RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Após o impulso da safra de grãos no período de janeiro a março, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve confirmar perda de ritmo no segundo trimestre de 2025, afirmam economistas.
O resultado será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (2), às 9h (horário de Brasília).
O mercado financeiro espera uma leve variação positiva de 0,3% para o PIB no segundo trimestre, na comparação com o primeiro, de acordo com a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg. O intervalo das estimativas vai de 0,1% a 0,8%.
No primeiro trimestre, o PIB teve expansão de 1,4%, puxada pela agropecuária -o dado ainda está sujeito a revisões do IBGE. Os efeitos diretos da safra de grãos ficam mais concentrados no indicador de janeiro a março.
No segundo trimestre, além de não ter o mesmo empurrão do campo, a economia continuou convivendo com juros elevados. A situação dificulta o consumo e os investimentos produtivos, já que o crédito fica mais caro para famílias e empresas.
De acordo com Leonardo Costa, economista do Asa, que atua no setor financeiro, o PIB do segundo trimestre deve mostrar “desaceleração significativa” em relação ao “desempenho forte” do início do ano. A casa prevê avanço de 0,3%, em linha com a mediana do mercado.
“Pelo lado da oferta, o destaque é a agropecuária, que perde força com o arrefecimento do efeito da supersafra de 2025. Também projetamos desaceleração da indústria e dos serviços, em linha com os sinais já captados nas pesquisas setoriais do IBGE”, afirma.
Costa diz que a expectativa está associada a um conjunto de indicadores antecedentes, como dados mais fracos de produção e volume de serviços ao longo do trimestre, além da piora de índices de confiança.
“O quadro sugere que a economia entrou em trajetória mais moderada de crescimento após o impulso inicial da safra.”
Analistas do banco Pine também preveem elevação de 0,3% para o PIB no período de abril a junho.
Pelo lado da oferta, a instituição projeta avanços para a indústria (0,5%) e os serviços (0,3%), enquanto a agropecuária tende a recuar (-1,7%) após a alta de dois dígitos (12,2%) no primeiro trimestre.
Pela ótica da demanda, o destaque negativo vem dos investimentos produtivos, medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), diz o Pine. O banco espera retração de 2,3%, a primeira após seis trimestres consecutivos de expansão.
“Julgamos que a taxa de juros real elevada e o aumento das incertezas globais contribuíram para a queda do investimento no trimestre. Ao mesmo tempo, estimamos crescimento de 0,3% tanto para o consumo das famílias quanto para os gastos do governo”, afirma o banco.
Ainda de acordo com a instituição, se as projeções estiverem corretas, o carregamento estatístico para o restante do ano é de 2,4% -ou seja, a taxa de crescimento anual em caso de variação nula do PIB nos próximos trimestres.
O indicador é a soma dos bens e serviços produzidos por um país em um determinado período. Seu avanço é usualmente chamado de crescimento econômico.
Apesar da elevação dos juros, o mercado de trabalho seguiu mostrando sinais de força no segundo trimestre no Brasil, o que deve ter impedido uma desaceleração ainda maior do PIB, conforme analistas.
O Itaú prevê variação positiva de 0,2% para o período de abril a junho. Para o acumulado do ano, o banco projeta crescimento de 2,2%.
“No entanto, reconhecemos viés levemente baixista [na estimativa], diante de riscos associados ao mercado de crédito, como os efeitos do aumento do IOF e a desaceleração do crédito consignado para beneficiários do INSS”, aponta o Itaú em relatório assinado pelas economistas Natalia Cotarelli e Marina Garrido.
O banco Daycoval, por sua vez, prevê avanço de 0,5% para o segundo trimestre. A instituição afirma que a economia deve mostrar “sinais claros de desaceleração”.