[AGÊNCIA DC NEWS]. Depois de chegar a uma taxa de 600% de crescimento durante a pandemia, impulsionada pela necessidade de mais entregadores nas ruas, e manter a taxa entre 50% e 60% anuais a partir de 2022, a startup de logística Eu Entrego se vê relevante no mercado. “A companhia deve ultrapassar a barreira dos R$ 100 milhões de faturamento neste ao, o que, de certa forma, nos tira do clube das startups”, disse Vinicius Pessin, cofundador e CEO da Eu Entrego, em entrevista ao videocast DC NEWS TALKS. A companhia está hoje em 400 cidades e cobre todos os estados brasileiros. Há alguns fatores que explicam a ascensão: prospecção de clientes gigantes do varejo é um deles. Atenção com os “CEPs esquecidos”, onde as empresas tradicionais não chegam, é outro – uma dor social que levou a empresa a olhar para isso como oportunidade de negócio. “Hoje já fazemos entregas em comunidades e também chegamos via barco no Amazonas.”
Apesar do novo marco em faturamento, Pessin afirma que o “espírito incomodado, de resolver novas dores” continua e, portanto, o clima de startup será mantido. “Senão eu me tornar uma empresa tradicional, talvez perca o que tenho de melhor”, afirmou. Foi com o espírito de startup, que mapeia problemas e desenvolve soluções, que os sócios aceitaram iniciar entregas em rios amazonenses e também encontrar um jeito de chegar nas portas dos consumidores que moram em comunidades, onde serviços tradicionais de logística não entram (geralmente por questão de segurança, por influência do tráfico de drogas ou milícia). “Conseguir entregar para uma população ribeirinha é legal, mas, às vezes, temos essa exclusão do lado da nossa casa”, disse o CEO. Ele contou que por meio de geolocalização recruta entregadores das próprias comunidades para fazer esse trabalho em seus territórios.
“Se você quiser fazer entregas do e-commerce na sua comunidade, cadastre-se na Eu Entrego e passe a ter uma renda extra”, disse Pessin, sobre a abordagem nas comunidades. As entregas já chegaram a locais como Paraisópolis e Heliópolis, em São Paulo. No Rio de Janeiro, a Eu Entrego tem parceiros na Rocinha e na Cidade de Deus, segundo ele. “Estamos também em Salvador, em locais onde a entrega não chega. E a gente tem atacado todas essas regiões.” Da análise de mercado com foco em democratizar e ampliar a capilaridade da Eu Entrego, veio o entendimento de que é impossível monopolizar a logística de um país como o Brasil. “Somos gigantes.”
E numa espécie de aposta dobrada, nasceu o spin-off Envoy, em 2021. “Um varejista nunca vai entregar 100% da sua demanda para uma única empresa”, disse. “Então licenciamos nossa tecnologia para que o próprio varejista tenha a gestão da sua entrega sem necessariamente precisar da gente.” Com o novo negócio, a empresa conseguiu captar clientes inclusive entre empresas de logística concorrentes, que adotaram o software da Envoy. Essa tecnologia cria roteiros inteligentes visando economia de combustível, mais segurança e agilidade para os varejistas e compradores, além de facilitar a entrega em CEPs irregulares. “A entrega precisa acontecer, ser rápida, efetiva.”
Ainda que os resultados da companhia indiquem um bom momento, o setor depende do sucesso do varejo para crescer. “A gente acaba virando um monitor do varejo”, afirmou Pessin, que tem clientes como Cobasi, Grupo Soma, O Boticário e Petz, entre outros. Em sua análise, ainda há um “oceano azul” a ser explorado pela logística da Eu Entrego. “A penetração do e-commerce no Brasil ainda tem muito espaço para avançar. As expectativas são boas, apesar do cenário macroeconômico”, disse.
DOIS MILHÕES – Pessin disse que a empresa também é guiada pela estratégia de fidelização dos entregadores. Segundo o empresário, a Eu Entrego tem 2 milhões de autônomos cadastrados e 150 mil conseguem trabalhar com o aplicativo de fato hoje em dia. O funcionamento depende aumento de demanda, segundo o CEO. “Tenho mais gente cadastrada do que possibilidade de trabalho”, afirmou. “Não podemos colocar todo mundo para dentro ainda.” Segundo ele, a plataforma é atrativa, porque há uma série de benefícios aos entregadores. “Oferecemos telemedicina, descontos em smartphones.” O CEO ainda afirmou que a plataforma adianta o pagamento para o entregador e que recebe posteriormente o pagamento da varejista pelo serviço. “Desde 2019, a gente gera caixa. E precisamos gerar caixa, inclusive, para girar o negócio de conseguir antecipar pagamento”, disse. Confira a entrevista.