PT explora verde e amarelo em campanha que associa tarifa de Trump a Bolsonaro

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na carta em que Donald Trump anunciou o tarifaço aos produtos brasileiros deu ao PT, na avaliação do partido do presidente Lula, uma nova oportunidade para disputar alguns dos símbolos mais caros a seus adversários políticos: a bandeira do Brasil e as cores verde e amarela.

O grupo político de Bolsonaro conseguiu associar a seus integrantes as cores nacionais e o discurso de patriotismo —a ponto de presos pelos ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro de 2023 definirem a si mesmos como “patriotas” mesmo nos depoimentos às autoridades competentes.

O PT tem aproveitado agora para colocar em questão o patriotismo bolsonarista. O partido lançou na semana passada a campanha “Defenda o Brasil”, que usa intensivamente as cores da bandeira brasileira.

“Patriotismo não é fantasia de Carnaval. Agora as máscaras caíram. O verdadeiro patriota é o povo brasileiro”, publicou o partido no domingo (13) em rede social junto com uma imagem em que as cores nacionais aparecem em destaque.

“Bolsonaro taxou o Brasil. Correram para os EUA pedindo ajuda e armaram novamente contra o próprio país! Quem defende Trump está defendendo os interesses de fora, não do povo brasileiro!”, afirmou o partido em outra postagem.

O discurso foi adotado por petistas após Trump ter dito na carta em que anunciou a nova tarifa que o julgamento de Bolsonaro no caso da trama golpista é uma “caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE” [a palavra foi escrita em letras maiúsculas no documento original]”.

O anúncio ocorreu após uma campanha conduzida nos EUA pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pressionar o governo americano a adotar medidas que pudessem constranger o STF (Supremo Tribunal Federal) e beneficiar seu pai e aliados com uma anistia ou o fim do processo da trama golpista.

Outros fatores influenciaram a sobretax, como tentativas de regular os negócios das grandes empresas de tecnologia americanas em território brasileiro. Mas os movimentos de Eduardo se sobressaíram no debate público.

De acordo com o secretário de Comunicação do PT, deputado federal Jilmar Tatto (SP), a campanha é em defesa da soberania do país. “Quando se fala em defender o Brasil, é natural ter uma amplitude maior e não colocar a bandeira do PT, mas colocar a bandeira do Brasil.”

Ele menciona a possibilidade de os acontecimentos das últimas semanas influenciarem a eleição de 2026. “Acho que o Bolsonaro, os filhos do Bolsonaro e o Trump estão sendo um bom cabo eleitoral do Lula no ano que vem”, declarou o dirigente do PT.

Bolsonaro e seu grupo político frequentemente acusam petistas de não se importarem com o Brasil e dizem que o vermelho tradicional da legenda indica planos de transformar o país em um Estado comunista.

Não à toa, o slogan “nossa bandeira jamais será vermelha” é comumente evocado por bolsonaristas, inclusive pelo ex-presidente em seu discurso de posse no Palácio do Planalto, em janeiro de 2019.

As tentativas de se esquivar desses ataques e se associar às cores nacionais têm precedentes no grupo político de Lula. Durante a campanha de 2022, por exemplo, o líder petista respondeu diretamente a essas falas em um comício em Florianópolis (SC).

“O Brasil não é partido”, disse Lula na época. “Ele [Bolsonaro] utiliza essa bandeira porque não tem o orgulho que eu tenho de dizer ‘esse é o meu partido’. Essa bandeira é do meu país, e essa bandeira é do meu partido”, disse Lula apontando para bandeiras do Brasil e do PT.

No início de 2025, governistas apresentaram um boné azul com os dizeres “O Brasil é dos Brasileiros”. Era um contraponto ao boné vermelho com a frase “Make America Great Again”, popular entre apoiadores de Donald Trump nos Estados Unidos e que foi usado no Brasil por políticos de direita como o próprio Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Em 2022, o slogan da campanha de Lula, “Vamos juntos pelo Brasil”, era apresentado com a bandeira nacional e as cores verde, amarelo e azul em primeiro plano –ainda que o vermelho também estivesse presente no logotipo.

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