[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
O investidor brasileiro tem, ao mesmo tempo, propensão ao risco e aversão à perda, segundo pesquisa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A maioria (52,5%) dos entrevistados (1.371) afirma se identificar com o perfil “arrojado”. É aquele que aceita correr riscos maiores, mesmo com possibilidade de perdas no curto prazo, para obter depois um ganho maior. Outros 36% apresentam-se como moderados e 9,4%, como conservadores. E todos, aparentemente, têm o mesmo objetivo: garantir reservas para a aposentadoria: 74% dos arrojados, 68% dos moderados e 63% dos conservadores. Mas o primeiro grupo quer, em primeiro lugar (76% das respostas), viver de renda.
Na análise dos dados, a CVM identifica um comportamento ambíguo. “Ao mesmo tempo em que os indivíduos demonstram disposição para assumir riscos, ainda permanecem sensíveis à possibilidade de perdas e influenciados por resultados passados”, disse a autarquia. As entrevistas apontam 58,8% com propensão ao risco, 51,1% com aversão à perda e 49,1% identificados com a expressão “hot hand fallacy” – literalmente, falácia da mão quente. Estes acreditam que resultados positivos anteriores aumentam as chances de novos êxitos futuros.
Há ainda 41,8% com “autoconfiança excessiva”, ante 36,2% em 2022. O que, segundo a CVM, sugere “uma tendência a superestimar a própria capacidade de tomar decisões financeiras corretas”. Esse item cresceu em relação a 2022 (36,2%). A instituição considera essa informação “especialmente relevante no contexto atual em que as apostas online estão cada vez mais populares”. Já a aversão à perda caiu (chegou a 65,2%), “o que sugere que os investidores estão se tornando mais tolerantes aos riscos”. Ainda segundo a pesquisa, 86% afirmam estar preparados para lidar com imprevistos financeiros. “embora a maioria não estabeleça uma meta específica mensalmente ao poupar”.
O levantamento mostra que 88% dos entrevistados são homens, 75% são brancos e quase 60% estão na faixa de 36 a 59 anos (31% têm de 46 a 59 e 28%, de 36 a 45). No recorte pela escolaridade, 91% têm curso superior. Quanto à renda familiar mensal, 27% ganham de 10 a 20 salários mínimos (em valores atuais, de R$ 15.180 a R$ 30.360) e 23%, de cinco a dez (de R$ 7.590 a R$ 15.180). Entre os três perfils (arrojado, moderado e conservador), “a renda familiar declarada e predominante é acima de 5 mil reais”.
A maior parcela (23,3%) é de empregados com carteira de trabalho assinada. Depois vêm aposentados (17,7%), funcionários públicos (17,4%), profissionais autônomos (15,7%) e liberais (10,8%). Entre os demais grupos, há ainda militares (1,3%) e estudantes (0,6%). A CVM destaca que 40,6% não têm dependentes, “representando o maior grupo isolado da amostra”. Há 31,4% com um, 18,2% com dois e 9,8% com três ou mais dependentes.