendimentos. Nessas cidades, a renda variou de R$ 388 a R$ 432.

O IBGE não divulgou dados diretamente comparáveis do Censo anterior, relativo a 2010. De acordo com o órgão, o levantamento teve mudanças metodológicas em 2022 na análise do mercado de trabalho.

A comparação entre as duas pesquisas exigiria o que o IBGE chamou de “compatibilização” dos conceitos, ainda não disponível para todos os recortes.

Um ranking do Censo 2010 apontava São Caetano do Sul com a maior renda per capita nominal do país. Nova Lima aparecia na sétima posição à época.

Marajá do Sena (MA), por sua vez, tinha o valor mais baixo do país em 2010. A cidade registrou a nona menor marca em 2022. Uiramutã possuía a quinta renda mais baixa em 2010.

NOVA LIMA TAMBÉM LIDERA GANHOS DO TRABALHO

Nova Lima também liderou em 2022 o ranking relativo ao rendimento médio obtido apenas com o trabalho pela população ocupada de 14 anos ou mais.

O valor foi de R$ 6.929 por mês na cidade. São Caetano do Sul veio na sequência (R$ 6.167).

Cachoeira Grande (MA) teve a menor renda do trabalho: R$ 759.

MAIS LIDAS

Voltar ao topo