O que mudou e o que deixa de mudar na cobrança do IOF e o que importa no mercado

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O que mudou e o que deixa de mudar na cobrança do IOF, dólar vai mal globalmente e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (26).

**BOTA IOF, TIRA IOF**

Afinal, o que aconteceu com o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras)? Estamos aqui para lhe ajudar a entender como ficarão as suas contas com as novas regras.

Recapitulando…o governo anunciou na quinta-feira passada, dia 22 de maio, o aumento do IOF, imposto que é aplicado sobre algumas transações específicas, sobretudo as que envolvem o câmbio entre moedas e altas quantias.

As alíquotas são distintias para diferentes tipos de operações. As que podem atingir o seu bolso com maior força são aquelas estipuladas para transações em cartões de crédito e débito internacionais, que saíram de 3,38% para 3,5%.

O empresariado brasileiro, contudo, reagiu (muito) mal às outras. O Ministério da Fazenda aumentou o imposto para o crédito internacional –saiu de zero para 3,5%. Ainda, o crédito para empresas vindo do exterior encareceu: uma tarifa de 1,88% virou 3,5%.

As reclamações públicas e abundantes fizeram o Planalto voltar atrás em algumas das determinações, mas as já citadas aqui permaneceram.

O problema não é que você não vai conseguir ir para a Disney porque o dólar vai estar caro demais. A questão é que há muitas empresas de grande porte no Brasil que precisam enviar e receber remessas de dinheiro do exterior constantemente.

Para elas, o custo das operações vai aumentar e isso pode acabar encarecendo alguns produtos. Um preço maior do crédito pode levar a um aumento do nível dos preços –o nome disto é a boa e velha inflação.

HÁ QUEM ACHE RUIM…

Porque consideram o aumento de impostos uma estratégia pouco inteligente de aumentar a arrecadação, uma vez que não estimula uma gestão inteligente dos recursos que já existem.

É o caso de Flávio Rocha, dono da Riachuelo. Ele diz que a fórmula “já foi testada e reprovada pelo governo reiteradas vezes”. “É uma explosão de arrecadação insuficiente para uma expansão assustadora do gasto público e não tem como dar certo”.

E QUEM ACHE QUE PODE DAR CERTO

O aumento dos preços causado pelo crédito encarecido pode, eventualmente, ajudar na missão do Banco Central de desaquecer a economia –junção de fatores que poderia levar à redução da Selic.

**O OLHAR DE REPROVAÇÃO**

Você sabe que sua situação está feia quando todos os seus conhecidos começam a reagir mal às suas decisões. Quem nunca tomou um olhar torto dos parentes? A economia global está tratando Donald Trump da mesma forma que sua avó lhe tratou quando você colocou um piercing.

O dólar teve a semana de maior desvalorização em relação a outras moedas desde o anúncio do tarifaço, no começo de abril.

O QUE ACONTECEU?

Os investidores estão bastante preocupados com as finanças dos EUA, que está cada vez mais endividado.Trump quer emplacar uma medida que aumenta o déficit público em US$ 3 trilhões (R$ 17 trilhões). Pouca coisa.

Ele propõe uma redução nos impostos e um aumento nos gastos com defesa. Ambas propostas de campanha.

Falamos em detalhes sobre o endividamento dos EUA e porque ele preocupa tanto o mercado na edição da quinta-feira (22), que você encontra aqui.

A REAÇÃO DO DÓLAR

A divisa americana caiu 0,9% na sexta-feira (23) na comparação com uma cesta de pares, como o iene japonês e o euro. O movimento levou seu declínio semanal para 2%, a maior queda em seis semanas.

Preocupados com a próxima ideia que Trump possa acordar na cabeça, os investidores estão retirando uma parte do dinheiro que colocam em ativos lastreados no dólar. Entre eles, a própria moeda, as bolsas de valores do país e os títulos da dívida pública.

“O mais preocupante é como o dólar está reagindo às altas taxas dos EUA”, indicou Michael Metcalfe, chefe de estratégia macro da State Street Global Advisors.

“Quando moedas e preços de títulos se movem na mesma direção, isso reflete uma queda na sustentabilidade da política”, acrescentou, dizendo que a quebra nas correlações usuais “faz você pensar que há algo mais estrutural em jogo”.

NEM AÍ

O presidente republicano e sua equipe minimizam os possíveis impactos do projeto de lei, se aprovado.

“Acho que é mais sobre as moedas de outros países se fortalecendo do que sobre o dólar estar enfraquecendo”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessentt.

**MAIS UM DESEMBARQUE**

A visão de carros elétricos de montadoras chinesas nas ruas brasileiras é comum. Ao menos é o caso em São Paulo, onde não é difícil avistar um BYD ou um GWM dando uma voltinha.

O grupo ganha um novo membro: a GAC. Mais uma chinesa chega para disputar o mercado brasileiro, e ainda quer que você pronuncie o nome dela corretamente.

Não é “gaq”…é “gê-a-cê”. É mole?

Ela estreou com uma estratégia ousada. De uma só vez, abriu 33 concessionárias, além de ter 50 pontos de demonstração espalhados por shoppings do país. Cinco carros estão sendo lançados ao mesmo tempo, sendo quatro 100% elétricos e um híbrido.

Uma curiosidade: a comunicação da GAC é comandada por Olímpio Cruz Neto, ex-assessor da ex-presidente Dilma Rousseff, que hoje está à frente do Banco dos Brics.

VAMOS COM CALMA

A aposta pode virar, mas colocar a maior parte das fichas em modelos totalmente elétricos deixa-a ainda mais arriscada. O mercado brasileiro se demonstra mais adepto de modelos híbridos –que misturam a combustão e a eletricidade– do que a outros formatos.

“O Brasil é o sexto maior mercado do mundo, é maduro, e aproveitamos a oportunidade gerada pelo programa Mover”, afirmou Feng Xingya, chairman da empresa.

Programa o quê? Mover, uma sigla para Mobilidade Verde e Inovação. É um programa do governo federal que almeja a descarbonização da frota brasileira e estimular a inovação tecnológica por aqui.

Uma das formas de fazê-lo é oferecendo isenções de impostos e melhores condições para empresas que produzem VEs, como a GAC.

VEIO PARA FICAR

A ideia da montadora é fabricar automóveis no Brasil, eventualmente.

É o caminho trilhado pelas concorrentes. A BYD abre sua fábrica em Camaçari (BA) neste ano, assim como a GWM, que o faz em Iracemápolis (SP).

Em encontro com Lula, o CEO da montadora chinesa, Wei Haigang, confirmou um investimento de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,39 bilhões) para produzir carros elétricos e híbridos em Goiás e erguer um centro de pesquisa e desenvolvimento no Nordeste.

Por enquanto…é melhor focar nos veículos que estão sendo importados.

O modelo com maior potencial de mercado é o SUV médio GS4, com tecnologia híbrida plena, semelhante à oferecida no Toyota Corolla Cross XRX Hybrid, que custa R$ 219.890.

O mais em conta é o sedã médio Aion ES, anunciado por R$ 169.990.

**TANURE QUER A BRASKEM**

Esta newsletter coleciona figurinhas carimbadas que sempre aparecem. Alguns quase todos os dias, outros quase todas as semanas, e por fim, uns que marcam presença de vez em quando. Hoje falamos de uma destas aparições mais raras, mas que nunca passam despercebidas.

Nelson Tanure fez uma oferta para a aquisição do controle da Braskem, uma das maiores petroquímicas da América Latina –fundada pela família Odebrecht.

QUEM?

O empresário baiano é um dos maiores investidores do país. Sua preferência não é por um setor específico da economia, mas sim por um tipo de empresa: aquelas que estão mal das pernas.

Ele ficou famoso por compra companhias que estavam indo mal e iniciar um processo de reestruturação –que deu mais certo em algumas do que em outras.

Hoje, é controlador da Prio (antiga PetroRio), detém participações na Light e na Alliança Saúde, além de ser um dos maiores acionistas da Gafisa.

NO FUNDO DO POÇO

Somando A+B você entendeu que a Braskem não está em um bom momento.

Com uma situação financeira complicada, a petroquímica lida com a escalada de sua dívida, afetada principalmente pela baixa nos preços da indústria global. No primeiro trimestre deste ano, a dívida líquida chegou a US$ 6,6 bilhões (R$ 37,4 bilhões), alta de 25% na comparação com o mesmo período de 2024.

Ainda, lida com um problema sério em Maceió. A exploração de sal-gema causou o afundamento do solo em determinadas regiões da capital alagoana, o que levou ao deslocamento de mais de 60 mil pessoas de seus lares e rendeu o pagamento de R$ 17,7 bilhões em indenizações, obras de contenção e provisões adicionais.

ALGUMAS PEDRAS NO CAMINHO

Se o nome Odebrecht lembra alguma coisa, provavelmente é a Operação Lava-Jato. A empresa da família, que passou a se chamar Novonor, estava envolvida até o pescoço na investigação. Na época, fez acordos mil com credores.

Isso significa que a Braskem tem dívida com quase todos os maiores bancos do país: Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e BNDES entram na dança.

Para adquirir a participação da Novonor, Tanure vai ter que negociar com todos eles. Além da Petrobras, que detém outros 36% da companhia.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

“Acelera!” É o que os programadores da Amazon estão ouvindo desde que o uso da IA foi pulverizado na empresa.

Melhores amigos. Trump adiou a efetividade das tarifas de 50% sobre a importação de produtos da União Europeia para julho.

Criptomoedas podem ser uma boa ideia? Depende. Aqui a gente te ajuda a analisá-las como uma estratégia para escapar do novo IOF.

Tá difícil. Empresários americanos sentem o tranco e pedem para Trump pisar no freio com as políticas de expulsão de imigrantes dos EUA.

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