SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma disputa entre facções do narcotráfico dentro de uma prisão no Equador deixou ao menos 17 mortos nesta quinta (25), durante uma onda de violência que tem se intensificado no país nos últimos anos.
Segundo o SNAI, o órgão responsável pelas penitenciárias equatorianas, a maioria das vítimas apresentava sinais de facadas e mutilações. A tragédia aumenta para 30 o número de presos mortos em circunstâncias semelhantes nos últimos três dias. Um agente penitenciário também foi assassinado.
As mortes ocorreram na principal penitenciária de Esmeraldas, cidade portuária no norte do país, próxima à fronteira com a Colômbia. Imagens verificadas pela agência de notícias AFP e divulgadas nas redes sociais mostram corpos ensanguentados no chão, alguns deles decapitados.
O centro prisional tem capacidade para 1.100 pessoas, mas, em 2022, já abrigava mais de 1.400 detentos, segundo dados oficiais. Do lado de fora, militares cercaram a área próxima da penitenciária, e familiares e moradores se aglomeravam em busca de informações.
Uma mulher que procurava por um parente contou que desde a madrugada, vizinhos da prisão relatavam barulhos de tiros e gritos. De acordo com ela, militares chegaram a recomendar que as pessoas fossem ao necrotério para ver se seus familiares estavam vivos ou mortos.
Na segunda (22), outro confronto entre detentos já havia deixado 13 presos e um guarda mortos na penitenciária de Machala, cidade costeira próxima ao Peru. Outras 14 pessoas ficaram feridas.
O aumento da violência nas cadeias do Equador reflete a disputa entre organizações pelo controle do narcotráfico. Estima-se que cerca de 500 presos tenham sido assassinados desde 2021 em massacres similares.
Grande parte da cocaína produzida na Colômbia e no Peru, maiores exportadores mundiais da droga, passa pelos portos equatorianos rumo aos Estados Unidos e à Europa. Dados oficiais indicam que 70% da droga que segue para o território americano transita pelo Equador.
A crise de violência se agravou desde 2021, quando o país registrou a maior matança carcerária de sua história, com mais de cem mortos em uma penitenciária de Guayaquil. À época, presos transmitiram ao vivo pelas redes sociais cenas de decapitações e corpos incendiados.
Desde 2024, as Forças Armadas assumiram o controle das penitenciárias, depois que o presidente Daniel Noboa declarou guerra ao crime organizado e decretou situação de “conflito armado interno” para enfrentar cerca de 20 facções ligadas a cartéis internacionais.
Apesar das medidas, a violência continua crescendo. Nos últimos seis anos, o número de homicídios no Equador aumentou mais de 600%.