RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil avançou 0,4% no segundo trimestre em relação aos três meses iniciais de 2025, apontam dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado confirma uma desaceleração da economia nacional, que havia crescido 1,3% no primeiro trimestre, quando houve impacto da supersafra de grãos. Sem esse impulso da agropecuária e com os juros altos para conter a inflação, a atividade perdeu ritmo, como era esperado por analistas.
O mercado financeiro esperava variação positiva de 0,3% para o período de abril a junho, de acordo com a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,1% a 0,8%.
O IBGE revisou a taxa de crescimento do PIB do primeiro trimestre de 1,4%, como divulgado anteriormente, para 1,3%. Os efeitos diretos da safra de grãos ficam mais concentrados no indicador de janeiro a março.
No segundo trimestre, além de não ter o mesmo empurrão do campo, a economia continuou convivendo com juros elevados. A situação dificulta o consumo e os investimentos produtivos, já que o crédito fica mais caro para famílias e empresas.
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) elevou a taxa básica de juros (Selic) a 15% ao ano em junho. A Selic permaneceu nesse patamar na reunião mais recente do colegiado, em julho.
Com o choque dos juros, o BC tenta esfriar a demanda por bens e serviços. A medida busca conter a inflação.
O mercado de trabalho, por outro lado, seguiu mostrando sinais de força no segundo trimestre, o que impediu uma desaceleração ainda maior do PIB, conforme analistas.
A taxa de desemprego caiu a 5,8% nos três meses até junho, o menor patamar da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo de 6%.
O PIB é a soma dos bens e serviços produzidos por um país em um determinado período (trimestre ou ano). Seu avanço é usualmente chamado de crescimento econômico.
Na mediana das projeções, o mercado financeiro passou a esperar aumento de 2,19% para o PIB no acumulado de 2025, de acordo com o boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda (1º). A estimativa para este ano era menor, de 2,01%, ao final de 2024.
O Ministério da Fazenda, por sua vez, projeta crescimento de 2,5% em 2025, conforme revisão anunciada em julho.
Analistas ainda se perguntam até que ponto o governo Lula (PT) estará disposto a abrir mão de medidas para estimular a economia antes das eleições de 2026.
No cenário global, há incertezas relacionadas à guerra comercial de Donald Trump. O Brasil é um dos países atingidos pela política de sobretaxas dos Estados Unidos.
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Variação do PIB de países da OCDE e emergentes no 2º trimestre de 2025
Em relação ao ano anterior, em %
* Dinamarca: 1,3
* China: 1,2
* Costa Rica: 1,2
* Noruega: 0,8
* Estados Unidos: 0,8
* Polônia: 0,8
* Espanha: 0,7
* Eslovênia: 0,7
* México: 0,6
* Coreia do Sul: 0,6
* Portugal: 0,6
* Colômbia: 0,5
* Estônia: 0,5
* República Tcheca: 0,5
* Hungria: 0,4
* Chile: 0,4
* Letônia: 0,4
* Reino Unido: 0,3
* França: 0,3
* Lituânia: 0,3
* Japão: 0,3
* Bélgica: 0,2
* Suécia: 0,1
* Áustria: 0,1
* Holanda: 0,1
* República Eslovaca: 0,1
* Itália: -0,1
* Alemanha: -0,3
* Finlândia: -0,4
* Canadá: -0,4
* Israel: -0,9
* Irlanda: -1,0
Fontes: OCDE e IBGE