SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 20 países árabes e muçulmanos, incluindo Egito, Arábia Saudita e Qatar, condenaram neste sábado (9) o plano de Israel de assumir o controle da Cidade de Gaza, chamando a ofensiva de uma “escalada perigosa” e “uma flagrante violação do direito internacional”.
“Tais ações eliminam qualquer oportunidade de paz, minam os esforços regionais e internacionais para a distensão e a resolução pacífica do conflito e exacerbam as graves violações contra o povo palestino”, diz o comunicado. “Consideramos a ocupação israelense totalmente responsável pelo genocídio em curso e pela catástrofe humanitária sem precedentes que está ocorrendo na Faixa de Gaza.”
Na última quinta-feira (7), o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, reafirmou a intenção de expandir a presença militar para todo o território palestino, e o gabinete de segurança do Estado judeu aprovou um plano para que as Forças Armadas do país assumam o controle da Cidade de Gaza, devastada após 22 meses de guerra.
A decisão foi tomada a despeito da oposição do próprio chefe do Exército israelense, Eyal Zamir, ao plano. De acordo com a imprensa local, o comandante teria afirmado em uma reunião com o premiê no começo da semana que a ideia era uma armadilha que poderia resultar na morte dos reféns ainda sob o poder do Hamas em Gaza.
O anúncio gerou protestos dentro e fora de Israel. Neste sábado, a Turquia, que também assinou o comunicado condenando a ação, afirmou que as nações muçulmanas devem mobilizar a oposição internacional contra o plano israelense, que chamou de inadmissível.
A nota dos países árabes pede esforços para um cessar-fogo, o que parece cada vez mais distante na atual conjuntura. Mesmo assim, o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, se encontrará com o primeiro-ministro do Qatar nesta sábado, na Espanha, para discutir um plano para acabar com a guerra em Gaza e libertar reféns, segundo um jornalista do site americano Axios.
Enquanto isso, o conflito segue fazendo vítimas em Gaza, onde mais de 60 mil já foram mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino, controlado pelo Hamas.
Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, 10 pessoas morreram neste sábado no território palestino, oito delas por disparos do Exército israelense perto de centros de ajuda, o que se tornou rotina nos últimos meses, segundo relatos locais.
Pelo menos seis corpos, incluindo o de uma criança, foram levados ao hospital al-Awda, no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, junto com trinta feridos, afirmou Basal à agência de notícias AFP.
As vítimas foram atingidas por disparos israelenses quando civis se reuniram perto do ponto de distribuição de ajuda da FHG (Fundação Humanitária de Gaza), controversa organização apoiada por EUA e Israel, na estrada principal Salah al-Din, no centro do território, afirmou o porta-voz. Outras duas pessoas, entre elas uma mulher, foram mortas pelas forças israelenses perto de outro centro de ajuda no noroeste de Rafah, no sul, segundo Basal.
O Exército israelense ainda não comentou as declarações, e restrições impostas aos meios de comunicação por Tel Aviv, que cerca Gaza desde o início da guerra, impedem que as informações fornecidas pelas diferentes partes sejam verificadas.
No Líbano, que também foi afetado pela guerra nos últimos 22 meses, pelo menos seis membros do Exército foram mortos neste sábado em uma explosão causada por “resquícios da guerra israelense” em Tiro, no sul do país, segundo funcionários de segurança de Beirute disseram à Reuters.