População na Europa supera 450 milhões de pessoas graças à imigração

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BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – A população dos 27 países da União Europeia alcançou 450,4 milhões de pessoas em 1° de janeiro de 2025. A marca só foi alcançada graças à admissão de imigrantes, já que o balanço entre mortes e nascimentos no bloco segue no campo negativo, inaugurado em 2012. Desde então, é a chegada de estrangeiros que sustenta o crescimento da população europeia, tendência que se intensificou em 2022 graças aos movimentos pós-pandemia.

Em 2024, mortes superaram nascimentos em 1,3 milhão, enquanto o saldo líquido de entrada e saída de imigrantes foi de 2,3 milhões. No total, cerca de 10% da população europeia é estrangeira e dois terços desse contingente estão distribuídos por quatro países: Alemanha (16,9 milhões), França (9,3 milhões), Espanha (8,8 milhões) e Itália (6,7 milhões). O acúmulo fica ainda mais evidente quando se nota que os mesmos quatro países respondem por 57,8% da população da UE.

Não à toa, o debate em torno do assunto domina o cenário político europeu, com a questão sobre a necessidade crescente de trabalhadores qualificados quase sempre sendo obliterada pelo noticiário relativo à chegada irregular de imigrantes —em tendência de queda desde o ano passado, com o registro de 20% menos detenções na primeira metade deste ano.

Também em números do ano passado, além de 44,7 milhões de imigrantes, a UE abrigava 29,9 milhões de cidadãos de países fora do bloco, ou 6,4% do total. Completam o quadro de deslocados 14 milhões de europeus que continuam morando na UE, mas fora de seu país de origem.

Os números divulgados pela Eurostat nesta sexta-feira (11) mostram ainda que apenas seis países tiveram crescimento populacional sem depender da chegada de estrangeiros: Irlanda, França, Chipre, Luxemburgo, Malta e Suécia; o balanço na Dinamarca foi zero. Por outro lado, as nações com mais imigrantes admitidos foram Malta (18,7 por 1.000), Portugal (13,4) e Irlanda (12,8).

Com 500 mil brasileiros morando em seu território, Portugal experimenta, como diversos outros países europeus, uma ofensiva populista e generalizada contra imigrantes. A votação de um pacote relacionado ao tema, proposto pelo governo Luís Montenegro, foi adiada na semana passada após debates acalorados. Dois deputados do Chega, partido de ultradireita, inflamaram o plenário ao lerem a suposta lista de chamada de uma pré-escola de Lisboa, repleta de nomes de origem árabe ou estrangeira.

Com frequência o assunto extrapola a discussão doméstica e opõe países vizinhos. Na segunda-feira (7), a Polônia instalou postos de controle na fronteira com a Alemanha em medida de reciprocidade, já que a gestão Friedrich Merz intensificou a política inaugurada pelo antecessor, Olaf Scholz, de procurar barrar a entrada de requerentes de asilo e refugiados sem documentos.

A controversa medida, uma afronta ao Tratado Schengen, que determina a livre circulação no continente, foi adotada a partir de um crime cometido por um solicitante de asilo que legalmente não deveria estar na Alemanha. Ainda que vista como inócua por especialistas, a contenção virou bandeira eleitoral do primeiro-ministro conservador.

Na Polônia, a atitude alemã ganhou contornos insuportáveis para Donald Tusk. Além de uma ofensiva da oposição no Parlamento, que busca fazer render a vitória da extrema direita na eleição presidencial, o primeiro-ministro teve que lidar com cidadãos que resolveram controlar a fronteira por conta própria.

O fenômeno já havia sido observado em estradas que ligam Alemanha e Holanda. Ultranacionalistas como Geert Wilders, que derrubou o governo holandês no mês passado ao retirar seu partido da coalizão no poder, estimulam a prática nas redes sociais.

Também fonte de tensão, a rota de imigração irregular pelo canal da Mancha ganhou uma proposta do Reino Unido durante visita oficial de Emmanuel Macron a Londres nesta semana. O governo Keir Starmer quer devolver imigrantes à França na mesma proporção em que admite quem está no país vizinho com potencial de admissão no Reino Unido ou em busca de reunificação familiar.

A estratégia, chamada de “um por um” pela imprensa britânica, já foi utilizada entre União Europeia e Turquia no auge da guerra da Síria, na década passada, que produziu milhões de refugiados. Críticos apontam que ela não funcionou à época e não funcionará agora.

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