SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Operação Spare, deflagrada pela Receita Federal nesta quinta-feira (25) para cumprir 25 mandados de busca e apreensão contra o envolvimento do PCC no ramo de combustíveis e de jogos de azar, apreendeu quase R$ 1 milhão em dinheiro em espécie, além de uma arma.
Segundo o coronel Valmor Racorti, da Polícia Militar, além do dinheiro e da arma, foram apreendidos 20 celulares e computadores. “Sem dinheiro as redes criminais não sobrevivem”, afirma.
Os mandados foram expedidos visando a apreensão de drogas, armas, munições, dinheiro e quaisquer equipamentos eletroeletrônicos utilizados pelos investigados.
A PGE (Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo) aplicou medidas cautelares fiscais, com o bloqueio de R$ 2,6 bilhões em bens contra 55 investigados.
Segundo o procurador-geral adjunto do estado, Caio Guzzardi, o bloqueio já alcançou diversos bens, incluindo centenas de veículos, fundos de investimento, dinheiro em conta-corrente e ações de empresas. As medidas, afirma, visam garantir a devolução desses valores aos cofres estaduais, permitindo que o dinheiro recuperado do crime seja destinado a políticas públicas.
De acordo com a investigação do MP-SP, as apreensões e os bloqueios são parte de um esforço mais amplo para desmantelar a estrutura financeira do crime organizado, que movimentou mais de R$ 4,5 bilhões em transações financeiras ao longo de cinco anos com arrecadação tributária baixíssima (0,1%).
O principal alvo da operação está ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis (cerca de 400) usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
A atuação do grupo, no entanto, não se restringia ao setor de combustíveis. Por meio de pessoas relacionadas, o principal alvo também operava quase cem estabelecimentos de franquia e mais de 60 motéis até empreendimentos imobiliários.
A Receita afirma que, com os recursos obtidos por meio do esquema, os investigados adquiriram imóveis e bens de alto valor, entre eles um iate, helicópteros, um Lamborghini Urus e terrenos onde estão localizados os motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.
Segundo os investigadores, os bens de luxo representam apenas a ponta do iceberg de um patrimônio bilionário. O iate, por exemplo, foi inicialmente comprado em nome de um motel do grupo e depois transferido para uma empresa de fachada, que também adquiriu um helicóptero.
Outro helicóptero, modelo Augusta A109E, está registrado em nome de um dos investigados. Entre os carros, o Lamborghini Urus, avaliado em cerca de R$ 3 milhões, foi adquirido por meio de uma empresa patrimonial, segundo a operação.