Partido pró-Europa vence eleições na Moldova por margem mínima

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BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Por uma margem mínima, a Moldova deu maioria ao partido governista, pró-Europa, nas eleições parlamentares do fim de semana, marcadas pela interferência russa. O partido Solidariedade e Ação, que defende a adesão à União Europeia ainda nesta década, obteve 50,2% dos votos, informou a comissão eleitoral do país nesta segunda-feira (29).

O resultado é uma vitória pessoal de Maia Sandu, a presidente reeleita no ano passado, também com margem mínima, que passou a campanha denunciando os esforços de Moscou para tentar influenciar o resultado. “Foi uma vitória do país, não do partido”, disse a mandatária em entrevista após a totalização dos votos. “Eu realmente queria que os moldavos decidissem pela Moldova.”

Em disputa retórica e política aberta com Vladimir Putin desde a invasão da Ucrânia, os principais líderes europeus foram às redes sociais assim que a maioria governista foi confirmada. “Apesar da interferência e da pressão, a vontade do povo moldavo prevaleceu. A França apoia a Moldova na sua busca pelas aspirações europeias e pela liberdade e soberania”, escreveu o presidente francês, Emmanuel Macron.

Primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk foi ainda mais incisivo em apontar para Putin e festejar Sandu. “Não só salvou a democracia e manteve o rumo europeu, como também impediu a Rússia de assumir o controle de toda a região.”

Moscou refuta as acusações de interferência e, nesta segunda, tomou para si o papel de acusador, afirmando que centenas de milhares de moldavos que moram na Rússia foram impedidos de votar.

“Em primeiro lugar, são os próprios moldavos que devem resolver esta questão”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, quando indagado se a Rússia tomaria alguma medida. “Tanto quanto sabemos, algumas forças políticas estão manifestando. Falam de possíveis violações eleitorais”, declarou.

A capital russa teria sido contemplada com apenas dois locais de votação contra 38 na Alemanha, que abriga uma diáspora bem menor.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e António Costa, chefe do Conselho Europeu, ignoraram o discurso, celebrando “a escolha pela democracia” em mensagens sincronizadas. “Nossa porta está aberta”, escreveu Von der Leyen, ainda que o caminho de adesão ao bloco não esteja livre de novos percalços.

Programada para 2030, a adesão à União Europeia precisa ser aprovada pelos 27 Estados-membros. País mais pobre da Europa, a Moldova não tem oponentes claros, mas pode sofrer efeitos colaterais da oposição húngara à candidatura da Ucrânia.

Budapeste alega que minorias de origem húngara estão sob risco no país invadido pela Rússia em 2022, mas a resistência é percebida claramente com um aceno do primeiro-ministro, Viktor Orbán, a Putin. A administração Orbán também se opõe aos pacotes de sanções econômicas da UE contra a Rússia, suscitando inclusive movimentos de flexibilização das regras de votação no bloco.

A Moldova poderia acabar sendo engolida pela disputa. É sintomático que Marta Kos, comissária europeia para a expansão do bloco, esteja na Ucrânia nesta segunda justamente em contato com as comunidades que Orbán diz estar preocupado.

No front interno do pequeno país, localizado entre Romênia e Ucrânia, um dos líderes do Bloco Patriótico, que defende a neutralidade da Moldova diante da guerra e uma política de aproximação com Moscou, reuniu centenas de militantes nesta segunda-feira em frente ao Parlamento. Na véspera, Igor Dodon já tinha declarado vitória, sem nenhum voto apurado, e antecipado uma suposta anulação dos resultados.

Segundo a comissão eleitoral, o Bloco Patriótico alcançou 24,2% dos votos.

Se a véspera do pleito já tinha sido tumultuada, com a suspensão de duas siglas de oposição por financiamento ilegal, prisões, perfis de redes sociais derrubados e acusações generalizadas de interferência, o dia de votação não foi muito diferente. Ameaças falsas de bomba interromperam votações no exterior em Roma, Bruxelas e nos EUA; várias pessoas foram detidas supostamente por planejarem tumultos e organizar compra de votos.

Siegfried Mureșan, o eurodeputado romeno que lidera a comissão de observação da UE no país, afirmou que “a vitória pró-europeia da Moldova é uma lição para toda a Europa sobre como derrotar a interferência russa”.

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