'O pior já passou', diz Milei aos argentinos sobre a economia em meio a crise no governo

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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Javier Milei tentou tranquilizar os argentinos na noite desta segunda-feira (15), com um discurso na televisão nacional para apresentar o Orçamento de 2026, que será enviado ao Congresso. “O pior já passou”, disse o presidente, ao falar do equilíbrio fiscal alcançado durante seu governo.

No discurso, o presidente ratificou o plano econômico, disse entender que muitos argentinos “não percebem em sua realidade material” o que ele julga como melhorias.

“Os anos mais difíceis de enfrentar foram os primeiros e é por isso que podemos afirmar, como tantas outras vezes, e apesar da turbulência conjuntural, que o pior já passou.”

Milei enfatizou que o futuro da Argentina depende do comprometimento da população e da política com a ordem fiscal, alertando que a falha nesse aspecto poderia levar o país a uma nova era de inflação descontrolada.

O governo enfrenta o seu período de maior fragilidade. A Casa Rosada se viu paralisada após a divulgação, no mês passado, de áudios apontando um suposto esquema de corrupção na compra de medicamentos que favoreceria a irmã do presidente, Karina Milei.

Há pouco mais de uma semana, Milei sofreu sua maior derrota eleitoral ao ficar quase 14 pontos atrás dos peronistas nas eleições legislativas da província de Buenos Aires. Milei travará sua maior batalha em 26 de outubro, com as eleições legislativas nacionais.

Milei agradeceu ao povo argentino pelo apoio nos momentos difíceis. Ele elogiou os argentinos como protagonistas do crescimento e das ideias de liberdade. O presidente afirmou que a estabilidade fiscal é crucial para garantir um futuro melhor e que todos fizeram grandes esforços para melhorar a situação do país. Ele reconheceu que ainda há muitos que não perceberam essas melhorias em suas vidas cotidianas.

“Custou-nos muito chegar aqui. Todos nós fizemos enormes esforços para sair do buraco em que estávamos quando assumimos o cargo. E embora o caminho seja árduo, o percurso é o certo. Se não terminarmos o processo de mudança que empreendemos, teremos jogado fora todo o esforço que fizemos.”

Ele anunciou aumentos de 5% a 17% em áreas como saúde, educação e benefícios para pensionistas, destacando que o foco do governo é o capital humano. Milei também anunciou recursos de 4,8 bilhões de pesos (R$ 17,4 milhões, na cotação oficial) para universidades nacionais

Milei ressaltou a necessidade de reverter a ideia de que todos os cidadãos são considerados suspeitos pelo Estado, buscando simplificar a declaração de rendimentos. Ele afirmou que pela primeira vez em décadas, o superávit primário permitirá que o setor público financie o setor privado, essencial para melhorar a infraestrutura do país.

O presidente adotou um tom sóbrio em seu discurso, que foi gravado, diferentemente de outros anúncios orçamentários anteriores. Milei não fez, no entanto, grandes acenos para conquistar apoio de governadores das províncias, conforme se especulava ao longo do dia.

Em diferentes bairros da capital argentina, como Almagro, Boca, Caballito, Palermo e Recoleta, houve registros de panelaços durante o pronunciamento do presidente.

A expectativa do anúncio também marcou um dia de alta volatilidade no mercado financeiro. Mais cedo, o dólar no varejo fechou em 1.479 pesos argentinos (acima, pela primeira vez, do teto da banda de 1.471 pesos). No dólar negociado entre bancos e casas de câmbio, a moeda era vendida a 1.467 pesos.

O S&P Merval -índice das principais ações da Bolsa local– caiu 0,63%; os títulos da dívida caíram 6%.

Após a apresentação do orçamento, ele viajará ao Paraguai para participar de uma conferência e se reunir com o presidente do país vizinho, Santiago Peña.

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