São Paulo, 5 de setembro de 2025 – Para James Knightley, economista chefe internacional nos EUAda ING, o payroll de agosto mais fraco que o previsto está aumentando as pressões para que oFederal Reserve (Fed) implemente cortes significativos nas taxas de juros. “Com apenas 22 mil novascontratações, o número ficou abaixo das expectativas de 75 mil, e outros indicadores como aumentodo desemprego, desaceleração dos salários e redução das horas trabalhadas indicamenfraquecimento generalizado do mercado de trabalho”, afirma.
Os setores que mais contribuíram para o crescimento foram educação, saúde, lazer ehospitalidade, respondendo por quase 90% dos empregos criados nos últimos dois anos e meio. “Foradeles, a folha de pagamento mostrou queda nos últimos quatro meses, evidenciando dificuldades entresetores tradicionalmente motores da economia americana. Essa dispersão preocupa quanto àsustentabilidade do crescimento”, continua Knightley.
Ele cita estudos que mostram que a percepção das famílias confirma essa tendência: 62% dosamericanos acreditam que o desemprego vai aumentar nos próximos 12 meses, enquanto apenas 13%esperam redução, um índice de pessimismo que não era registrado com essa intensidade em cincodécadas. “Essa ansiedade prévia reflete o temor por cortes e congelamentos de contratações nasempresas”.
Como o consumo domina cerca de 70% do PIB dos EUA, a combinação entre a pressão dos aumentosde preços provocados pelas tarifas e o receio pela segurança no emprego sugere riscos de queda naatividade econômica. “Isso justifica a expectativa de cortes antecipados nas taxas de juros peloFed, mesmo com o debate interno sobre inflação ainda em curso”, acrescenta.
O especialista da ING cita que há especulações sobre um corte de 0,50 ponto percentual já nareunião de setembro, especialmente diante de possíveis revisões negativas nos dados de emprego doúltimo ano, que indicam um mercado de trabalho mais fraco do que inicialmente reportado. “Aindaassim, a maioria dos membros do Fed, mais conservadores, provavelmente prefere cortes menores, masalguns votos mais agressivos são esperados”.
O Livro Bege do Fed divulgado esta semana reforça essa visão cautelosa, tendo sido o ponto departida para a série de cortes iniciada no ano anterior. “No contexto atual de incertezas sobretarifas e inflação, a expectativa é que o Fed realize cortes graduais neste segundo semestre einício de 2026, com a possibilidade de movimentos maiores dependendo dos dados futuros”, conclui.
Vanessa Zampronho / Safras News
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