Num setor com déficit de mão de obra, St Marche lança feirões para lidar com turnover e busca diversidade

Uma image de notas de 20 reais
Das 100 vagas abertas, houve 71 contratações: porta de entrada ao mercado de trabalho
(Divulgação)
  • Supermercado aplica estratégia de feirão para contratar 100 pessoas em um dia: "Facilita a vida do candidato" e agiliza processo seletivo
  • Varejo enfrenta atualmente déficit de 5% na disponibilidade de mão de obra, com 34,5 mil vagas em aberto no estado de São Paulo
Por Bruno Cirilo Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS.] O St Marche lançou na última quarta-feira (20) um feirão para contratar 100 funcionários em apenas um dia na sede da empresa, na Vila Leopoldina, em São Paulo. O modelo de contratação será utilizado a partir de agora pela empresa, a cada dois meses, afirmou com exclusividade à AGÊNCIA DC NEWS a gerente-executiva de Gente & Cultura do supermercado, Carolina Bussadori. A iniciativa visa a facilitar os trâmites aos candidatos, criar um banco de talentos e agilizar o processo seletivo. Conforme a Associação Paulista de Supermercados (Apas), atualmente o varejo enfrenta um déficit de 5% na disponibilidade de mão de obra, com 34,5 mil vagas em aberto no estado.

“É para melhorar a vida do candidato”, afirmou Bussadori, durante o feirão. De acordo com ela, é “muito mais fácil” contratar dessa forma, em que realizam a parte burocrática da contratação e a pessoa já começa na segunda-feira (25). Geralmente, segundo a gerente da área de recursos humanos do St Marche, o processo costuma levar dez dias, o que implica em mais gastos de ambas as partes. Na quarta-feira, cerca de 200 pessoas se apresentaram no escritório da companhia, onde havia inclusive dois correspondentes bancários e duas médicas, de modo que os novos funcionários já pudessem sair de lá com uma conta aberta, exame clínico e contrato assinado. Foram contratadas 71 pessoas, entre atendentes e os demais cargos especializados, como padeiros, que estão começando a trabalhar nesta semana. 

Com faturamento de R$ 1,3 bilhão em 2024, o Grupo St Marche reflete o alto grau de rotatividade (turnover) do setor. No momento, esse índice é de 78% no supermercado. Ou seja, dos 2,2 mil empregados da rede paulistana, a maioria é recente. No ano passado, o volume de contratações foi equivalente a 58% do quadro de funcionários, admitindo-se 1,7 mil pessoas – já no primeiro semestre de 2025, foram 970 admissões. O feirão também é uma forma de lidar com isso. “O varejo é primeiro emprego”, disse Bussadori. “Então, via de regra, a nossa maior população acaba sendo esse primeiro emprego de um pessoal mais jovem.”

Escolhas do Editor

Fundada em 2002, a rede tem 32 unidades na região da Grande São Paulo, sendo que 12 delas foram inauguradas nos últimos dois anos, e um Centro de Distribuição (CD) em Jandira (SP). Bussadori observa que, graças à diminuição do desemprego geral no país, o turnover só tem aumentado desde setembro de 2024. A taxa de pessoas desocupadas no Brasil caiu de 7% para 5,8% entre o primeiro e segundo trimestre deste ano, de acordo com o IBGE. “Não chega a faltar mão de obra. Mas há uma dificuldade [em contratar], principalmente nos cargos especializados”, afirmou. Entre eles, as funções de confeiteiro, açoogueiro e sushimen. A especialista concorda que é, principalmente, uma questão de qualificação profissional. “São os cargos ‘eiros’, que consideramos uma preciosidade, pois queremos oferecer o melhor produto em cada uma dessas áreas.” 

INVESTIMENTO EM DIVERSIDADE  Segundo a gerente, a política de inclusão do St. Marche envolve cerca de 10% do quadro de funcionários. São 198 funcionários com mais de 50 anos e 21 refugiados que foram contratados numa parceria com a ONG Missão Paz, de São Paulo, a partir de julho deste ano. “A gente já tinha alguns refugiados do Congo trabalhando conosco”, disse. “Agora trouxemos refugiados da Bolívia e Venezuela.” Os imigrantes passam por período de treinamento e, quando não falam português, carregam essa informação no crachá: “Estou aprendendo português”.  

A iniciativa com funcionários 50+ é recente, iniciada em 2024, mas foi somente este ano que o grupo fechou contrato com uma consultoria especializada na capacitação desse contingente, a Maturi. Segundo Bussadori, são profissionais que precisam de suporte psicológico. “Então também fornecemos isso gratuitamente, independentemente se a pessoa tem plano de saúde ou não.”

Voltar ao topo